• Lar doce lar,fotos secretas e bodas de gente rica •

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Faz apenas alguns dias que nos mudamos,mas já me sinto parte deste lugar

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Faz apenas alguns dias que nos mudamos,mas já me sinto parte deste lugar.

Eu gostava bastante dos dois andares da antiga casa,e a sala que era maior,mas ainda assim existe um sorriso constante no meu rosto,posso desapegar de escadas escorregadias,somos apenas eu e o Senhor Bennet,também não precisamos de uma sala gigante.

Precisamos apenas um do outro e boas máquinas de café.

Minhas amigas foram fundamentais nos primeiros dias de arrumação,Mike também,é inusitado como somos próximos agora,a antiga Elizabeth jamais conceberia a idéia de trocar mais que duas palavras com ele.

Admiro seu avanço,porque sinceramente,eu não acredito que as pessoas possam mudar,acredito que possam evoluir,os instintos ruins e difíceis nunca deixarão de existir,mas serão tão ignorados e combatidos que perderão a força de ser uma ameaça.

Suspiro,amaciando o cabelo no travesseiro,é frustrante ser puxada para as lembranças em que Ícaro é o meu sonho de verão,é frustrante me frustrar tão avidamente por ele.

Apaguei todas as nossas fotos do celular,sou extrema em todos os meus esquecimentos,mas não sou forte o suficiente: ainda guardo uma única foto,seu rosto não aparece direito, foi no dia em que fugimos para a praia,tirei a foto enquanto ele estava dirigindo,de perfil,exibindo o nariz perfeito,o canto dos olhos mais claros e o maxilar magro.
Empurro às lágrimas para dentro da garganta,Ícaro está com um sorrisinho tímido no rosto,ele me flagrou de soslaio tirando sua foto,mas continuou dirigindo com concentração.

Solto um riso tímido,ele fica tão absurdamente bonito quando está concentrado.

Ah Ross,sinto tanta falta dessa sua maldita cara que chega a ser estúpido.

É uma aflição constante saber que ele está pela Valentin,pisando nos corredores e anotando palavras em cadernos,que está respirando,pensando,vivendo a alguns metros de mim.
As vezes permito que meu coração enlouqueça por alguns instantes e sigo suas costas até qualquer virada de corredor,protegida pela multidão de alunos,minha garganta coça para chamá-lo,para gritar seu nome,mas nunca o faço,é parte do acordo que fiz com a minha dignidade.

Ele não anda mais com pessoas que não lhe acrescentam nada,ele vaga sozinho pelos cantos e sua única ligação real é com Mike,quase cedo ao impulso de mandar mensagem no meio da madrugada,quase cedo a vontade de puxá-lo para mim sem pensar nas feridas que ele causou.

É sempre quase,deslizes e instintos de um corpo marcado por outra pessoa,de um corpo que não esqueceu.

Mas outras memórias tomam o lugar da saudade, palavras e gestos que são como espinhos sem rosas para compensá-los.
Como nas vezes em que ele entrelaçou nossas mãos e me conduziu para longe dos corredores principais,quando dava a desculpa de que queria me beijar de maneira indecorosa e não podia fazer isso na frente dos invejosos,como nas vezes em que nos despediamos para as aulas no estacionamento,como nunca andávamos de mãos dadas entre nossas salas porque ele estava sempre tão atrasado que precisava andar depressa,as várias vezes que almoçamos em lugares diferentes,porque ele sempre tinha um piquenique surpresa,um lanche inusitado fora da vista de todo mundo..

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