Heitor acordou no meio da noite por conta de um pesadelo e nem sequer precisou abrir os olhos para perceber que Catarina não estava ao seu lado. Ainda assim, checou o lado dela da cama com a mão para confirmar e a encontrou vazio.
Ele passou a mão pela testa que suava, estava com uma sensação ruim no peito, certamente por causa do pesadelo, e abriu os olhos. Sentou na cama e esperou alguns segundos o seu corpo e a sua cabeça se estabilizarem. Pegou água da jarra que sempre ficava na cabeceira de sua cama, colocou em um copo e tomou um pouco.
Em seguida, após despertar, levantou e foi procurar Catarina. Nem precisou pensar por muito tempo para deduzir onde ela estava porque toda vez que sumia no meio da noite era pra voltar pro seu quarto.
Geralmente, fazia isso quando estava irritada com ele, o que não era o caso aquele dia porque eles não tinham brigado - e não lembrava de nada de errado que tivesse feito - ou quando precisava pensar ou quando queria ficar sozinha. De qualquer forma, ele sempre ia atrás dela, mesmo que fosse apenas para perguntar se estava tudo bem ou se precisava de algo.
Abriu a porta do quarto e passou os olhos pelo lugar. Encontrou Catarina sentada em uma cadeira, debruçada sobre a mesa, perto da janela. Heitor suspirou, entrou no quarto, fechando a porta, e caminhou até ela.
Tocou levemente em seu ombro, mas Catarina nem sequer se moveu, provavelmente tinha adormecido enquanto trabalhava em algo. Heitor se abaixou um pouco, colocou um dos braços dela por seu ombro, enquanto envolvia as costas e as pernas com os seus braços. Devagar, quase como se estivesse tirando uma criança, a tirou da cadeira e a levou até a cama.
Catarina ainda se moveu um pouco, mas não despertou totalmente. Heitor pegou um cobertor e colocou em cima dela, fazendo carinho no seu rosto antes de voltar para perto da mesa. Ele sentou na cadeira que ela estava momento antes e começou a revirar os papeis. A maior parte das coisas eram sobre Hélio: informações, possíveis parceiros, últimos paradeiros, fotos, teorias.
O coração de Heitor se apertou no mesmo segundo não apenas por lembrar daquela possível ameaça como também por saber o quanto aquilo era ruim e a estava machucando. Ele continuou folheando os papeis e viu que ela também estava investigando sobre Otávio, e até cogitando a possibilidade dos dois estarem trabalhando juntos.
Heitor se afastou dos papeis e suspirou.
- Eu sinto tanto por você ter que passar por isso de novo. - disse para si mesmo, lembrando o quanto ela já tinha sofrido por aquelas mesmas coisas anos antes.
- Não é culpa sua. - responde Catarina, e Heitor a encara. Ela estava deitada de lado, na cama, olhando fixamente pra ele. - Não precisa se culpar.
- Tudo que Hélio fez na vida foi para me atingir e para tentar conseguir esse cargo, então acho que isso é responsabilidade minha sim.
- Não, existem pessoas ruins em todo lugar.
- Você acha que... - Heitor para de falar e respira fundo antes de continuar: - ele voltou a tentar me atingir por eu ter cortado relações? Digo, depois que eu o perdoei, ele pareceu mesmo melhor, mas aí... agora ele volta com isso, fico pensando que foi por causa das minhas palavras.
Heitor nem sabia direito o que pensar com relação a isso. As coisas estavam indo bem, ele não tinha mais contato nenhum com seu irmão, quando recebeu uma carta anônima que dizia para ele começar a se preparar pra enfrentar seu irmão de novo e para tomar muito cuidado.
Jamais iria confiar cegamente em uma carta anônima, mas também não poderia simplesmente ignorá-la, então começou a investigar e descobriu que seu irmão tinha vendido a empresa e sumido. Depois soube que ele tinha tentado entrar em contato com alguns nomes importantes do vale para conseguir aliados.
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5 - Sobre Meninas e Recomeços
Novela JuvenilLIVRO 5 Sinopse: "A vida é um ciclo contínuo, onde as coisas começam e terminam, onde perdemos e ganhamos. Não é possível parar ou voltar, é preciso sempre seguir em frente. Na última parte da história, os personagens terão que aprender, mais do que...