Capítulo 65 - Recordação

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  Alguns minutos mais tarde…

— Boa noite, avise Hiashi que eu quero falar com ele, por favor.
— Boa noite. — Respondeu um dos seguranças da mansão após me olhar dos pés a cabeça. — Chegou a marcar um horário com o senhor Hyūga?
— Não, não precisei disso da última vez que vim aqui.
— Para falar com ele é preciso marcar um horário antes.
— Ele anda tão ocupado assim que não pode atender as pessoas?
O homem carrancudo cruzou os braços em frente ao peito e ficou me encarando por um momento, claramente incomodado pelo meu tom de voz.
— Eu estou seguindo ordens. O senhor Hyūga está ocupado no momento, então não poderei deixá-la entrar.
Suspirei.
Era só o que faltava, os funcionários de Hiashi serem tão chatos quanto o próprio.
— Bom, eu preciso conversar com ele, agora.
— Eu já disse, precisa marcar um horário antes de...
Fui em frente antes mesmo que ele terminasse de falar.
Estava disposta a entrar naquela mansão hoje, eles querendo ou não. Afinal, Hiashi sempre me atrapalhava em horários inapropriados mesmo. Eu só estaria retribuindo na mesma moeda.
— Ei! O que pensa que está fazendo garota?! — Gritou o outro assim que me puxou pelo braço. — Isso é invasão de propriedade.
Me soltei com extrema facilidade após usar um jutsu de substituição. Porém, assim que surgi dentro da residência, o outro segurança surgiu na minha frente segundos depois.
— A brincadeira está divertida mas… — Retirei um papel bomba da minha bolsa, mostrando para eles antes de continuar a conversa. — …Eu estou sem tempo para isso hoje.
— Você não ousaria…
Dei de ombros.
— Bom, a escolha é sua. Você chama ou eu chamo?
— Que escândalo é esse na minha residência?!
Ambos olhamos na direção do homem velho que se aproximava de nós a passos lentos enquanto ajeitava o kimono caído em seu ombro direito.
— Boa noite Hiashi. Como vai?
— O que você está fazendo aqui?!
— Hoje achei ser um ótimo dia para vir te fazer uma visita.
A expressão dele me deixou satisfeita, era bom fazê-lo provar um pouco do seu próprio veneno.
— Eu não tenho tempo para ficar jogando conversa fora com você, estou ocupado agora.
— Ah, é mesmo? — Perguntei sem esperar por uma resposta após notar que do lugar que ele havia saído tinha uma mulher nos espionando por entre uma fresta da porta. — Eu sinto muito acabar com o seu divertimento, mas realmente precisamos conversar, agora.
Hiashi me olhou com desprezo, dava para ver as veias se formando em sua testa enrrugada naquele momento.
— Saiam daqui agora mesmo seus imprestáveis! — Hiashi exclamou, completamente irritado.
O segurança que estava na minha frente se virou para me lançar um olhar cheio de ódio do qual retribui com um sorriso debochado.
Em seguida se retiraram do local, nos deixando a sós finalmente, excessão da mulher estranha que continuava nos espiando.
— Não vai me convidar para entrar? — Sussurrei. — Está tão frio aqui fora e eu não estou afim de compartilhar o que eu vim te dizer para a sua amante, que por sinal parece estar bem curiosa a meu respeito.
Hiashi olhou para trás pôr sobre o ombro e assim que a mulher fechou a porta, ele soltou um longo suspiro.
— Venha comigo.
Guardei o papel bomba na minha bolsa e em seguida comecei a seguí-lo para dentro de sua casa.
Hiashi esperou até que eu entrasse para fechar a porta, e em seguida esperou até que eu me acomodasse em uma das cadeiras para fazer o mesmo.
Após cruzar os braços em frente ao corpo, Hiashi me olhou com aquela expressão emburrada que ele costumava fazer sempre que me via.
Estava claramente esperando por uma explicação para eu estar ali uma hora daquelas.
— Da última vez você foi mais educado, chegou a me oferecer chá.
— Garota insolente… Não abuse da minha paciência...
— Nossa que mal humor...
— O que é que você quer?!
Me segurei para não rir naquele momento.

“O jogo virou, não é mesmo?”

Agora era ele quem estava fazendo escândalo e eu estava adorando ver ele perder a linha daquele jeito.
Coloquei a mala sobre a mesa.
— Bom, eu vim trazer o que me pediu/obrigou.
Retirei um pacote marrom de dentro da mala, e nele continha todos os medicamentos dos quais Hiashi havia solicitado.
— Eu havia te dado um prazo.
— Agradeça por eu ter feito. — Coloquei o pacote sobre a mesa, mas a minha vontade era de tacar bem no meio da cara daquele mal agradecido. — E a partir de agora quando quiser algo peça para Tsunade.
Ele ergueu uma das mãos em minha direção, porém não entreguei a ele.
— Eu fui clara?
Hiashi deu uma breve risada antes de arrancar o pacote da minha mão.
— Você está com sorte hoje.
Franzi o cenho ao ouvir aquilo.
— Porque diz isso?
— Como estou sem tempo e paciência para lidar com você hoje, vou deixar pensar que parou por aqui.
Era incrível como ele conseguia ser desagradável em todos os sentidos.
Era uma perda de tempo dizer que não iria mais ajudá-lo.
— Enfim, espero não ver mais a sua cara nem tão cedo Hiashi.

                                  ***

— Boa noite Senhorita Momoe, chegou na hora certa. — Um rapaz de jaleco branco disse assim que me viu chegando na ala cirúrgica. — Me chamo Kinshi.
— Boa noite, aconteceu algo com algum dos pacientes?
— Sim, tem um homem que chegou aqui em estado grave há algumas horas atrás devido a uma facada que levou no estômago. A cirurgia havia sido um sucesso até começar a hemorragia, ele já perdeu muito sangue.
— Me leve até ele agora mesmo.
Os enfermeiros corriam de um lado para o outros enquanto tentavam estabilizar o quadro do paciente.
Após me preparar, cheguei perto do paciente e pedi para que todos me desse um espaço para agir.
Analisando o quadro dele, cheguei a conclusão de que precisaria usar o meu chakra medicinal para conseguir estancar aquela hemorragia de forma mais rápida.
Eu estava pronta para assumir a responsabilidade.
Respirei fundo algumas vezes antes de concentrar o meu chakra na ponta dos meus dedos. Em seguida os aproximei até a área do corte reaberto e ali os mantive enquanto olhava para a tela que indicava os batimentos cardíacos do paciente.
— O que podemos fazer para ajudar? — Uma enfermeira arriscou perguntar.
— Eu preciso que todos vocês se acalmem no momento. O silêncio será de grande ajuda, acham que conseguem?
— Sim.
— Perfeito.
Fechei meus olhos e limpei a minha mente enquanto mantinha o meu chakra o mais estável possível, numa tentativa de regenerar as células do corpo daquele homem.
Alguns minutos depois o pior parecia que estava prestes a acontecer. A máquina passou a apitar, indicando que os batimentos cardíacos dele estavam caindo ainda mais.
— Os batimentos dele estão caindo! — Exclamou uma das enfermeiras.
— Não está adiantando, ele não está reagindo... — Disse o outro, deixando todos ainda mais aflitos dentro daquela sala.

    “— Porque desistiu de fazer cirurgias Hikari? — Gaara perguntou de repente, me tirando dos meus próprios pensamentos.
Estávamos sentados, um do lado do outro em um banco que ficava na frente da minha casa, admirando a bela paisagem ao nosso redor.
A vila estava calma naquele final de tarde, como costumava ser no país do vento.
— Bom, surgiram outras prioridades no momento, você sabe, após a morte do seu pai. Então o conselho achou melhor eu dar um tempo de ficar no hospital no momento.
— Você nunca obedece o conselho, bom, não facilmente.
Fiquei surpresa pelo fato de Gaara já me conhecer melhor do que muita gente mais velha do que ele. 
— É verdade, eu admito. Mas eu preciso seguir as ordens do conselho mesmo não gostando de boa parte delas.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Pode sim.
— Você desanimou da medicina após o meu nascimento?
Fiquei chocada após ouvir aquilo.
Ao ponto de nem conseguir respirar devido ao aperto no peito que passei a sentir.
— Que tipo de pergunta é essa Gaara…?
Ele desviou o olhar e eu podia jurar que aquela pergunta devia estar martelando a mente dele há muito tempo.
— Me disseram que tudo era diferente antes disso ter acontecido.
— Quem te disse isso?
Ele não respondeu.
A minha mente estava tão confusa pelo assunto daquela conversa que mal conseguia pensar em quem poderia ter dito algo tão cruel para ele.
— Claro que foi um baque muito forte para todos nós mas fizemos tudo o que podíamos naquele momento. — Tentei explicar da forma mais clara que consegui. — Ser um médico não é nada fácil. Ter que lidar com a morte das pessoas é a parte mais difícil. Entretanto, graças ao nosso conhecimento e dedicação conseguimos salvar muitas vidas. É uma das motivações pelas quais eu quero continuar fazendo isso.
— Entendi.
— Eu não sei quem foi que te disse aquilo, mas não é verdade. Eu fiquei feliz com o seu nascimento, assim como os seus pais também. — Apoiei uma das mãos sobre o ombro dele. — Eu só fiquei triste por não ter tido mais opções para tentar salvá-la naquele momento.
Gaara olhou em meus olhos e naquele instante eu quis muito saber ler mentes para saber o que se passava na dele.
— Volte para o hospital Hikari.
— Gaara…
— Ao contrário de algumas pessoas, você possui o dom. Já demonstrou isso salvando tantas vidas aqui na vila e fora dela também.
Sorri ao ouvir aquilo.
— Bom, eu não sei se o conselho vai gostar da ideia, mas eu posso tentar convencê-los.”

O Ninja Que CopiavaOnde histórias criam vida. Descubra agora