Capítulo 16 - Explicação

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Acordei com o belo som de pássaros cantarolando próximos da janela do meu quarto.
Após me espreguiçar com bastante vontade sobre aquela cama macia, rolei pôr sobre ela, parando de bruços próximo a uma almofada lilás da qual eu costumava dormir agarrada.
Perdi a noção de quando tinha sido a última vez em que havia tido um sono tão revigorante como aquele.
Ergui minha mão em direção aos raios solares que atravessavam a janela naquele momento, sentindo aquele calor gostoso atingir minha pele. Foi quando meus olhos avistaram o lenço que Kakashi havia enrolado em meu braço.
- Espera... Não pode ser, eu apaguei durante o caminho... - Levei as mãos até o rosto. - Há quanto tempo eu estou dormindo?
Havia aceitado a ideia de Kakashi me ajudar no caminho até a vila, e a última coisa da qual me lembrava, era de ter escutado ele cantarolar baixinho uma bela canção da qual eu só me lembrava de alguns breves trechos que diziam:

"Tenho minhas saudações e despedidas bem planejadas
Tudo vai acontecer no devido tempo, não se apresse..."

"Quando adormeço em alta velocidade
No final da noite
Apenas as luzes halógenas
Brilham lindamente..."

Sorri ao me lembrar daquilo.
Kakashi era como uma caixinha de surpresas. Era impossível não ficar impressionada com as atitudes dele.
Recordando do que havia acontecido algumas horas atrás, saí da cama e fui para o banho.
Havia dormido tanto que a hora da primeira refeição do dia já havia passado. Devido a isso, aproveitei para fazer uma refeição mais reforçada antes de sair do dormitório.

Enquanto caminhava em direção ao prédio da Godaime, acabei me distraindo com um pequeno campo de flores dos quais já havia visto antes, mas que nunca havia parado para admirar melhor aquela variedade de espécies que mais pareciam um rio de pétalas.
Devido a correria da minha vida, eu mal possuía tempo para conseguir apreciar coisas simples da vida como aquela.
Não que em Konoha eu iria ter tempo de sobra, mas a vida, o tempo ali parecia ser diferente. Mais suportável, de certa forma, muito mais do que na vila da areia.
Bom, pelo menos era o que eu achava.

A calmaria durou pouco, pois logo passei a sentir que estava sendo observada.
Ao olhar pôr sobre o meu ombro, pude notar que um garoto agora me encarava, seus olhos extremamente familiares.
Seu cabelo, longo e escuro estava amarrado para trás algumas polegadas acima da extremidade em um rabo de cavalo frouxo, possuindo duas tiras presas a uma faixa menor debaixo de seu protetor de testa, emoldurando os lados de seu rosto.
Vestia camisa clara de mangas curtas e uma bermuda marrom escura. Ele também tinha ataduras em volta do seu braço direito e perna direita.
A expressão facial dele era severa, dura e fria.
- Sinto que quer falar comigo, estou certa?
- Hikari? - Perguntou ele, o tom de voz sério.
Assenti.
- Tenho um recado do senhor Hiashi para você.
- Como se chama?
- Neji, Hyūga Neji.
Claro, aquele garoto fazia parte do clã Hyūga, os olhos não negavam.
- Pode prosseguir. - Pedi, receosa. - Qual o recado?
- O senhor Hiashi solicitou uma reunião contigo. - Disse ele. - Pediu para ir vê-lo assim que possível.
Franzi o cenho.
Por um breve momento achei ter escutado errado.
"Reunião... Que história é essa agora?!"
- Ele adiantou o assunto?
Neji balançou o rosto de forma negativa.
- Bom, o recado está dado, eu preciso ir agora.
Antes que eu pudesse lhe fazer mais perguntas, o garoto simplesmente deixou o lugar, indo na direção oposta do prédio principal.
Era só o que me faltava, ter que voltar a lidar com Hiashi e o seu clã novamente.
Aquela situação me cheirava mal...
- Olha só quem está por aqui. - Comentou uma voz familiar.
Olhei ao redor e me deparei com o olhar gentil de Asuma, que vinha em minha direção agora.
- Oh! Asuma!
- Como você está? - Perguntou ele. - Não havia te visto hoje cedo, estava fora da vila?
- Estou bem, obrigada por perguntar. - Respondi. - Não, eu estava dormindo mesmo...
Asuma riu.
- O que foi? - Perguntei, me sentindo constrangida. - Eu não costumo fazer isso, é porque...
Por pouco não acabei falando sobre a missão que havia feito escondida com Kakashi e Jiraya.
- Não precisa me dar satisfações. Mas, gostei da sua sinceridade.
Levei uma das mãos até a nuca, sorrindo para disfarçar meu embaraço.
Como não podia entrar naquele assunto, decidi levar a conversa para outro rumo.
- Também está indo para o escritório?
- Sim, preciso falar com a senhora Tsunade.
- Bom, então vamos, estou indo para lá também.
- Certo. Aceito a sua companhia. - Brincou ele.
- Em qual área você atua Asuma?
- Vou deixar você tentar adivinhar. - Respondeu ele, o tom de divertimento na voz.
Olhei bem para o rosto dele antes de dizer:
- Professor, com certeza.
Ele ergueu uma das sobrancelhas.
- Fica tão óbvio assim?
- Sim, ainda mais pelo seu jeito de ser. Tem cara de que gosta bastante de crianças.
Podia ser apenas impressão, mas o rosto dele parecia estar ficando vermelho.
- Bom... - Ele coçou a nuca, desconcertado. - Pode-se dizer que sim.
Sorri.
Era impressionante como a presença de Asuma conseguia ser sempre agradável, assim como a de Kakashi...
- Qualquer dia desses eu lhe apresentarei o meu time de alunos.
Me animei com a ideia.
- Eu iria adorar.
- No momento eles estão tentando aprimorar os seus conhecimentos. Mas, estão evoluindo a cada dia que passa.
- Eu não duvido disso. Devem ser motivos de orgulho.
Asuma sorriu e em seguida assentiu.
- Cada um deles possuí uma personalidade, metas e objetivos bem diferente. Entretanto, quando estão juntos, é como se fossem apenas um.
Enquanto Asuma descrevia um pouco do seu time de aluno, eu podia ver um certo brilho no olhar dele que me comoveu de certa forma.
- Já lecionou antes? - Perguntou ele, me tirando de meus pensamentos.
- Sim, já dei aulas para os Gennins da minha vila. Mas, precisei abandonar a ideia depois de um tempo.
- Porque?
- Por inúmeros motivos... Mas o principal deles era o Kazekage. - Revelei. - Ele achava que era perda de tempo eu fazer isso.
Asuma franziu o cenho.
- É que haviam outras pessoas mais qualificadas para isso e eu já possuía muitas tarefas para fazer.
- Ah, nesse caso, tudo bem... - Comentou ele, mais aliviado. - Enfim, chegamos. Primeiro as damas.
Entrei no prédio e juntos fomos até o andar de cima.
Chegando no escritório de Tsunade, nos deparamos com a própria olhando através da janela. Os braços cruzados em frente ao corpo, em combinação com a expressão fechada no rosto indicava que algo não estava certo.
- Que milagre te encontrarmos essa hora aqui. - Comentou Asuma.
- Pois é... Digamos que eu não tive escolha. - Disse ela, soando misteriosa enquanto olhava pra mim.
Senti um estranho arrepio percorrer pelo meu corpo ao cruzar com aquele olhar severo do qual era novo pra mim.
- Estava a sua espera, Hikari.
Engoli em seco.
Qual seria o motivo por trás daquilo?
- Bom, vejo que essa é a minha deixa para deixá-las a sós. - Asuma disse, indo para a porta. - Falo com a senhora mais tarde.
Após a porta ser fechada, Tsunade foi até a frente de sua mesa e apoiou o corpo sobre ela enquanto me encarava.
Devido a aquele suspense todo, senti que talvez fosse melhor eu me preparar para o pior.
- Tenho duas folhas para você. - Com o indicador, apontou em direção aonde elas estavam sobre a mesa. - Em uma delas contém uma enorme lista. São medicamentos que iremos fornecer para as vilas mais próximas. - Explicou ela. - Já a segunda... É uma folha de relatório vazia.
O olhar de Tsunade estava tão opressivo que quando havia dado por mim, estava prendendo a respiração sem perceber.
- Nesta folha você irá relatar, nos mínimos detalhes, o porquê de ter se ausentado de suas missões ontem sem ao menos me dar alguma satisfação antes e nem depois. Quebrando inúmeras regras ao ter ido ajudar Jiraya em uma missão não-oficial, da qual eu já havia descartado, deixando bem claro para ele que não era problema nosso.
Senti o chão se abrir abaixo de meus pés naquele momento.
Eu estava tão chocada que precisei de alguns longos segundos para conseguir me recompor.
- Tsunade, eu...
- Poupe o seu fôlego Hikari. - Ela me interrompeu, saindo de perto da mesa. - Daqui a duas horas terei uma reunião com todos os envolvidos nesse caso. Portanto não se atrase.
Tsunade passou por mim, indo em direção a porta do escritório.
Enquanto isso fiquei de queixo caído. Incrédula com a situação, pois não esperava que aquilo fosse cair aos ouvidos dela tão rápido.
Em minha mente martelava a seguinte frase:
"Qual dos dois havia feito aquilo...?"

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