69

61.8K 4.3K 1.1K
                                    

Marília 💫

Menor: Deixa ele ter o tempo dele, Mari...- Beijou minha cabeça.

Mari: Por que ele foi inventar de se meter nisso? Como isso aconteceu, primeiramente?

Menor: Ele tava pulando as lajes e matando os cu azul e ele foi pular uma e eu tava no beco, eu vi o polícia mirando nele e chamei por ele. Mas aí o filho da puta do bota, já tinha puxado o gatinho, foi de raspão tá ligada? Mas o Leandro caiu no chão e isso fodeu tudo.

Mari: Esse morro nem é dele pra ele querer pagar de herói...- Olhei pra cima, controlando a minha respiração.

Menor: Vai pra casa, descansa. Pode deixar a dudinha lá em casa se quiser passar a noite sozinha com ele. Ele só precisa de calma e paciência. Ele vai pra casa já já.

Respirei fundo e ele sorriu fraco e eu balancei a cabeça.

Mari: Obrigada! - Falei abraçando ele mais uma vez e passei por ele, indo em direção a saída.

Ele pediu pra um menino me deixar na casa da minha mãe e assim se fez, cheguei e a Eduarda já dormia tranquilamente.

Conversei um pouco com minha mãe e ainda tentei controlar o turbilhão.

Deixei a Duda ali e ela pediu pra outro vapor me deixar em casa, cheguei já vendo o carro do menor parado ali.

A porta estava aberta, olhei pra alguns meninos ali e eles me olharam balançando a cabeça.

Menor: Tem paciência com ele, só isso...- Falou passando por mim.

Mari: Vou ter...- Sorri fraco, vendo ele fechar a porta.

Subi pro quarto, vendo o Leandro deitado, porém fazia movimentos como se tentasse levantar.

Encostei na porta, vendo aquilo e um aperto no meu peito se instalou, em ver ele ali e eu não poderia fazer nada.

Uma fraqueza me atingiu e eu pela primeira vez, após vários anos me permitir chorar de verdade, enquanto olhava pra ele.

Ls: Marília? - Olhou pra mim e eu coloquei a mão no rosto.- Vai tomar no cu, mano.

Mari: Vai você, seu merda...- Xinguei com voz de choro, sentindo minha garganta doer.

Ls: Vem cá, caralho. Porra...- Falou em um tom que eu não reconheci, mas caminhei até ele.

Mari: Não faz assim...- Sussurei, olhando pra ele esfregar o rosto com força.

Ls: Tu tá chorando mano, vai pra casa do caralho...- Eu ri nervosa, deitando a cabeça no peito dele.

Mari: Para de me xingar por favor...- Falei sentindo o cheiro dele.

Ele passou a mão no meu cabelo e eu chorei mais, me encolhendo em seu lado.

Alguns minutos assim, eu escutei o Leandro fungando o nariz e eu tive certeza que ele tava chorando, quando ele me apertou mais forte.

Não olhei, nem me mexi, apenas continuei chorando em seu colo, pois naquele momento ele precisava de mim tanto quanto eu precisava dele.

▪▪▪
+100

Entre O Tráfico Onde histórias criam vida. Descubra agora