Capítulo 10 - Laboratório

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Estava tão empolgada com o meu novo local de trabalho que acabei perdendo a noção de quantas horas passei dentro daquele laboratório produzindo as diversas fórmulas necessárias para a criação de cada medicamento que estava sendo solicitado naquela lista que Shizune havia me passado mais cedo.
O estoque de materiais estava bem abastecido então não tive nenhum contratempo durante a realização dos procedimentos, e após decorar os lugares de cada um ali presente, eu já conseguia me sentir em casa.
Haviam poucas coisas na vida que ainda conseguiam me deixar feliz e por incrível que pudesse parecer, trabalhar era uma delas. Fosse realizando qualquer tipo de missão ou produzindo medicações para salvar a vida de alguém me fazia sentir viva, realizada, útil.
Muitos consideravam isso um problema sério, um vício, e outros uma estranha obsessão. Mas, para mim, era apenas mais uma paixão inexplicável.
Era algo que conseguia me manter distraída e eu sentia a necessidade de viver distraída após alguns acontecimentos (traumáticos) do meu passado.

Estava tão imersa naquele silêncio maravilhoso e absoluto que quando ouvi as batidas na porta acabei tendo um pequeno sobressalto do qual precisei de alguns longos segundos para conseguir me recompor.
- Pode entrar.
Voltei a minha atenção para a maleta da qual eu estava organizando os medicamentos em ordem alfabética enquanto esperava, quem quer que fosse, a pessoa atrás daquela porta entrar na sala.
- Com licença, tem um minutinho? - Perguntou uma voz masculina desconhecida que acabou conseguindo chamar a minha atenção.
Embora eu ainda não o conhecesse, me lembrava claramente de tê-lo visto durante a reunião mais cedo.
Logo fiquei aliviada por ele não ter sido nenhuma daquelas pessoas das quais chegaram a me fuzilar com os olhos ou palavras dentro daquela sala.
- Claro. - Larguei o que estava fazendo e em seguida comecei a tirar as luvas, deixando as mesmas sobre a bancada. - Fique a vontade.
Após ter a minha confirmação, ele entrou no laboratório e fechou a porta antes de dizer:
- Primeiramente, peço desculpas por estar te atrapalhando.
Apenas pelo olhar sincero dele, pude sentir que ele possuía uma boa energia espiritual. Um homem de belo sorriso e boa aparência, fora que possuía uma ótima postura corporal.
- Fique tranquilo, eu já estava na reta final aqui. - Lhe dei um sorriso gentil, do qual ele retribuiu. - Aliás, como se chama...?
- Asuma. - Respondeu ele após se aproximar e erguer a mão em minha direção. - Me chamo Sarutobi Asuma.
Ergui minha mão para cumprimentá-lo.
- Prazer em conhecê-lo... Posso te chamar de Asuma?
- Claro, e o prazer é todo meu.
- Mas e então, Asuma... A que devo a sua visita?
- Bom, antes de mais nada eu queria te agradecer pessoalmente por ter vindo nos ajudar.
O meu sexto sentido não falhava...
- Oh... - Mal pude disfarçar a surpresa em meu rosto ao ouvir aquilo. - Muito gentil da sua parte.
- Também vim para pedir desculpas em nome dos outros Jounnins. - Dizia ele enquanto dava alguns passos pelo laboratório agora. - Eles estão em um alto nível de estresse ultimamente, mas isso não justifica o modo como disseram aquelas coisas.
Foi impossível não ficar tocada por tamanha gentileza vinda daquele homem. Assim como Kakashi, Asuma também parecia ser um homem de boa índole.
- Bom, é como você disse, eles estão estressados... Estão tendo que lidar com muita coisa no momento após o que aconteceu aqui, o que é compreensível. - Comentei. - E além do mais, eu estou meio que acostumada com esse tipo de tratamento.
Asuma franziu o cenho ao ouvir o que eu havia dito.
- O quis dizer com esse tipo de tratamento?
Olhei nos olhos dele e por um breve momento fiquei me perguntando se devia ou não ir adiante com aquele assunto que eu mesma havia começado, pois eu odiava entrar em detalhes sobre qualquer coisa que envolvia o meu passado.
- É uma longa história... - Murmurei, com um leve pesar em meu tom de voz. - Mas, resumidamente, tem fases do meu passado das quais não me orgulho nenhum pouco.
Logo senti que Asuma precisou de alguns longos segundos para conseguir entender aonde eu queria chegar com aquela conversa.
- Bom, sendo sincero, eu acho que nenhum ninja conseguiria chegar a um alto nível sem ter que tomar decisões difíceis.
Suspirei.
Eu sabia que ele tinha razão, mas no meu caso envolvia muito mais coisas podres que estavam muito bem escondidas debaixo do tapete atualmente.
- Desculpe, não era a minha intenção entrar num assunto tão delicado.
- Tecnicamente, fui eu quem entrou nesse assunto. - Lembrei ele. - É melhor se acostumar, pois eu costumo fazer isso com frequência. - Comentei em tom de brincadeira, afim de quebrar aquele clima sério entre nós.
Por sorte deu certo, pois Asuma esboçou um largo sorriso.
- Quero que saiba que pode contar comigo para o que precisar Hikari.
Trocamos olhares sinceros e em seguida tirei o jaleco branco do qual eu estava usando.
- Eu lhe digo o mesmo Asuma. Aliás, irá para algum lugar importante agora?
- Não, eu estou livre por hoje.
- Quer dar uma volta?
- Claro, porque não?

Após terminar de organizar o laboratório, Asuma e eu pegamos todas as maletas que continham os medicamentos dos quais eu havia produzido e após avisarmos Shizune que nós mesmo faríamos aquela tarefa, juntos fomos distribuir todas elas por Konoha.
A tarefa acabou se tornando fácil, pois Asuma me ajudou a encontrar todos os postos e hospitais da vila, o que nos poupou bastante tempo. Então, como forma de agradecimento levei Asuma até um pequeno restaurante que ficava próximo de onde estávamos.
Iruka aceitou me fazer companhia, o que foi bom, pois mais uma vez tive companhia durante uma refeição.

***

O Ninja Que CopiavaOnde histórias criam vida. Descubra agora