Capítulo 66 - Tarefas

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   “Obrigada por confiar em mim, Gaara.”

Aquela recordação me trouxe ainda mais confiança para lidar com a situação.
Gaara confiava no meu potencial, assim como Tsunade também ao ponto de deixar uma responsabilidade como aquela nas minhas mãos.
Era mais um caso de vida ou morte.
Em todos esses anos em que estive exercendo a medicina, eu havia presenciado milhares de casos, um pior do que o outro. Mas nada se comparava as mortes das quais tive que lidar, das quais tive que superar para continuar em frente com um dos meus propósitos que era o de salvar vidas.
Eu precisava manter isso sempre vivo em minha mente.
Após aumentar a intensidade do meu chakra, me concentrei em regenerar toda a parte que havia sido dilacerada no estômago dele.
A meta agora, além de parar a hemorragia, era tentar fechar aquela ferida enorme e cicatrizá-la o máximo possível para que uma nova hemorragia não ocorresse novamente.

“Eu vou precisar que você seja forte…”

Respirei fundo mais algumas vezes, tentando bloquear qualquer pensamento aleatório que pudesse me tirar a concentração naquele momento. Eu precisava de foco, não podia desestabilizar o chakra ou teria que recomeçar do zero. Porém, devido a intensidade que estava usando o meu chakra, e o procedimento de regeneração ser longo demais, eu não teria chakra o suficiente para conseguir em uma segunda tentativa.
Forçar o uso de chakra me resultaria em perda de consciência por alguns dias ou na pior da hipóteses, a morte.

Embora fosse difícil manter o uso contínuo do chakra naquela intensidade toda, a parte mais difícil durante o procedimento era manter a minha mente vazia. Quanto mais o corpo começava a ficar cansado, mais a mente insistia em tentar me sabotar.
Olhei para a tela da máquina após mais alguns longos minutos, os batimentos dele ainda permaneciam baixos mas pelo menos ele permanecia vivo.
Embora a tensão ainda estivesse no ar, a equipe médica cumpria a promessa, permanecendo todos em silêncio e eu era grata por isso.
Eu não podia me distrair.
Eu não podia desistir…
Eu não…
Oh… Meu Deus…
Fechei um dos olhos em reação a fisgada que senti na região do meu pescoço.
Respirei fundo algumas vezes tentando me recompor.
Eu sabia muito bem o que aquela dor queria dizer.
Era o selo querendo se manifestar devido ao uso excessivo do meu chakra…
O bom era que eu já estava preparada psicologicamente para aquilo, pois aquela não era a primeira vez que havia acontecido, ainda mais durante um procedimento médico arriscado.
Eu sabia que ainda tinha tempo até essas dores se transformar em algo pior então só teria que lidar com elas até lá.

Uma hora já havia se passado desde o início do procedimento e eu seguia o mais firme e forte que conseguia naquele momento de exaustão e dor que estava ficando cada vez mais insuportável de lidar.
Embora a dor fosse a pior parte agora, pelo menos ela me ajudava a manter minha mente vazia facilmente.
Boa parte da regeneração estava concluída, faltava pouco…
Os batimentos do paciente estavam voltando ao normal, mas eu não podia baixar a guarda ainda, qualquer movimento em falso botaria tudo a perder, ainda mais do jeito em que eu já estava…
— Algum de vocês pode me trazer um balde com bastante gelo por favor…?
— Pode deixar que eu pego. — Disse um dos enfermeiros antes de sair da sala.

Acabei perdendo a noção de quanto tempo havia se passado até eu começar a sentir muita fraqueza no corpo. E eu só parei quando finalmente senti meus dedos formigando ao ponto de eu não conseguir mais mantê-los abertos.
Entretanto, o procedimento estava finalizado, havia dado tudo certo.
Não havia mais sangramento.
Não havia mais cortes.
E o melhor, não havia tido uma morte dentro daquela sala.
— O procedimento está pronto. Já podem levá-lo para um dos quartos.
Passei por entre os enfermeiros que me olhavam com um brilho de admiração no olhar e em seguida fui cambaleando até próximo a saída.
Me encostei em uma das paredes e me agachei alí mesmo antes que acabasse caindo no chão.
— Você está bem?! — Perguntou um dos enfermeiros ao me ver daquele jeito.
Assenti.
— Eu só preciso de alguns minutos para conseguir me recompor.
— A sala de descanso fica ao lado, quer que eu te leve até lá?
— Não precisa. Na verdade eu só preciso do balde com gelo agora.
Ele foi buscar o balde que seu colega havia ido buscar e em seguida me trouxe.
— Obrigada.
Deixei as mãos entre os cubos de gelo e a sensação de alívio foi instantânea.
Em seguida levei um cubo de gelo sobre a região onde ficava a minha marca e por um tempo fiquei massageando.
— Ela está bem?
— Ela vai ficar. Usou chakra demais então precisa descansar um pouco.
Nem ergui o rosto para ver quem era, eu só precisava tentar me livrar daquela dor o mais rápido possível ou não conseguiria me manter de pé.
— O procedimento foi um sucesso, o paciente está respondendo bem aos exames!
— Graças a Hikari.
— Sim!
Era bom ver que aquele caso teve um final feliz.
O paciente havia sido levado para um quarto e o caso estava encerrado.
Após alguns minutos de repouso já me sentia um pouco melhor então aproveitei para ir ver os outros pacientes que estavam internados, mesmo com a equipe não tendo gostado nada da ideia pois eu ainda estava um pouco fraca devido ao uso de chakra.
A maioria deles estavam bem, os que não estavam iriam ficar após o efeito dos remédios então eu não teria muito com o que me preocupar pelo resto da madrugada. 

O Ninja Que CopiavaOnde histórias criam vida. Descubra agora