Capítulo 74 - Hiro

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- Hikari, o que pensa que está fazendo?!
Olhei para o rosto do médico que havia me pegado no flagra enquanto eu tentava me levantar daquela cama.
- Bom, considerando o fato de que eu já me sinto melhor, eu estava indo embora pra casa.
- De jeito nenhum! - Ele apontou para a cama. - Você ainda não recebeu alta.
Ao notar que ele não iria desistir facilmente, eu decidi voltar para a cama e em seguida cruzei os braços em frente ao corpo, sem esconder a impaciência em meu rosto.
Eu odiava ficar internada em hospitais.
- Não adianta ficar brava, você sabia dos riscos quando decidiu abusar do seu chakra, por pouco não perdeu a vida.
- Que exagero, eu só desmaiei.
O médico ergueu uma das sobrancelhas, claramente incrédulo com o que havia acabado de escutar.
- Você entrou em coma por mais de doze horas!
Suspirei.
- Eu só quero ir embora daqui...
- Irá quando estiver cem porcento recuperada.
O médico aproveitou que eu estava acordada para começar a me examinar.
- Onde está Genma? - Perguntei, inquieta.
- Desculpe, mas eu não sei.
- Uma das enfermeiras havia me dito que ele estava aqui.
O médico me olhou nos olhos e eu podia jurar que ele estava ficando bravo comigo.
- Ele estava sim, mas agora não está mais. Creio que trocou de lugar com Shizune.
- Shizune está aí?!
Ele me segurou de forma firme pelo queixo enquanto analisava as minhas retinas com uma pequena lanterna.
- Sim, ela está. - Ele disse após fazer algumas anotações em sua prancheta. - Agora será que dá para você colaborar com os exames?
Me segurei para não rir da expressão que ele havia feito naquele momento.
- Bom, sim. Mas com uma condição...

***

- Ah, meu Deus! - Exclamou Shizune após entrar no quarto. - Um dia você ainda nos matará do coração garota!
Esbocei um sorriso ao ouvir aquilo e ao ver quem ela trazia consigo nos braços.
- É muito bom ver você também Shizune. - Ergui os braços assim que o meu filhote começou a latir.
Shizune me entregou ele e em seguida sentou na beirada da cama.
- Também é muito bom te ver pequeno. - Eu disse após beijar a cabeça dele. - Que bom que você está bem...
- Eu que o diga.
- Desculpe... A situação acabou fugindo do controle.
Shizune suspirou e em seguida cruzou os braços em frente ao corpo enquanto mantinha o contato visual.
- O que houve?
- Bom, antes que eu explique, onde está Genma?
Ela pareceu ter ficado surpresa com aquela pergunta repentina.
- Bom, deve estar na casa dele, descansando uma hora dessas. Porque a pergunta?
- Não, por nada... Ele foi de grande ajuda ontem. Bom, na verdade, ele está sendo de grande ajuda durante esses dias.
- O médico disse que você estava com febre?
Franzi o cenho ao ouvir aquilo.
- Não, porque?
- Pensei que estivesse delirando.
- Qual é Shizune...
- O que foi? Vocês são que nem gato e rato, e agora ouvir você falando assim dele é de se estranhar, não concorda comigo?
Suspirei.
Ela tinha razão.
- Concordo. - Olhei para o filhote que agora estava deitado em meu colo, mordendo sem parar o lençol que estava sobre mim. - Mas é a verdade.
Ela deu de ombros.
- Tsunade vai gostar de saber disso.
- Ah, é?
Ela assentiu.
- Ela estava com receio dele ficar te aborrecendo e no final das contas ter que procurar outra pessoa para te ajudar.
- Entendo...
- Vai me dizer o que aconteceu agora...?
- Sim, irei contar o que aconteceu.

***

- Então você acha que teve um lapso de memória um pouco antes de matar aquele homem?
- Sim...
- Que estranho.
- Nunca viu algo do tipo antes, não é mesmo?
Shizune ficou em silêncio por um momento, como se estivesse perdida em pensamentos.
- Hum...
- Genma viu tudo mas não me deu detalhes, apenas disse que eu estava me defendendo... Enfim, isso não muda o fato de que eu matei aquele homem sem nem ter dado uma chance para se redimir!
- Ei ei, mantenha a calma Hikari.
Levei uma das mãos até a testa.
- É sério, você não pode se estressar.
Ela tinha razão.
Eu precisava me acalmar.
Fechei os olhos por um breve momento, respirando fundo algumas vezes em seguida.
- Como você disse antes, estava sob pressão. - Ela disse após pegar em minha mão. - Pior, estava sendo chantageada.
Olhei para o filhote em meus braços, e por coincidência ele olhou para mim também, claramente curioso.
- Cheguei a pensar que tudo estava perdido...
Toquei com o indicador levemente no focinho dele.
O filhote começou a lamber o meu dedo, me fazendo sorrir.
- Quanta fofura.
- Eu precisarei tomar mais cuidado com ele a partir de agora.
- Em breve será ele quem irá te proteger.
Shizune se levantou e em seguida deu um bocejo.
Ela parecia estar exausta.
- Desde que horas você está aqui Shizune?
- Ah, faz um tempinho.
- É melhor você ir pra casa, precisa descansar um pouco.
Ela me olhou, claramente agradecida pela minha preocupação.
- Mesmo se eu quisesse não iria conseguir, sabe como é, Tsunade precisa de mim.
Dei de ombros.
- É verdade.
- Bom, já que você está bem, eu vou ir até o escritório dela para informá-la.
- Tudo bem.
Shizune estava prestes a sair quando parou e me olhou novamente.
- Aliás, eu sei que você não gosta nenhum pouco de ficar aqui, mas me promete que não vai fugir antes do médico te liberar oficialmente?
Suspirei.
- Eu prometo.
- Obrigada.
Após ela sair do quarto, voltei a olhar para o filhote que agora apoiava a cabecinha sobre as próprias patas.
- Como é bom ver que você está bem...
Ele olhou pra mim ao notar que eu estava falando com ele.
Eu estava apaixonada por aqueles olhos azuis.
- Eu não iria me perdoar se tivesse deixado você morrer.
O cãozinho começou a abanar o rabinho assim que comecei a acariciar as suas orelhas.
- Você foi muito corajoso, sabia? Tentou me proteger como se fosse um herói.

Um pequeno herói...
É isso!

- Já sei qual será o seu nome!
O cãozinho começou a latir graças a minha empolgação.
- Hiro, você irá se chamar Hiro. O que acha?
Ele deu mais alguns latidos enquanto eu começava a fazer cócegas na barriga dele.
- Quanto barulho vocês dois conseguem fazer juntos hein.
Olhamos para a porta.
- Genma...
Ele entrou no quarto e em seguida se aproximou da cama, estava carregando uma bolsa no ombro esquerdo, uma da qual achei bem familiar.
- Como você está? - Ele perguntou, o tom de voz sério. - Quero dizer, como vocês estão?
Sorri ao ouvir aquilo.
- Estamos bem, obrigada por perguntar.
Genma colocou a bolsa sobre a cama.
- A comida dele.
- Muito gentil da sua parte Genma.
O filhote ficou atiçado pelo cheiro da ração e começou a latir, indicando que estava com fome.
- Oh minha nossa... - Abri a bolsa, pegando um pouco de ração. - É melhor eu te dar logo senão você vai acabar rasgando essa bolsa.
Genma observou o filhote comendo por um momento, desviando o olhar assim que notou que eu o observava.
Por algum motivo senti que ele estava diferente, "distante" seria a palavra certa para definir.
- Você está bem...? - Arrisquei perguntar.
- Eu estou ótimo.
Fiquei em silêncio por um momento enquanto olhava pra ele.
- Eu não pareço estar? - Ele me olhava pelo canto dos olhos.
- Fisicamente sim.
Genma voltou a ficar frente a frente comigo e o seu olhar conseguiu me deixar preocupada.
- O que fez foi arriscado.
Engoli em seco.
- Eu sei.
- Podia ter morrido.
- Eu sei.
Ele se aproximou da cama enquanto mantinha o contato visual comigo.
Por um momento me senti vulnerável enquanto ele se aproximava daquele jeito, pois eu nunca sabia o que esperar dele.
- Tome mais cuidado da próxima vez.
- O que quer dizer com isso...?
- Se pretende mesmo ficar com esse cachorro, evite levá-lo para as suas missões.
Fiquei sem saber como reagir ao ouvir aquilo.
Me senti como se tivesse levado um balde de água fria na cara.
- Agradeço a sua preocupação, mas eu não preciso que me diga o que eu devo ou não devo fazer Genma.
- É apenas um conselho. - Lembrou ele. - Pode não ter tanta sorte da próxima vez.
Preferi ficar quieta naquele momento pois eu me conhecia, eu sabia que iria acabar falando algo do qual fosse me arrepender depois devido ao alto nível de frustração.
Fora que Genma havia me ajudado mais uma vez, então eu devia pelo menos tentar ser um pouco mais agradecida com ele.
Talvez aquela fosse a maneira dele de demonstrar preocupação.
Eu estava distraída em meus próprios pensamentos, quando ele se sentou ao meu lado na cama, aproveitando para pegar o filhote do meu colo.
- Como uma coisinha desse tamanho pode comer tanto assim?
O filhote começou a se debater na mão dele, resmungando por sua refeição ter sido interrompida de repente.
Levei uma das mãos em frente a boca, afim de esconder que estava achando aquela cena engraçada.
- Aliás, como é o nome dele?
- Hiro.
- É um bom nome. - Ele disse após devolver o filhote. - Embora ainda esteja longe de ser um herói...
- Obrigada.
- Desculpe pela forma como eu agi agora há pouco.
Olhei nos olhos dele, notando que ele estava mesmo sendo sincero comigo.
- Está tudo bem Genma. Eu estava errada, eu agi por impulso devido ao desespero.
Senti um frio no estômago assim que ele colocou uma das mãos sobre a minha de repente.
- Eu sei que não gosta de ser ajudada, mas eu estarei aqui sempre que precisar.
O olhar dele era intenso, assim como o calor de sua pele.
Fiquei sem saber como reagir, pois eu não conseguia me sentir a vontade com aquele tipo de aproximação.
Eu me sentia encurralada.
- Eu não vou esquecer disso, eu prometo.
Ao notar o meu desconforto, ele recolheu a sua mão, mas continuou me olhando da mesma forma.
- Hikari...
Ele ergueu a mão em direção ao meu rosto.
- Genma, o que está fazendo?
Ele parou.
- Eu espero que um dia você consiga criar confiança em mim, assim como você confia nele.
Genma se levantou da cama, e em seguida foi em direção a porta.

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