Capítulo 15

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Dedicado a Naty,

que sente tanto amor pelo Mau que precisa, desesperadamente, de qualquer sinal de evolulção. Difícil, mas não custa ter esperanças. 

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                Mau desce as escadas com mais uma caixa, aquela estava mais pesada que as três anteriores, mas o lado bom era que a mudança já estava quase no fim. Eles estavam se mudando, definitivamente, para a casa do representante e, embora não fosse levar nada além dos itens pessoais, tinha muita coisa.

Mau sai de casa, passando por Eduardo e Raul que estavam na varanda, e coloca a caixa em cima da carroça. Ele respira fundo para recuperar o folego.

– Por que vocês estão aqui? – Mau pergunta. – Nem estão fazendo nada.

Tanto Raul quanto Eduardo o ignoram e apenas continuam sentados, aparentemente também pareciam cansados. Mau suspira e vai sentar perto deles. Se os dois preguiçosos estavam descansando, ele também poderia. Eduardo estende uma garrafa de água, e ele aceita, tomando um longo gole.

– Está triste por se mudar? – Raul pergunta, e Mau demora alguns segundos para perceber que se dirigia a ele.

– Não muito. – Mau confessa. – Essa casa me lembra muito o Eric, talvez seja bom ir embora. A Ana que parece muito triste.

– E por que ela precisa ir, então?

– Eu sou o representante agora, preciso ficar na casa do representante e ela quer todo mundo junto.

– Por falar nisso, acham que é uma boa ideia eu me mudar para lá também? Porque eu não quero ser um incomodo.

– Por que você será um incomodo se foi nós mesmos que convidamos?

– Lobo Mau está certo, Raul. – Eduardo se mete. – E eu acho uma ótima ideia. Aqui não é como era na Sociedade, onde as casas eram próximas e vivíamos praticamente juntos, tudo é muito espalhado, será importante você ficar por perto.

– Sim, porque Anabel quer ficar perto de Miguel para cuidar dele e eu também quero, sabe o quanto eu o amo. – Mau diz, e Raul assente.

– Eu entendo, foi o principal motivo pra eu ter concordado. Eu não fico tanto por perto por causa do trabalho e talvez não saiba criar ele direito sozinho.

– Eu tenho certeza que você tem capacidade para criar ele sozinho, Raul... – Eduardo diz, mas Mau não concordava muito com isso. Criar uma criança era bem difícil. – Mas o ponto é que você não precisa fazer nada sozinho.

– E já perdemos muita gente. – Mau continua. – Precisamos ficar juntos.

Raul assente.

– Eu não sei como agradecer vocês por tudo isso. Sabe, por não me deixarem passar sozinhos. Eu não sei o...

– Pode parar. – Mau o interrompe. – Eu não gosto de você ser tão sentimental. Ainda nos odiamos.

Raul abre um sorriso que estica todo o seu rosto. Mau e Raul tinham tido um começo de relação muito difícil, onde nenhum dos dois sequer se suportavam. Essa barreira começou a se desfazer depois da morte da Jane, afinal, os dois tinham perdido alguém que amavam e, por conta disso, começaram a não só se suportar e desenvolver uma boa relação como também a se preocuparem um com o outro.

Mau, por exemplo, começou a se sentir muito responsável por Raul, queria muito proteger a vida dele. Já que Jane tinha morrido para salvá-lo, sempre sentiu que precisava fazer aquele sacrifício valer a pena pelo tempo que fosse possível. E tinha a sensação de Raul sentia algo bem parecido por ele. Os dois podiam até não se gostar no começo e também houve a época em que os dois queriam se matar por conta das armações de Clarisse, mas agora sabiam que precisavam zelar um pelo outro.

5 - Sobre Meninas e RecomeçosOnde histórias criam vida. Descubra agora