Capítulo 4 - Ramen

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Assim que chegamos na vila, fomos até o escritório da Godaime para entregarmos o tão importante pergaminho em suas mãos.
Tsunade parecia extremamente concentrada no que estava fazendo naquele momento. Entretanto, toda essa concentração se foi assim que ela nos viu entrando na sala dela.
- Aqui está o que nos pediu. - Comentou Kakashi após deixar o pergaminho sobre a mesa abarrotada de inúmeras pilhas de papéis que estavam em cima dela.
Entretanto, ao invés de olhar para o pergaminho, Tsunade fixou o olhar nas marcas roxas em meu rosto e nas faixas que estavam enroladas em volta do meu pescoço.
- Você está bem Hikari? - Perguntou, demonstrando bastante seriedade em seu rosto.
- Sim. É bem mais simples do que parece. - Eu disse pra ela enquanto apontava para o meu pescoço. - Tivemos um pequeno imprevisto no caminho.
Tsunade olhou brevemente para Kakashi antes de voltar a atenção para mim. Um gesto do qual não entendi, por algum motivo ela parecia estar querendo culpar ele ou ter a confirmação de que eu estava mesmo falando a verdade.
- Peça para Shizune te examinar depois que sair desta sala, me ouviu bem?
Permaneci em silêncio ao invés de protestar. Não queria contrariá-la por conta do meu orgulho tolo.
Era em momentos como aquele em que eu sabia que precisava aceitar o fato de que até mesmo os médicos precisavam ser tratados por outros médicos de vez em quando.
- Bom, parabéns aos dois pelo sucesso desta missão. - Disse ela, agitando o pergaminho no ar. - Kakashi, pode ficar encarregado de preencher o relatório e me entregar mais tarde?
- Claro, sem problemas.
- Hikari, você está liberada por hoje. A minha intenção era a de te mostrar a vila assim que voltasse da missão. Entretanto, como pode ver estou mega atarefada então terei que adiar o passeio por enquanto.
- Não precisa adiar. - Comentou Kakashi de repente. - Eu posso fazer isso, se ela não estiver muito cansada, é claro.
Tsunade olhou brevemente para ele e em seguida para mim.
- O que você acha Hikari?
- Por mim tudo bem. - Concordei sem pensar muito a respeito.
Por algum motivo não estranhei Kakashi ter se oferecido para fazer aquilo. Afinal, ele parecia ser um homem bem prestativo, seja qual fosse a situação ou pessoa.
- Bom, se os dois estão de acordo, não vejo porque não. - Comentou ela após guardar o pergaminho em uma das gavetas de sua mesa. - Estão liberados.

***

- Chegou a ter febre, tontura, paralisia ou algum outro tipo de sintoma? - Perguntou Shizune enquanto examinava delicadamente o meu ouvido esquerdo.
- Além da dor, apenas tontura e um pouco de irritação. - Respondi enquanto ajustava a minha bandana em meu pescoço para disfarçar melhor aquele novo curativo feito por ela.
- E como você se sente neste exato momento?
Pensei um pouco a respeito antes de responder.
- Bom, neste exato momento eu diria que estou bem. Mas a dor continua indo e voltando numa frequência maior agora... E quando ela vem com mais intensidade, eu chego a sentir uma leve fisgada acompanhada de uma vertigem.
- Entendi. - Murmurou ela ao se afastar para ir buscar alguma coisa. - Bom, eu irei preparar um medicamento intra-muscular para cessar esses sintomas de forma mais rápida. - Mas, por ser uma dor crônica, o tratamento acaba sendo um pouco mais complexo.
Exatamente.
Mas isso eu já sabia...
Já vinha lidando com isso há muito tempo. Tanto que já estava mais do que acostumada com aquela dor que já persistia há anos.
Entretanto, aquele era o menor dos meus problemas.
- Pode ficar tranquila Shizune. Amenizando esses sintomas é mais do que suficiente por enquanto. - Esbocei um sorriso após dizer aquilo.
- Certo. Vou buscar a medicação no laboratório e já volto. - Anunciou ela um pouco antes de deixar a sala.
Kakashi estava tão quieto perto da porta, observando a cena, que por um breve momento cheguei a achar que ele havia saído da sala.
Não parecia estar preocupado, só bem atento a tudo o que acontecia naquele momento.
- Parece que alguém aqui está prestes a levar uma bela agulhada... - Comentei, demonstrando certo humor em meu tom de voz.
- Duvido que isto te abale. Obtive a prova ao ter testemunhado o que fez consigo mesma com aquela seringa.
Sorri ao ouvir aquilo.
Ele tinha razão. Eu não tinha um pingo de medo de agulhas, na verdade, elas faziam parte de mim, do meu trabalho.
- Às vezes situações extremas exigem medidas extremas.
- Medidas extremas...?
- Sim. Porque eu dei sorte de ter pego uma seringa com conteúdo medicinal ao invés da que possuía veneno de escorpião...
O pouco que eu podia ver do rosto dele me indicava que ele havia ficado bem surpreso pela revelação.
Shizune então voltou com uma pequena bandeja em mãos, contendo uma baita seringa com a medicação, algodão, curativos, entre outras coisas.
O procedimento levou menos de 10 minutos.
- Obrigada Shizune.
- Por nada. Aliás, a senhora Tsunade me disse que você não teria mais tarefas por hoje. Então, peço que evite certos tipos de atividades estressantes.
- Eu mal cheguei e já estou dando trabalho...
Shizune riu.
- Somos ninjas. Estamos expostos a qualquer tipo de situação, das mais simples até às mais extremas.
- Faz sentido...
- Bom, estão liberados. - Disse ela com um sorriso no rosto. - Estarei aqui no prédio caso surja qualquer tipo de emergência.
- Sim senhora.

O Ninja Que CopiavaOnde histórias criam vida. Descubra agora