Antonella

64° ANTONELLA

Acordei com um filho da puta batendo na cela, já acordei puta, eu e a Mand, fomos pro banheiro, tomei banho escovei os dentes, todas olhavam pra gente como se a gente fosse um monte de bosta.

xxx: é aquela ali? - olhei pra trás e tinha umas três olhando pra mim e rindo.

Mand: primeiro dia né, é foda tem ter moral aqui coisa que a gente não tem.

Sasá: ainda não fia, mas segura aí que as três tão vindo.

xxx: então tu que é Antonella Andrade? - confirmei. - cuidado em elite.

Antonella: cuidado porque? - dei risada. - vai me bater? Me roubar? Ah já sei, vai me sequestrar e pedir resgate? - umas meninas riram, elas ficaram puta. - vo dizê colega, aqui eu não sou da elite, sou apenas uma minha que digamos que fez coisas muito erradas e que não se arrependeu.

xxx: aé elite? - gente tô amando os apelidos, patricinha, criança, elite, patroa, preta, primeira dama falta mais qual? - e quais os crimes? Estourou o limito do cartão do papai é? - riu.

Antonella: bom vou falar os mais bobinhos, tráfico, roubo de carro, homicídio, tentativa de homicídio, assalto a banco e uns outros aí. - dei risada e virei.

xxx: se eu fosse você eu tomaria cuidado aqui dentro. - segurou meu braço.

Antonella: se eu fosse tu, eu abaixa a porra da cabeça pra passar por mim, aqui eu não tenho nada a perder fofinha assinar mais um 121 pra mim é mole mole. - peguei a cabeça dela e meti na pia, quebrei o nariz dela, num é que as aulas de luta de Dubai serviram pra alguma coisa.

Lana: algum problema aqui? - a mina chegou cheia de marra.

Antonella: não, a colega aqui só escorregou e bateu o nariz na pia. - ajudei ela levantar e sai com as meninas.

Sasá: tu é louca menina? - ela riu. - primeiro dia já afronta as outras.

Mand: se ela abaixar a cabeça é pior. - voltamos pra cela, arrumei as coisas e fomos tomar café, pensa numa comida ruim, slc nem cachorro de rua com isso mano.

xxx: tá com fome não? - uma mina de cabelo curto sentou do meu lado. - prazer Any.

Antonella: Antonella, Sabrina e Amanda. - ela ficou conversando um tempão com a gente, explicou como funciona tudo aqui dentro, mostrou os grupinhos que tem aqui dentro.

Any: e tu tem namorado magrinha? - novo apelido recebido com sucesso.

Antonella: tinha, - ela sorri.

Any: terminou porque? - me encarou.

Antonella: era dono do morro, varia puta em cima.

Mand: tu é boba em colega, nunca daria meu macho de graça pra essas urubu. - rimos.

Any: aaah então temos uma magrinha primeira dama. - confirmei e ela aplaudiram.

Lana: Any menos, por favor.

Any: desculpa gostosa.- ficamos falando da vida amorosa de cada uma, a Any gostava de mulher. - a eu gosto de ppk desde sempre acho, isso não é uma coisa que a gente escolhe entende?

Antonella: e como tu veio parar aqui? - ela me encara e sorri, tá o jeito que ela me encara me deixa sem graça.

Any: simples lindinha, me assumi com dezoito anos pra minha mãe, ela não me aceitou e me expulsou de casa, pra quem é porra louca e sem casa qual é o caminho mais fácil? Exatamente eu fui trafica, com o dinheiro que eu ganhava dava pra pagar um quarto e uns hot dog, até o dia que me pegaram, e hoje tenho uma cama, comida, roupa lavada e na moral não sinto nem falta lá de fora.

Sasá: tu pegou quanto tempo?

Any: peguei 15 anos e vocês?

Sasá: eu peguei 15 também a Mand pegou uns trinta e a primeira da a a gente ainda não sabe.

Antonella: ah provavelmente uns duzentos anos. - rimos.

Any: vou ter que matar muita gente então pra poder ficar contigo. - as meninas me olham e ri.

Mand: vamo Sasá, estamos atrapalhando o casal. - elas riram.

Sasá: não precisa ficar vermelha não boba. - é assim se passou o dia, eu fiquei com a lavanderia aqui dentro, vamo combina que eu nunca lavei nem uma meia né mas advinha quem vais me ajudar? Se tu pensou Any acertou.

Mand: e aí menina, como tá? - deitou.- muito trampo?

Antonella: porra, gente eu nunca na vida lavei nada. - ela riu.

Mand: ainda bem que a super Any tava lá né. - ela riu. - parece que ela gosta mesmo de ti né não.

Antonella: pois é, isso que dá medo. - escutei ela roncando e ri, não posso dizer que nunca ficaria com uma mulher porque eu não sei veremos nos próximos dias.

|seis meses depois |

Any: bom dia amor. - virei pra trás e ela me beija, pois é ainda tô aqui, meu julgamento foi há mais ou menos uns cinco meses atrás peguei 140 anos de prisão, a Thay tava no meu julgamento, ela e a Paulla são as únicas que podem vir pra cá, Thay disse que P7 ainda tá sozinho, a Yasmin tá uma moça já fez 13 anos e sempre me escreve, a Luna descobriu que vai ter um mlk e o g3 quase carrega ela no colo, Luna conseguiu montar nosso salão e a Thay trabalha lá, Dinho e P7 usa droga todo dia e todo santo dia faz um plano diferente pra me tirar daqui, a Jully tá presa desde o dia que eu fui presa então fazem seis meses que ela tá lá, ah e eu pedi pra Thay falar pro P7 que eu tô com a Any, ela disse que ele levou numa boa e que ainda assim quando eu quiser ele, ele ainda vai tá lá. - hoje é o dia da sua entrevista amor.

Antonella: tô nervosa, aparecer na TV assim é foda. - ela sorri e arruma minha cama, hoje uma jornalista vem me entrevistar a Paulla disse que eu podia então porque não né.

Sasâ: e aí estrela, vamos te arrumar. - Any conseguiu troca de lugar com a Mand, então agora na cela do lado fica a Sasá e a Mand.

Mand: vai ficar mais gostosa ainda colega. - a Any encara ela. - com todo respeito claro. - dei risada, são essas três que me ajudam a não enlouquecer, nem falei né mas eu fiquei dez dias na solitária, ah lembra os 140 anos que eu falei? Então foi porque antes do julgamento eu assinei dois 121 ou seja matei duas pessoas, mas juro que foi sem querer.

Any: vem amor, vamos lá. - tomei banho, arrumei meu cabelo passei um rimel e um batom.

Theo: vamos lá estrela, tá tudo pronto. - esse é um dos carcereiros mais de boa aqui, os escrotos ficam em outro pavilhão, ele me algema e vamos até a jornalista.