• O amor,o medo e a assassina de tristezas •

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O amor sempre foi um sentimento diferente para mim

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O amor sempre foi um sentimento diferente para mim.

Ele não é como os outros sentimentos, mas pode estar em todos correndo e assumindo formas feito água.
A água serena de uma chuva primaveril,a tempestade de verão,o tsnunami que começa nas praias,as ondas calmas que criam música aos nossos ouvidos.

Ícaro e eu paramos de rir simultaneamente, e o espaço de nossas risadas foi preenchido pelo nosso silêncio agradável. Eu fiquei encarando seus olhos amêndoas e nenhuma resposta esperta ou sarcástica escapou da garganta. Eu estava absorta no fato de ama-lo tanto e de todas as formas possíveis.

Agora percebo o quanto meu "sou apaixonada por você" foi vazio e sem sentido para Connor.

- Lizzie?

- Oi.

- Acho melhor a gente pedir pizza. - ele solta risada,limpando as mãos no avental.

- Sério? Você acha? - pergunto,sarcástica.

Ross abre a boca pra revidar a pergunta mas seu celular toca,faz um gesto de espera com a mão e atende.

- Tá bom molequinho,já to chegando,beijo.

- Tudo bem?

- Uhum,só tá um pouco tarde e meu caçula acabou de chegar da casa do pai.

- Ah,então você precisa ir. - faço carinho em seus ombros - eu peço a pizza e cuido de tudo,fica tranquilo.

- Tem certeza Lizzie?

- Tenho,pode deixar.

Eu sei que ele está me escondendo algo,seus olhos não encaram os meus com muita franqueza e sua voz parece um pouco aguda. Decido não perguntar,a noite foi bem cansativa,amanhã conversamos sobre isso.

Beijo sua boca e abro um sorriso tranquilizador.

- Vejo você na Valentin ok?

Ícaro assente,sua expressão está tão angustiada que dói em mim.

- Ok,dorme bem.

- Você também amor.

Ross me dá as costas e pega o casaco em cima do sofá,ele sorri de um jeito tímido e fecha a porta.

Sento no sofá,sentindo um peso de concreto no peito. Se amor é como a água, meu maior medo é que as ondas calmas se transformem em um tsunami de olhos amêndoas.

Ligo a TV baixinho e fico assistindo clipes de música,me distrai um pouco,mas as feições angustiadas de Ícaro rondam minha cabeça. Eu sei que ele desconversou pelo o que aconteceu com meu pai hoje. Sei que está tentando me poupar.
É egoísta,mas incrivelmente bom saber que alguém deseja me poupar de alguma coisa,sempre enfrento tudo o tempo todo,e no final eu fico tão exausta..
Não quando estou com Ícaro,claro,ele possui uma doçura quase imatura nos gestos,mas os olhos..meu deus eu poderia viver pra comtempla-los. Tenho coragem de fazer qualquer coisa ao lado dele,pular de paraquedas ou experimentar comida tailandesa.
A Elizabeth de antes acharia impossível estar tão caída por alguém,principalmente em Ross. O popular duas caras que tirava minha alegria e agora é o protagonista dela.

É assustador.

A campainha toca.

Levando relutante e tiro o cobertor das pernas,assim que a porta se abre me lembro que em um filme pode haver mais de um protagonista.

‐ Eu fiz bolinhos! - Cyntia exclama,sorrindo de orelha a orelha.

- Eu comprei pizza,por que alô? Quem tem paciência de cozinhar? - Lauren mostra as covinhas,o cheiro agradável invade minhas narinas. Humm.

- Que bom que estão aqui. - afirmo,e não poderia ser mais sincera.

- Acabamos de sair da festa do Joe,parecia um velório Lizzie. - a líder de torcida revira os olhos.

‐ Só porque não tinha bebida. - Cyntia balançou a cabeça e depois voltou os olhos pra mim - A gente soube do seu pai,sinto muito amiga,eu sei que bolinho não ajuda muito mas..

- Ah Cynt é claro que ajuda! - digo,afetuosa - muito obrigada,de verdade.

- Vai menosprezar minha pizza comprada é isso mesmo?

Solto risada.

- Quem em sã consciência menosprezaria pizza? - levando a sobrancelha - valeu Lauren,você é demais.

- Disponha amiga.

- E se vocês não entrarem agora vão morrer de hipotermia.

- Ela tem super razão. - concordou Cynt,tremendo os lábios pintados de batom.

Dou um passo pra trás e as duas soltam um suspiro de alívio,a lareira está acesa e as cortinas vinho deixam a sala mais aconchegante.

- Adoro sua sala de estar,tão quentinha.

- Então Lizzie,conta pra gente. - Lauren afunda no sofá e prende as madeixas num coque.

- Ah meninas - suspiro - problemas de sempre.

- Não tem nada que possa fazer pra ele melhorar? - Cynt pergunta.

- Sim,deixá-lo dormir por vinte e quatro horas seguidas e fazer a comida. - respondo com uma pontada de amargura.

Desde os meus doze anos papai enfrenta o confinamento,e durante esses anos tentei de tudo : sugeri piscologos,terapia,mudar de cidade,começar a sair com alguém..
Ele se esforçava no início,mas depois de algumas semanas voltava ao seu estado depressivo. O mais longe que já conseguiu chegar foram os três meses no curso de culinária.
Eu entendo que não é culpa dele,que se trata de uma doença terrível,e eu entendo do meu mais profundo âmago o quanto a tristeza pode ser assustadora,e o medo que as vezes sinto quando estou desolada é o medo que papai sente todos os dias.

Eu queria ter o poder de assassinar problemas e tristezas.

- O que a gente pode fazer Lizzie? - Lauren acaricia minha mão,despertando meus pensamentos.

Abro um sorriso melancólico.

- Só não me deixem sozinha.

- Nunca Lizzie Bennet,nunca. - Cyntia beijou minha bochecha e abraçou meu corpo. Contive a vontade de desmoronar em lágrimas.

- Noite das garotas,é hoje amores! - Lauren sacode a cabeça,fazendo uma dancinha engraçada.

Solto risada enquanto as duas discutem entre As Branquelas e 10 coisas que eu odeio em você.
Sinto meu coração quente e confortável batendo no peito.

Não estou nem um pouco sozinha.

Eu amo a todos eles,Cyntia,Lauren,papai,eu mesma e Ícaro Ross.
E pelo menos durante essa fração de segundo,não sinto uma gota de medo.

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