Capítulo 47 - Cobra

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Iruka e eu nós entreolhamos por um breve momento antes de voltarmos a nossa atenção para Kakashi novamente.
- E qual seria...? - Perguntei, curiosa.
- O país do Trovão. - Respondeu ele tranquilamente enquanto parecia brincar com a lanterna, girando ela perfeitamente por entre os dedos. Fazendo com que o feixo de luz subisse e descesse, clareando boa parte da floresta escura ao nosso redor.
- Hum... - Murmurou Iruka, pensativo. - Então você acha que o país do Trovão está prestes a ser o novo palco para as atrocidades daquele ninja?
- É apenas um palpite. - Admitiu ele. - Baseado no padrão de como ele veio agindo até agora. Eu presumo que os rastros não sumiram, eles na verdade foram camuflados devido a água e a neblina densa presente no país.
- O que estamos esperando? Vamos voltar.
Ao invés de me responder, Kakashi apontou a lanterna em minha direção, mas ao invés de mirar em meu rosto, mivava para algo por sobre o meu ombro direito.
- Shh... Não se mexa ou diga nada.
Assim o fiz.
Enquanto olhava pra ele, permaneci em silêncio, respirando apenas o necessário para evitar qualquer movimento brusco.
Estava tão escuro agora, mas eu ainda conseguia enxergar o olhar de Kakashi.
Ele parecia vidrado no que estava atrás de mim, o que conseguiu me deixar ainda mais alarmada.
Não demorou muito para eu notar a presença de uma energia estranha atrás de mim, como se ela estivesse cada vez mais próxima de mim.
Cheguei a abrir a boca para dizer algo mas logo desisti ao ver Kakashi balançando a cabeça.
Com apenas um breve olhar entre eles, Iruka apenas assentiu e quando menos esperei desapareceu.
Kakashi ergueu sua bandana devagar e em seguida sinalizou com os dedos para que eu fechasse os meus olhos.
A princípio achei estranho, mas decidi confiar nele e fechei os olhos.
Só o que eu escutava eram as batidas rápidas do meu coração e a minha respiração profunda e cada vez mais pesada.
Aquele suspense era intenso e avassalador, desencadeando dentro do meu ser um sentimento muito ruim.
Um sentimento tóxico que cheguei a sentir inúmeras vezes no passado. E ele só acabou piorando quando senti aquela energia maligna se aproximando cada vez mais de onde eu estava, me dando uma enorme vontade de correr e ao mesmo tempo de me virar para olhar na direção do que quer que estivesse vindo em minha direção.
Senti o calor de braços fortes ao meu redor, me abraçando de repente - movimento inesperado que chegou a me assustar - e quando dei por mim senti o chão desaparecer sob meus pés apenas por uma pequena fração de segundos.
- Já pode abrir os olhos Hikari. - Sussurrou Kakashi, cortando aquele silêncio absoluto.
Ainda meio abalada abri os olhos e pôr sobre o ombro de Kakashi me deparei com uma luz vermelha que vinha de um sinalizador que Iruka segurava em uma das mãos.
Só após Kakashi dar um passo para trás que pude notar que estávamos em uma espécie de caverna agora.
Ele havia nos tirado de lá antes que o pior acontecesse.
- O que aconteceu...?
- Ele já sabe. - Kakashi respondeu sem enrolação, porém, seu tom de voz era cauteloso. - Ele já sabe que estamos atrás dele...
Precisei de um tempo para conseguir assimilar o que havia acabado de escutar.
Me arrepiei toda só de lembrar daquela energia estranha que havia sentido há pouco tempo.
Aquela situação havia durado segundos, mas ao mesmo tempo pareciam ter sido dias ou até mesmo semanas em minha mente...
Espera...
Ōkami sabia que estávamos atrás dele...?
O que?!
Como assim...?!
Não.
Não pode ser...
Eu me recusava a acreditar naquilo.
- Desculpe, mas o que falou não faz sentido Kakashi. - Eu disse. - Ele saiu da vila faz um bom tempo.
Kakashi olhou para Iruka por um breve momento e em seguida ambos evitaram olhar nos meus olhos.
- O que foi...?
Nenhum dos dois me respondeu.
Iruka foi até o interior daquela caverna, incentivando Kakashi a fazer o mesmo.
Olhei para a entrada da caverna por sobre meu ombro e em seguida fui até ela.
Não fazia ideia de onde estávamos mas presumia que não havíamos ido parar muito longe.
A noite havia caído de vez e agora era quase impossível para uma pessoa comum enxergar algo que estivesse ao redor.
Não que eu não me considerasse uma pessoa comum... Mas ser uma ninja era outro nível. Ser uma ninja era ter seus sentidos aguçados, era se misturar com a noite ou usar dela a sua aliada.

O Ninja Que CopiavaOnde histórias criam vida. Descubra agora