— Foram sinais.
— Sim. — Concordei. — Claros sinais de que ele queria me matar.
— Não. — Negou imediatamente. — Ele não quer te matar. Ele quer que você volte. Ele quer que você volte para o grupo Hikari.
Franzi o cenho ao ouvir aquilo.
A cada minuto que passava conversando com meu meio irmão, mais eu começava a achar que ele havia enlouquecido de vez.
— Não, ele não quer isso. Ele nunca quis Kaname. Ele sempre foi contra a minha presença naquele lugar.
— As pessoas mudam.
— Ele não é uma pessoa. Ele não é mais um ser humano Kaname, quando você irá entender?
O rosto dele continuava impassível de emoções, como se ele fosse uma estátua muito bem esculpida.
Definitivamente eu não era a única que possuía uma beleza surreal na família, Kaname era a prova disso, assim como o nosso pai quando mais novo. O meu meio irmão possuía traços que conseguia me fazer lembrar do nosso pai, e isso chegava a doer um pouco agora sabendo de toda a verdade por trás de sua morte.
Da última vez em que eu havia visto ele, — antes de ter me sequestrado, é claro — Kaname ainda era um adolescente muito rebelde, solitário e cheio de rancor. E agora ali estava ele, um homem maduro, bonito, frio, violento e ainda cheio de muito rancor.
Nós dois havíamos sofrido bastante, durante anos, por situações diferentes, mas mesmo assim ele foi o único que optou por continuar no caminho do ódio, nutrindo um sentimento tão ruim que agora havia se apossado de sua alma.
— Escute, ele só precisa de alguém que entenda bastante de medicina para curá-lo, nada mais. — Expliquei, tentando ser o mais clara possível. — E mesmo se eu soubesse realizar esse procedimento, eu não iria participar disso, embora eu tenha feito uma promessa de ajudar a todos sem excessão. — Continuei. — Eu não vou tentar ajudá-lo, pois sei o que ele vai continuar fazendo após isso. E ainda mais depois do que ele fez com Kimimaro.
Kaname se virou, ficando de frente para mim agora. Seu kimono preto, com detalhes em prata na parte de baixo, estava impecavelmente limpo, e abertura na parte de cima deixava exposto o seu peitoral muito bem definido e cheio de tatuagens.
— Você traiu o seu país, como eles te aceitaram novamente para ocupar um cargo tão importante como aquele?
— Muitos anos de treinamentos árduos investidos, fora que não é muito fácil encontrar ninjas com as minhas habilidades naturais. — Comentei, procurando ser o mais sincera possível com ele. — Os integrantes do conselho e o próprio Kazekage sairiam perdendo se me deixassem apodrecendo dentro de uma cela.
— Uau. — Ele disse sem demonstrar nenhum tipo de emoção em seu rosto perfeito. — Eu deveria me sentir orgulhoso de ter uma irmã tão "incrível".
— É estranho você dizer isso após tantos xingamentos e ameaças. — Comentei. — É uma pena que isso seria da boca pra fora, já que deixou claro que precisa de mim para alcançar o seu objetivo. O que não vai acontecer, é claro.
Ele sorriu de forma maliciosa, deixando claro que havia gostado do que eu havia dito.
— Veremos...
— Terminou? Eu preciso que vá embora antes que descubram que você está aqui.
— Porque? — Ele parecia estar realmente surpreso agora. — Está preocupada comigo?
Fiquei sem saber o que dizer naquele momento, pois nem mesma eu esperava que fosse conseguir dizer algo do tipo pra ele, ainda mais após tudo o que já havia me feito.
— Está preocupado com o seu irmão…? — Ele insistiu, voltando até aonde eu estava parada. — Mesmo após eu tendo feito tudo aquilo, você ainda consegue ter esse senso de proteção?!
As mãos dele agora estavam cravadas em meus braços, e com um simples movimento me lançou contra a parede mais próxima.
— Essa é uma das atitudes que eu mais odeio em você!
— Kaname, você está me machucando… — Cala essa boca! — Berrou ele enquanto me mantinha contra a parede.
A expressão de raiva combinava com o olhar cheio de ódio direcionado a mim naquele momento.
Era aquele Kaname que eu me lembrava bem…
— Como ser tão estúpida?
— Kaname…
— Quanto mais eu olho pra essa sua cara, mais vontade me dá de te matar...
Era incrível como frases do tipo já não surtia mais tanto efeito em mim como antes.
— Vá em frente, me mate como você fez com o nosso pai, seu cretino…
Mesmo com aquela ardência em minha pele, eu precisei de alguns longos segundos para conseguir acreditar que havia levado um tapa no rosto do meu meio irmão. E a situação conseguiu ficar ainda pior quando ergui o olhar e vi Kakashi parado, assistindo toda a cena.
O que aconteceu a partir daquele momento ocorreu mais rápido do que meu cérebro conseguia registrar. Quando havia dado por mim, Kakashi já havia agredido o rosto de Kaname, arrancando-o para longe de onde eu estava.
— Seu desgraçado, como ousa colocar os pés aqui?!
Kaname sorriu, mostrando o sangue que havia manchado seus dentes e que agora escorria pelo canto dos seus lábios.
— Ora ora… O guerreiro veio salvar a princesa inocente...
Senti meu corpo trêmulo, eu mal conseguia me manter de pé naquele momento enquanto observava o que estava acontecendo diante dos meus olhos.
— Eu vou te matar. — Ameaçou Kakashi, enquanto puxava ele pelo kimono com força, o lançando contra a parede.
— Não antes de eu partir você no meio… — Ele dizia enquanto a lâmina de sua katana passava a surgir de uma das mangas de seu kimono.
Eu precisava fazer alguma coisa... Mas não conseguia sair daquele estado de torpor maldito.
Kakashi então desferiu mais um soco na direção dele, mas Kaname conseguiu bloquear este no último segundo ao erguer sua katana.
Eu só fui perceber que Kakashi havia se ferido ao ver aquelas gotas pingando de sua mão assim que ele havia segurado a lâmina com força entre os seus dedos.
Aquilo foi o bastante para me motivar a desaparecer de onde eu estava e surgir entre os dois, onde utilizei as duas mãos para mantê-los longe um do outro.
— Já chega!
— Hikari, não se intrometa nessa briga.
Olhei para Kakashi pelo canto dos olhos ao ouvir aquilo.
— Ele está certo minha querida irmãzinha, eu quero deixar você por último.
— Os dois calem a boca! — Gritei, ignorando os olhares de reprovação. — Kakashi para trás, por favor.
Ele não recuou e eu precisei olhar para ele novamente até ele finalmente ceder e dar alguns passos para trás, mesmo relutante.
Em seguida me virei para Kaname, olhando nos olhos dele enquanto sua boca sangrava, lhe dando um ar ainda mais selvagem do que antes.
— Vá embora, agora.
— O que pensa que está fazendo Hikari?! — Exclamou Kakashi, totalmente indignado.
Kaname olhou para Kakashi por um breve momento antes de voltar sua atenção para mim novamente.
— Está morando com esse homem?
Eu não respondi, estava irritada demais para lidar com a curiosidade dele agora.
— Que curioso, Kimimaro morreu faz tão pouco tempo e você já conseguiu superar.
— Seu desgraçado…
Ergui o braço esquerdo para impedir que Kakashi fosse em frente com o que ele queria fazer.
— Eu disse chega Kakashi, isso é entre Kaname e eu.
— Não...
— Ele é meu irmão, eu irei resolver isso.
Kakashi permaneceu em silêncio, provavelmente decepcionado comigo naquele momento.
— Se você não sair dessa vila em cinco minutos, eu mesma vou te matar Kaname. Está proibido de voltar a pôr os pés aqui.
— Não terminamos.
Motivada pela raiva, levei as minhas unhas ao redor do pescoço dele, cravando todas elas com bastante força. Ele tentou se soltar com a mão livre, mas fui mais rápida e aproveitei para quebrar três de seus dedos com apenas um movimento.
— Desgraçada...
Ele tentou erguer a sua katana mas antes que pudesse usar contra mim, eu já havia desarmado ele, apontando a mesma em seu coração.
— Eu vou te dar cinco minutos para desaparecer desse país e nunca mais pôr os pés aqui. O seu problema é comigo e com ninguém mais.
Ele desviou o olhar e sorriu.
— Eu fui clara Kaname?!
Ele voltou a me encarar, o sorriso desaparecendo assim que sentiu a lâmina começar a cortar a sua pele.
— Sim, você foi bem clara.
— Então já sabe o que fazer e aonde me encontrar quando eu sair deste lugar.
Kaname se desvencilhou, e em seguida começou a recuar, indo em direção a porta. A princípio achei estranho ele não pedir sua katana de volta, mas a minha ficha caiu assim que ela desapareceu da minha mão, provavelmente tendo retornado ao seu dono logo em seguida.
Esperei até que ele fosse tentar nos atacar novamente, mas para a minha surpresa ele aceitou o que eu havia dito, indo em direção a porta.
Kakashi passou por mim, na intenção de tentar pará-lo, mas o segurei pelo pulso, olhando para ele com reprovação pelo gesto.
— Nos vemos em breve, Hikari. — Matsuo Kaname disse antes de desaparecer pelo corredor.
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O Ninja Que Copiava
FanfictionSemɑnɑs ɑpós umɑ cɑtάstrofe ter ɑcontecido nɑ vilɑ dɑ folhɑ, Momoe Hikɑri, umɑ renomɑdɑ shinobi do pɑís do vento, recebe um urgente pedido de ɑjudɑ vindo de ninguém mɑis, ninguém menos do que Senju Tsunɑde, suɑ velhɑ ɑmigɑ e novɑ Hokɑge do pɑís...