Após deixar dois copos e uma garrafa de saquê sobre a mesa, o garçom que havia nos atendido retirou-se da mesa voltando a nos deixar a sós.
- Finalmente... - Jiraya pegou a garrafa e após nos servir a primeira dose, pegou o seu copo e o esvaziou com apenas um gole. - Ah... Eu está a precisando disso...
Por algum motivo não me surpreendi com aquilo, afinal, Jiraya parecia ser bom de copo, a cara dele não negava...
Sem pensar muito, peguei o meu copo e fiz o mesmo, sentindo a minha garganta queimar por conta do álcool.
Aquela sensação me trazia recordações boas e isso era um problema...
Com o passar dos anos acabei desenvolvendo uma certa apreciação por bebidas alcoólicas, ainda mais em momentos de alto estresse.
Após servir mais uma dose para nós, peguei o meu copo, esvaziando em poucos segundos.
- Wow... - Jiraya vibrou após me ver colocar o copo vazio sobre a mesa. - Você é mesmo dura na queda Hikari! Já sei que convidar para beber comigo a partir de agora.
- Desconsidere essa ideia. - Cruzei os braços em frente ao corpo. - Não vai haver uma segunda vez. Eu não pretendo fazer isso de novo.
Jiraya riu.
- Falando assim me lembrou do Kakashi, sabia?
Ouvir aquele nome me deixou consideravelmente feliz, ou havia sido o álcool começando a fazer efeito...?
Esperei até que ele nos servisse novamente e juntos esvaziamos o terceiro copo.
- Kakashi é uma pessoa interessante.
- Hum? Eu acho que não ouvi direito. - Ele debruçou sobre a mesa em minha direção. - Isso foi um elogio?
- Não... - Balancei a mão, em um sinal negativo. - Não foi um elogio. É a verdade.
- Vocês fizeram as pazes?
Olhei para Jiraya, pensando sobre o assunto, e no final das contas não soube como responder aquela pergunta.
- Hikari?
- O que foi?
- Não respondeu a minha pergunta.
- Eu não sei...
Jiraya franziu o cenho ao ouvir aquilo.
- Ele disse o motivo por trás do que fez?
Balancei a cabeça e em seguida nos servi de mais uma dose daquela bebida.
- Eu não quero saber disso por enquanto.
- E do que você quer saber então?
- Como assim?
Jiraya sorriu ao me ver curiosa sobre o assunto.
- O que você quer saber sobre Kakashi Hatake?
Fiquei sem reação ao ouvir aquela pergunta.
Aonde ele queria chegar com aquela conversa agora?
Entretanto, pensando bem, Jiraya parecia mesmo conhecer bastante sobre a vida de Kakashi, e eu não podia negar que estava ficando cada vez mais curiosa a respeito dele.
- Ele é mesmo tão bom como as pessoas dizem?
- É muito mais do que as pessoas imaginam. - Ele pegou o copo dele. - Kakashi é uma raridade.
Sorri ao ouvir aquilo.
Talvez não tivesse sido a melhor pergunta a se fazer, mas eu sabia que precisava tomar cuidado com a minha curiosidade.
- Kakashi deve achar que eu sou uma louca.
- E porque?
- Porque sim. - Respondi, tomando mais uma dose de saquê.
- Na minha opinião vocês formam uma boa dupla.
- Não.
- Porque não?
- Eu vivo metida em problemas por onde eu passo.
Jiraya sorriu.
- Quem nunca se viu metido em problemas que atire a primeira pedra.
- Quando se trata de mim, nunca serão simples problemas Jiraya.
- Não há problemas dos quais Kakashi não saiba lidar, aquele cara é um gênio.
- O que quer dizer com isso?
- Nada, nada. - Ele me serviu mais uma dose de saquê. - Vamos, beba que é por minha conta.
Após tomar mais uma dose, coloquei o copo sobre a mesa, e em seguida comecei a rir involuntariamente.
- O que é tão engraçado? - Perguntou ele feliz ao me ver feliz.
- Esqueci de dizer que sou intolerante ao álcool.
***Algumas horas depois...
- Hikari, eu acho melhor você parar de beber.
- O que?! - Meu tom de voz era de total reprovação pelo o que eu havia acabado de escutar. - Que história é essa agora?
- Se eu bem me lembro, você havia dito que era intolerante ao álcool.
- Eu disse isso?
Jiraya coçou a nuca, confuso.
- Bom, de qualquer forma, já bebemos demais.
Balancei com a cabeça, e em seguida ergui uma das mãos para chamar o garçom que estava mais próximo de nós.
- Por favor, mais uma garrafa dessa.
- Hikari...
- Shh... - Acabei batendo a mão em uma das garrafas que por pouco não caiu no chão. - Essa é por minha conta.
- Tudo bem. - Ele assentiu para o garçom para que ele pudesse anotar o pedido. -Mas essa será a última hein!
- Essa será a última... Essa será a última... Blá blá blá... - Revirei os olhos. - Tanto faz, eu só preciso beber mais um copinho.
- É... Isso será um problema... - Comentou ele, pensando alto. - Aliás, deixe-me te fazer uma pergunta.
- Se for sobre Kakashi, estará perdendo o seu tempo, eu já disse tudo o que sabia sobre ele.
- Não é sobre isso, eu acho.
- Nem pense que estou vulnerável, esse meu lado foi arrancado de mim a força.
- Preste atenção Hikari. - Ele afastou as garrafas das quais estavam entre nós na mesa. - Porque você estava tão triste antes de virmos para cá?
- Triste?
Jiraya assentiu.
- Tem haver com o que aconteceu entre você e Kakashi?
Balancei a cabeça, negando.
- E então?
Me mantive em silêncio por alguns longos segundos, adorando sentir aquela sensação que só o álcool era capaz de produzir em meu corpo.
Aquela altura do campeonato eu me sentia bem, me sentia feliz e protegida de todos os sentimentos e pensamentos ruins.
- Ontem eu enterrei uma pessoa.
Jiraya arregalou os olhos após ouvir a minha revelação.
- O que?! O que foi que você disse?!
- Eu enterrei uma... - Parei de falar após Jiraya tapar minha boca com a mão dele.
Jiraya sorriu, demonstrando constrangimento, para algumas pessoas que haviam escutado o que eu havia dito enquanto passavam por nós.
- Quem?
- O homem que um dia eu cheguei a amar... - Os meus olhos começaram a encher de lágrimas de repente. - Está morto Jiraya, morto.
Olhei para o lenço que Jiraya havia me oferecido e em seguida o peguei, secando as minhas lágrimas.
- Obrigada.
Jiraya assentiu, o olhar preocupado.
- Cadê o saquê...?
- Já está vindo.
Quando havia me dado conta, eu estava debruçada sobre a mesa, a cabeça apoiada sobre os braços e entre eles uma poça pequena de água se formava graças as lágrimas que insistiam em sair dos meus olhos, mas por algum motivo a dor não estava mais tão intensa quanto antes.
- Eu não queria isso.
- Como ele se chamava?
- Kimimaro.
Jiraya ficou em silêncio por um breve momento enquanto parecia digerir a informação.
Me sentia tão cansada, minha cabeça girava, mas eu não me sentia triste, não sentia nada além do torpor que a bebida estava me causando.
Na verdade aquela sensação estava boa, eu sentia meu coração bater no ritmo da música ambiente e o ar que entrava pela janela estava gostoso.
- Ouvi muitas coisas a respeito dele nesses últimos dias.
- Orochimaru foi o culpado! - Afastei a garrafa que estava mais próxima de mim e por algum motivo a mesma não caiu no chão. - Aquele desgraçado acabou com a vida dele, com a nossa.
- Eu acho melhor irmos pra casa Hikari. - Sugeriu ele de repente.
Neguei com a cabeça, olhando através da janela.
- Eu não quero. - Afastei as lágrimas novamente. - A única coisa que eu quero é matar Orochimaru com as minhas próprias mãos...
Estava prestes a empurrar mais uma das garrafas quando Jiraya a tirou da minha frente assim com todas as outras, entregando-as para um dos garçons.
- Você está exausta Hikari... - Ele tentou novamente. - Deixe-me te levar para o seu dormitório.
Me mantive deitada sobre a mesa e estava decidida a permanecer assim pois estava me sentindo confortável daquele jeito.
- Jiraya e... Hikari?!
- Era só o que me faltava...
- Eu devo perguntar o que é que está acontecendo aqui Jiraya?!
- Kakashi! Asuma! Vocês por aqui! - A expressão na cara deles deixava claro que ele estava em maus lençóis agora. - Eu posso explicar... Mas antes é melhor vocês se sentarem.
***
- Primeiramente, eu quero deixar claro que ela veio por vontade própria! - Devemos mesmo acreditar que você não a convidou para beber?
- Foi o que eu acabei de dizer Kakashi. Confie em mim pelo menos dessa vez!
Sem olhar para ele, Kakashi se aproximou da mesa em que eles estavam, afastou o cabelo do rosto da mulher para poder analisar melhor o estado dela.
- Hikari? - Ele a chamou, sendo totalmente em vão. - Porque deixou que ela chegasse nesse estado?
- Bom, ela me avisou que era intolerante ao álcool tarde demais...
Kakashi suspirou e em seguida olhou para Asuma que apenas balançou a cabeça em um sinal negativo.
- Ela apagou Asuma. Não vai acordar tão cedo estando nesse estado.
- Se não a convidou, como ela veio parar aqui? - Asuma perguntou para, curioso.
- Ela perguntou onde eu estava indo, e decidiu vir comigo.
Ambos franziram o cenho ao ouvir aquilo.
- Eu sei, parece surreal. Eu também achei isso. - Jiraya olhou para a mulher que agora dormia profundamente na mesa a sua frente. - Mas ela estava chateada, queria espairecer.
- Chateada?
- É melhor vocês se sentarem, pois a história é longa.
Kakashi pensou um pouco a respeito do que ele havia dito. Não estava nenhum pouco afim de se sentar e conversar com ele. A única coisa que ele queria no momento era levar Hikari para longe daquele lugar.
Entretanto, Jiraya havia dito que ela estava chateada por alguma razão da qual o deixou curioso, afinal, da última vez em que havia visto ela, Hikari parecia estar bem.
Sem terem muitas opções, ambos escolheram uma cadeira e se sentaram.
- Diga o que sabe.
Jiraya cruzou os braços em frente ao corpo, pensando sobre o que ela havia lhe dito antes de perder a consciência.
A princípio ele não tinha a menor intenção de compartilhar aquela história com ninguém, mas ao olhar para Kakashi, sentiu que ele deveria saber daquilo.
- Querem beber alguma coisa?
Kakashi sentiu um mal pressentimento após ouvir aquela pergunta vinda da Jiraya. Não pela pergunta em si, mas pelo o olhar dele naquele exato momento. Sentiu que precisava se preparar para o que estava prestes a escutar.
Ambos ficaram em silêncio, então Jiraya optou por pedir mais uma garrafa de saquê.
- Eu não consegui muitos detalhes com ela estando assim, mas só o que ela me disse irá deixar vocês surpresos.
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O Ninja Que Copiava
FanfictionSemɑnɑs ɑpós umɑ cɑtάstrofe ter ɑcontecido nɑ vilɑ dɑ folhɑ, Momoe Hikɑri, umɑ renomɑdɑ shinobi do pɑís do vento, recebe um urgente pedido de ɑjudɑ vindo de ninguém mɑis, ninguém menos do que Senju Tsunɑde, suɑ velhɑ ɑmigɑ e novɑ Hokɑge do pɑís...