Capítulo 64 - Conselhos

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   Enquanto subia as escadas que levavam ao próximo andar, Kakashi tentou ao máximo se livrar de boa parte daquele aborrecimento que estava sentindo graças a Genma.
Já fazia um bom tempo desde a última vez em que ele havia conseguido tal proeza.

“Acho que já se esqueceu completamente da última lição que eu te dei Genma...”

— Oh! Cuidado Kakashi Sensei!
Kakashi precisou parar de forma brusca assim que notou a presença repentina de Shizune, vindo com aquela enorme pilha de papéis entre seus braços.
— Perdão, eu acabei me distraindo. — Ele saiu do caminho. — Quer ajuda?
— Ah, eu quero sim. — Ela mal conseguia falar direito devido a força que estava fazendo.
Kakashi então pegou a pilha de papéis e em seguida aguardou até que ela conseguisse se recompor do esforço.
— Obrigada Kakashi.
— Onde estava indo com tudo isso? — Ele aproveitou para dar uma espiada na capa da primeira pasta. — Não vai me dizer que são mais relatórios chegando?
— Acertou na mosca Kakashi.
— E deixe-me adivinhar... — Ele olhou pôr sobre o ombro dela. — Não tem mais espaço no escritório.
— Bingo! — Exclamou ela, agoniada só de olhar para a pilha de papéis. — Eu estava indo levar um pouco para Hikari, já que agora ela tem um assistente para ajudá-la.
Ah, sim.
O assistente…
— Sem querer abusar, mas pode me ajudar a levar essas coisas até o laboratório?
— Claro. — Ele disse, tentando ao máximo disfarçar o seu descontentamento com a idéia. — Porque não…?
— Eu nem sei se ela está aqui, mas vou levar logo antes que eu esqueça.
— Ah, ela está sim. Vi ela e Genma indo para lá agora há pouco.
— Menos mal então.
Ambos estavam descendo as escadas quando ele acabou se lembrando de algo de repente.
— Eu preciso falar com Tsunade.
— É algo muito urgente? Talvez eu possa ajudar pois ela tem uma reunião agendada daqui quinze minutos.
Ótimo.
Ele iria precisar adiar ainda mais um assunto do qual já vinha martelando a sua mente havia algum tempo.
— Eu acho que dá para esperar mais um pouco. Aliás, ela disse que tinha algo para me dizer também, você sabe do que ela estava falando?
— Hum…. Sim, eu sei. — Ela olhou ao redor por um momento como se estivesse tentando se certificar de que estavam sozinhos. — Mas é melhor termos essa conversa assim que deixarmos isso no laboratório.
Ele franziu o cenho ao ouvir aquilo.
— Tudo bem.
Assim que chegaram, Shizune bateu na porta algumas vezes antes de abrir.
— Oh, Shizune e… Kakashi, novamente. — Ele olhou para os dois, sem surpresa alguma.
Ele estava sozinho no local, sentado sobre um dos bancos enquanto folheava as páginas de um livro enorme.
— Olá Genma, onde está Hikari?
— Ela foi no banheiro.
— Hum, tudo bem. Kakashi pode deixar em alguma das bancadas por favor.
Kakashi foi até a bancada onde Genma estava e propositalmente colocou a enorme pilha de papéis sobre o livro que Genma estava lendo.
Genma ergueu o olhar e nele continha reprovação por ele ter feito aquilo.
— Quero que passe um recado para ela por favor.
— Claro, pode dizer.
— Ela vai precisar cobrir o turno da noite no hospital principal hoje, um dos médicos não está se sentindo bem. — Explicou ela. — A prioridade é essa, a produção de medicamentos e esses relatórios que trouxe hoje podem ficar para amanhã. Fui clara?
— Foi sim. — Ele se levantou, aproveitando para pegar a pilha de papéis para colocar em outra bancada livre. — Pode deixar que eu aviso ela.
— Obrigada Genma.
Shizune foi em direção a porta e Kakashi também estava prestes a sair quando Genma o chamou.
— O que foi desta vez Genma?
— Se eu fosse você tomaria cuidado com o que está fazendo.
— Do que você está falando?
— Não se faça de bobo, você sabe muito bem do que eu estou falando.
— Você não cansa de ser assim?
— Eu estou falando sério. Depois não diga que eu não avisei.
— Me poupe dos seus conselhos. — Kakashi disse após lhe dar as costas e ir em direção a porta. — Pode guardar todos para você.

                               ***

— É impressão minha ou está emburrado Genma?
Genma ergueu o olhar e logo aquela careta que estava fazendo foi embora. Ele parecia estar tão distraído quando voltei do banheiro que talvez nem tivesse percebido.
— É impressão sua.
— Hum… — Olhei para a pilha de folhas que antes não estava sobre aquela bancada. — Shizune passou por aqui?
— Sim, nos trouxe mais trabalho, e me pediu para te dar um recado.
Após Genma ter dito aquilo, decidi que precisava me preparar para assumir o lugar do médico doente.
— O que está fazendo? — Perguntou ele ao me ver mexendo em minha mala.
— Higienizando os meus materiais.
— No hospital já não tem essas coisas?
— Tem sim.
Ele pareceu confuso.
– Para que se dar ao trabalho então?
— Pelo simples fato de que eles não são meus.
Ele veio até aonde eu estava, olhando o interior da minha mala.
— É muita coisa…
Comecei a puxar algumas das gavetas mais próximas em busca de mais alguns itens dos quais achei que fossem ser necessários manter por perto e em poucos minutos estava tudo pronto.
— Pronto.
– O que vai fazer agora?
Fechei o zíper da pequena mala branca e em seguida esbocei um sorriso.
— Agora eu vou pra casa, preciso descansar um pouco pois irei passar a noite acordada.
— Quer que eu adiante alguma coisa por aqui?
— Não, é melhor você ir descansar... — Pensei melhor ao ver a expressão de reprovação no rosto dele. — …Ou pode ir ver com Shizune se ela precisa de ajuda.
— Nah. Eu sou o seu assistente.
Fiquei sem saber como reagir após ouvir aquilo.
— As ordens foram claras. — Ele disse próximo ao meu ouvido, após parar ao meu lado de repente. — Eu só presto serviço para você, além da Hokage é claro.
Permaneci congelada no mesmo lugar mesmo após ele ter ido embora num piscar de olhos.
Eu estava arrepiada.
Eu nunca sabia o que esperar daquele cara. Genma era uma pessoa imprevisível assim como outra pessoa...
Olhei em direção a uma das gavetas que estava trancada.
Peguei a chave que estava na minha bolsa de armas e por um tempo fiquei analisando ela antes de deixar minha mala no chão, trancar a porta atrás de mim e ir até a gaveta.
Quando finalmente vi o pergaminho que havia deixado ali passei a me sentir incomodada. Afinal, Hiashi havia me deixado em paz, mas eu sabia que aquilo não era um bom sinal.
— Que droga Hiashi… — Sussurrei enquanto puxava o laço que envolvia o pergaminho para soltá-lo. — Você só me causa problemas…
Após deixar o pergaminho aberto sobre a bancada, passei a analisar aquela lista com mais calma.
Por fim cheguei a algumas conclusões…
A lista não era grande.
Eram poucas quantidades de cada medicamento.
Embora alguns ingredientes estivessem escassos, daria para fazer algumas substituições.
Eu possuía um tempo livre antes de ir para hospital, embora o certo fosse ir pra casa descansar.
Droga.
Eu estava enganada.
Eu não possuía escolhas, eu precisava fazer aquilo. Hiashi sabia de uma parte do meu passado do qual eu não gostaria que viesse a tona...


                                ***

O Ninja Que CopiavaOnde histórias criam vida. Descubra agora