CAPÍTULO 13

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LISA

Humilhada. Violada. Desrespeitada. É assim que me sinto no momento. Depois que Hector foi embora eu não aguentei e gritei, liberando toda minha angustia e dor. Eu precisava fazer essa humilhação me deixar, mas a verdade é que meu grito só serviu para ferir minha garganta e me deixar pior do que já estou.

Hector é um covarde! Um monstro! Ele não sabe respeitar uma mulher. Hoje ele realmente me mostrou que com ele não se brinca, mas a hora dele está chegando. O que ele fez comigo só serviu para me encorajar ainda mais. Agora, mais do que nunca, estou disposta a ir em frente.

Já faz mais de uma hora que saí da casa da minha mãe e comecei a andar sem rumo, meu pensamento não para de relembrar Hector me beijando a força e apertando meus seios que agora estão doloridos. Tudo o que consigo fazer é andar pela calçada de cabeça baixa, derramando algumas lágrimas. Me sinto perdida e totalmente sem chão.

Levanto meu olhar quando esbarro em alguém e assim que reconheço a figura a minha frente eu me jogo nos braços dele que me recebe sem questionar o porquê de eu estar nesse estado. Fecho os olhos quando suas mãos acariciam meus cabelos e mesmo que eu não queira, não consigo evitar e me lembro que Hector puxou meus cabelos com força. Ele podia acariciá-los assim como Fred está fazendo agora, mas ele preferiu puxá-los. Ele preferiu me dar dor ao invés de carinho.

- Lisa o que houve? - seu tom preocupado chega até mim assim que ele quebra o abraço - Quem fez isso no seu pescoço? - seus dedos agora acariciam o local marcado pelo aperto de Hector.

- F-Foi, Hector - respiro fundo tentando me controlar.

- Desgraçado! Minha vontade agora é de matá-lo. Como você aguenta ser mulher de um homem como ele? - seu maxilar trava, assim que seus punhos cerram em raiva.

- Eu não tenho escolha... Ele é quem está pagando os médicos para minha mãe, se não fosse isso eu já tinha me separado a muito tempo e depois daria um jeito de pagar a multa da quebra do contrato.

Quando chegamos na praça, Fred pega delicadamente em minha mão e me leva para sentar em um banco afastado que fica debaixo de uma árvore no final da praça. Quando senti seu toque leve em minha pele, desejei fortemente que ele fosse meu marido.

Sorrio tímida quando Fred prende uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Nós crescemos praticamente juntos e nunca me passou pela cabeça que ele estaria tão bonito assim, ele é lindo não só por fora como por dentro também.

- Lamento por você estar nessa situação - sussurra levando sua mão a acariciar meu rosto, fazendo meus olhos se fecharem com esse gesto de carinho.

Não falo nada, apenas encaro seu rosto perto do meu e agora a essa altura já sinto meu rosto queimar de vergonha, mas a todo custo tento ignorá-lo. Eu só queria receber carinho de alguém agora e quem está aqui me consolando e me ouvindo é Fred, meu amigo de infância que deixou de ser um garotinho para se tornar um homem lindo.

Levo meu olhar a sua boca entreaberta e engulo em seco. Eu queria muito beijá-lo agora. Eu queria provar um beijo que não seja de Hector. Eu queria saber a sensação de um beijo lento e carinhoso, queria sentir a dança calma dos lábios um encima do outro. Fecho os olhos e respiro fundo, aos poucos vou me aproximando mais dele e nossas bocas se unem. fred de imediato não responde, mas depois ele assume o controle e me beija suavemente me levando ao céu. Eu nunca fui beijada assim, ele está protagonizando o melhor beijo da minha vida.

(...)

Passo direto pela mesa do café onde Hector está sentado bebericando aos poucos o líquido preto da xícara. Ontem quando cheguei eu não o vi e agora meu desejo era que isso também acontecesse, mas infelizmente tive o desprazer de vê-lo agora pela manhã e meu corpo todo enrijeceu quando seu olhar gélido parou sobre mim.

- Fique e tome seu café - quando sua voz corta meus ouvidos eu estremeço. Eu queria dar de ombros, mas seu tom de voz chegou me alertando que isso não era uma espécie de convite e sim uma ordem, que ele esperava que eu fosse abaixar a cabeça e acompanhá-lo no café da manhã como uma boa menina faria.

Eu não queria ser essa boa menina submissa, mas eu também não quero ter as mãos dele me machucando mais uma vez, então vou a passos lentos até a mesa e puxo a cadeira para me sentar. A raiva me consome quando vejo seus lábios se repuxarem em um sorriso frio, capaz de congelar até o mais quente dos corações. Mal sabe ele que não vai ser sempre assim. Mal sabe ele que irá cair em minha armadilha e se enroscar em suas próprias palavras cortantes.

- Está com medo de mim,Lisa? - satisfação e divertimento exalam de sua voz.

Minha resposta a ele é dar de ombros. Não quero dialogar com um homem covarde e brutal como ele, então me concentro em tomar meu suco de laranja e comer um pedaço de bolo que peguei, além do mais, ele me obrigou a tomar café e não a dirigir palavras em sua direção.

Pensei que Hector ia cansar de me olhar, mas isso não aconteceu. Desde do momento que me sentei ele mantém seus olhos firmes em mim, me deixando desconfortável. O que ele tanto olha em mim? A marca que ele deixou em meu pescoço? A marca da brutalidade dele? Sei que errei ao desferir um tapa nele, mas não aguentei os insultos que ele direcionava a mim.Vê-lo me humilhando só porque sou pobre me deixou cega de raiva e minha única reação foi bater, mas se eu soubesse que ele fosse me machucar eu jamais faria isso.

Mas ia fazer pouca diferença, até porque Hector não precisa tocar em mim para me machucar, basta que suas palavras pesadas caiam sobre mim. Suspiro aliviada quando ele se levanta da mesa indo a passos largos até seu escritório.

Pego minha bolsa na cadeira ao lado e arrumo a echarpe em meu pescoço, apesar do tempo estar quente vou ser obrigada a usar isso, não quero olhares interrogativos direcionados a mim e muito menos perguntas de pessoas curiosas.

Fora da mansão eu vou caminhando até a primeira árvore da entrada da rua que dá caminho até a casa de Hector. Lá eu encontro fred de óculos escuros encostado em seu carro parado. Assim que seus olhos me capturam ele sorri, fazendo meus lábios também se repuxarem.

Corro na direção dele e quando estamos abraçados sinto meus pés deixarem o chão. Seus braços fortes me prendem junto a ele, enquanto me roda, me fazendo sorrir como uma garotinha no parque. Depois do nosso beijo, Fred ficou acariciando meu rosto ao mesmo tempo que seus lábios gentis sopravam palavras carinhosas para mim. Não nos desculpamos até porque nós dois gostamos.

Selena conseguiu que o amigo dela me contratasse e agora estou indo para lá conhecer meu novo local de trabalho, como Fred trabalha perto eu perguntei se ele poderia me dar uma carona e mais uma vez, ele foi gentil comigo e esperou por mim até que eu fugisse do Hector.

(...)

Olho o slogan da casa noturna e respiro fundo. O local por fora é bem chamativo e os desenhos na parede nos fazem ter a ideia de que lá dentro é o lugar certo para os homens se divertirem. Não é à toa que todas as dançarinas tem que exalar sensualidade pelo poros e eu também terei que ser como elas.

- Como pode ver, aquele espaço ali é para a realização de pole dance - Mike aponta para um palco do lado direito - E aquele lá é para danças sensuais que não sejam o pole dance.

Esse lugar deve lucrar horrores. Cada detalhe escorre luxo e perfeição o que se torna ótimo para mim. Hector com seu ar de bilionário irá adorar esse lugar, sendo sincera eu acho que deve ter vindo aqui algumas vezes. Saio dos meus devaneios quando algumas dançarinas passam por mim e me cumprimentam com um sorriso acompanhado de um aceno de mão.

- Vou ter que usar roupas iguais às que elas estão usando? - aponto para as dançarinas que batem papo animadamente.

- Sim, esse é o protocolo da casa...

- Tudo bem... Bom, Selena já deve ter te falado que vou ser a dançarina mascarada, certo?

- Sim ... Isso é uma ótima ideia, você será um grande sucesso. Os homens vão se jogar aos seus pés.

Sorrio envergonhada com seu comentário, mas ao mesmo tempo ganho mais confiança. Não quero homens se jogando aos meus pés e sim um em específico, mais precisamente Hector Lonnie.




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