CAPÍTULO 7

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L I S A

Continuo olhando para Hector, esperando que ele fale que está apenas brincando ou querendo me deixar envergonhada. Não vou dançar para ele, sendo sincera nem sei porque isso passou pela cabeça dele ....

- Não vou fazer isso, estou cansada, quero tomar banho e dormir.

- Ah, mas é claro que está cansada, você estava rebolando até agora naquele muquifo que você dá aulas e quando chega em casa se nega a dançar para seu homem.

Fecho os olhos e respiro fundo. Odeio quando Hector fala desse jeito, as palavras dele mostram o quanto ele tem aversão a pessoas pobres e me pergunto o que ele não deve falar de mim. Com tanta mulher rica por ai eu fui a única pobre azarenta que caiu nas garras de um homem machista e egocêntrico. Héctor acha que só porque é meu marido pode me fazer de gato e sapato, mas eu nunca vou me sujeitar a isso .

- Eu não te entendo, você desprezou minha arte e agora está aí querendo que eu dance para você, mas isso não vai acontecer. - lhe dou as costa para subir o mais rápido possível as escadas.

Hector é um babaca! Maldita noite em que aceitei beber aquela taça de vinho, se eu estivesse em casa naquela noite, agora eu não estaria aqui casada com um idiota e minha mãe não teria caído para estar lá deitada na cama de um hospital. É tudo culpa minha! Eu sou a única culpada por minha mãe estar em coma.

Quando saio do banho me jogo na cama enrolada em um roupão e choro ao pensar que tudo podia ser diferente, Hector podia pelo menos tentar ser um cara gentil, talvez assim a vida de ambos seria mais fácil.

Mas isso está longe de cogitação, Hector sente prazer em me infernizar, posso ver a diversão em seu seus olhos toda vez que ele se aproxima de mim e eu me odeio por ficar acuada com nossa proximidade.

Queria ser forte e tão fria quanto ele, mas essa não é minha natureza, minha mãe me ensinou a ser gentil com todo mundo, por esse motivo não consigo tratar Hector do mesmo jeito arrogante que ele me trata. Me sinto uma idiota quando ele vem cheio de autoritarismo para cima de mim. Só Deus sabe o quanto eu quero gritar para o mundo o quão desprezível Hector é.

Mulheres se jogam ao pés dele, me pergunto o quão desesperadas elas devem estar atrás de um ar masculino, mal sabem elas que o que Hector tem de bonito é apenas a aparência, por dentro ele é sombrio e seu coração é rodeado de espinhos que se prontificam a machucar as pessoas que ousam a se aproximar.

(...)

Quando tomo meu lugar à mesa para o café não ouso em olhar para Hector, apenas cumprimento um rapaz que pelo que me parece deve ser muito íntimo dele.

- Você é muito bonita, Lisa - Sorrir em minha direção.

- Obrigada... - agradeço sentindo minhas bochechas corarem.

Hector continua a fazer seu desjejum em silêncio, mas sinto o peso do seu olhar sombrio sobre mim. Decido encará-lo e fico surpresa por ver que hoje ele não está vestindo um terno caro e sim uma rouba que me parece ser mais despojada. Ohando assim ele parece ser um homem normal e agradável, mas é só ele abrir a boca que essa impressão some assim como cinzas ao vento.

- Vamos à uma vieira em uma das propriedades de Hector, você quer ir?

- Muito obrigada pelo convite, mas tenho que trabalhar....

Vejo Hector revirar os olhos e seu peito subir e descer em um suspiro pesado, mostrando o quanto ele desaprovou isso, mas eu já falei que não será ele a me impedir de fazer o que amo.

- Você não vai trabalhar, suas despesas sou eu quem banca, então não tem necessidade de você continuar com essa palhaçada.

Finjo não ter escutado mais um dos absurdos que saiu de sua boca e pego minha bolsa na cadeira ao lado, me prontificando a ir trabalhar. Hector vai se cansar de tentar fazer com que eu pare de trabalhar, eu já deixei bem claro que não quero nada que venha do dinheiro dele a não ser as despesas do hospital e o gasto dos fisioterapeutas quando minha mãe acordar.

Tudo Começou Com Uma Taça De Vinho #1 Onde histórias criam vida. Descubra agora