Capítulo 38

4.9K 684 649
                                    


----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

                Alguém passa pela porta do escritório, assustando Catarina e tirando-a de seus pensamentos. Ela deixa a caneta de lado, para se acalmar e olha no relógio, tinha perdido a noção de quanto tempo havia ficado fazendo aquele relatório.

– Eu sinto muito. – Diego diz, assim que percebe o susto que causou a ela, e só então Catarina o encara.

– Está tudo bem, eu que me distraí totalmente fazendo esse relatório. – Ela responde e, agora o analisando melhor, percebeu que tinha flores em suas mãos.

– Eu deveria ter batido. – Ele diz, mais uma vez, e Catarina decide nem perder tempo debatendo porque Diego dificilmente aceitaria não pedir desculpas.

– Está tudo bem? Heitor já voltou?

– Ainda não, só vim porque chegou isso. – Diego diz e levanta as flores levemente.

– Poderia colocar junto com as outras coisas que Alice recebeu, por favor?

Desde que sua filha tinha sido apresentada, oficialmente, para a população como filha legítima e herdeira do vale, ela recebia muitos presentes das pessoas. Era algo que todos já sabiam e já comentavam, mas ninguém nem sequer tinha colocado os olhos em Alice e, depois que tinham feito, não paravam de mandar coisas pra ela. Catarina ficava muito feliz pelas pessoas terem gostado tanto dela, era um problema a menos.

– São para você, na verdade. – Diego acrescenta, e ela fica perplexa.

– De quem? Do Heitor?

– Não, de alguém do vale.

Catarina levanta da cadeira imediatamente e caminha até Diego. Ela pega as flores de suas mãos e também um cartão. Era simples, assim como as flores, mas ela ficou animada e tratou logo de abrir:

"Querida senhorita Dorkein, meu nome é Eunice, tenho 15 anos. Queria dizer que, desde o seu discurso sobre o atentado de Heitor, eu a admiro muito. E sei que nem todos pensam assim, mas acredito que será uma excelente primeira-dama."

– Nem todos? Eu diria que só você pensa algo assim sobre mim. – Catarina diz e solta um suspiro, triste pelo pensamento, mas feliz pelas flores.

– Eu não teria tanta certeza assim se fosse você. – Diego diz. – Eu tenho ouvido muitas coisas boas sobre você no vale.

– Sim, e eu tenho recebido muitas cartas ruins ao decorrer dos meses. Essa é a primeira boa. – Ela respira fundo. – Mas isso não importa. Quando pretende viajar? Se não tiver problema em falar.

– Daqui a dois dias, no máximo.

– E vai ficar quanto tempo dessa vez?

– Algumas semanas. – Diego responde. – Mas acredito que, depois que voltar pra cá, será em definitivo. Chega de ficar nessa vida de viver em dois lugares.

– E você tem certeza que esse é o lugar que quer viver? – Catarina pergunta. – Você realmente pensou bem antes de tomar essa decisão?

– Uau... – Ele começa, um pouco surpreso. – A senhora quer me dizer algo?

– Oh, não, claro que não! – Ela responde, imediatamente.

Na verdade, sim, tinha muitas coisas que ela gostaria de dizer, mas Diego nunca se meteu na vida dela, nunca nem sequer fez um comentário sobre coisas pessoais, aquele era provavelmente um limite que ele gostava de manter e ela não iria quebrar isso.

5 - Sobre Meninas e RecomeçosOnde histórias criam vida. Descubra agora