Capítulo 39

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                Christian saiu da diretoria da faculdade e foi logo em direção a sala de Sophia, iria se oferecer para dar uma carona para ela. Empurrou o carrinho com as crianças pelo corredor, mas nem precisou chegar até sua sala para encontrá-la: Sophia estava parada há alguns metros dele, ela estava parada com um dos braços ao redor de Diego, os dois conversavam com duas mulheres, uma era a Roseli e a outra ele não reconhecia.

Imediatamente se sentiu desconfortável. Primeiro que nem sabia que Diego tinha voltado ao vale e segundo que os dois pareciam muito próximos, quase como um casal. E um casal feliz porque Sophia parecia feliz e animada enquanto conversava.

Seu primeiro impulso foi dar meia volta e sair dali, mas pensou que seria um constrangimento muito maior se eles virassem e o vissem ele indo embora. Christian estava com um carrinho duplo de bebê, não conseguiria sair sem chamar a atenção. Então, ao invés ir embora, caminhou até eles.

A medida que se aproximava, percebia que não era apenas Sophia que estavam animada, todos eles estavam. A conversa deveria estar boa.

– Olá. – Christian interrompe, e todos o encaram.

– Oi. – Sophia diz, parecendo surpresa.

– Olá, Christian. – Diego diz e abre um sorriso tímido. Christian odiava esse sorriso tímido dele. Se estava com vergonha de sorrir, então era melhor ficar sério.

– Oi. – Roseli diz. – Você já conhece a minha mãe?

Christian encara a senhora que estava ao lado dela. Ela já parecia ter uma idade avançada, uns 50 anos ou mais, mas era muito bonita, exceto pela marca que havia em seu rosto. Seu rosto lhe soou muito familiar, mas, ao mesmo tempo, ele tinha absoluta certeza que nunca a tinha visto na vida. Nunca iria se esquecer se visse uma senhora tão bonita com uma cicatriz tão grande no rosto.

– Nunca tive esse prazer. – Christian responde, solta o carrinho e estende a mão. – Sou o Christian, senhora Montinelle.

– O prazer é todo meu. – A mulher responde e o encara por alguns segundos. – Você é o filho do Joaquim.

– Conhece o meu pai?

– Se eu conheço o antigo representante do vale? Claro, todos o conhecem.

– Roseli me disse uma vez que a senhora é médica. Gostaria de dizer que as portas do hospital daqui estão abertas para você.

– Oh, não! – A mãe de Roseli responde, negando com a cabeça. – Eu não posso me mudar. E só vim agora porque estava morrendo de saudades da minha filha e estou aqui porque queria conhecer o local que ela trabalha, mas não pretendo ficar muito. Contudo, agradeço pelo convite. – Christian abre um sorriso gentil. Por algum motivo, gostou dela. – Vamos, querida? Meu trem sai daqui há três horas e eu ainda gostaria de preparar um almoço antes.

– Claro, mamãe. – Roseli responde e parece ficar triste imediatamente, provavelmente por lembrar da partida de sua mãe. – Tchau, pessoal. E, Diego, mande lembranças a Heitor por mim, diga que espero que tudo esteja muito bem com ele.

– Eu direi. – Diego responde e estende a mão para ela. Assim que Roseli a segura, ele a beija.

Christian engole em seco, tinha perdido o habito de beijar a mão das mulheres ainda na infância, provavelmente isso era uma falha em sua etiqueta.

– Foi um prazer te rever, Diego. – A mãe de Roseli diz. – Eu sempre gostei muito de você mesmo que tenhamos nos encontrado poucas vezes. Sabe disso, não é?

5 - Sobre Meninas e RecomeçosOnde histórias criam vida. Descubra agora