❤Capítulo 3

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— Tia Ághata! Tia Ághata! — escuto a voz ofegante de Thomaz atrás de mim, antes de abrir o meu carro

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— Tia Ághata! Tia Ághata! — escuto a voz ofegante de Thomaz atrás de mim, antes de abrir o meu carro. Viro-me e o vejo correndo em minha direção. Ele para em minha frente, inspira e expira algumas vezes, afim de controlar a respiração, e logo descubro o motivo da sua correria — Eu posso passar o dia na clínica com você? Prometo não mexer em nada e ficar quietinho enquanto você trabalha.

Trabalho como voluntária na ONG nas sextas e sábados, e o resto da semana na minha clínica veterinária que abri a menos de um ano. Hoje é segunda-feira e vim bem cedo até a ONG, só para trazer para Pablo, diretor da Organização, o projeto que idealizei, juntamente com Zoe, minha melhor amiga, para tirar os adolescentes do tráfico e colocá-los dentro da escola. Sabemos que não será uma tarefa fácil, visto que a vida do crime oferece a esses adolescentes uma vida de poder e principalmente dinheiro, muito dinheiro, e eles trocarem tudo isso por livros e cadernos é quase impossível. Mesmo assim, estou disposta a tentar. Pablo vai enviar o projeto para França para ele ser avaliado pelos padrinhos da ONG. Se for aprovado, rapidamente daremos início a ele.

— Oi Thomaz! Achei que estivesse na escola — digo, o abraçando.

— A escola está sem água! Roubaram a bomba que leva água até as caixas. Já é a terceira vez que fazem isso. A diretora Carminha sempre substitui as bombas com seu próprio dinheiro, para que a escola não feche e cancele as aulas, mas ela disse que dessa vez não vai poder comprar, porque ainda está pagando a última bomba que comprou, a menos de três meses — ele explica olhando para mim. 

— Onde fica sua escola? — pergunto.

— Lá em cima! Bem no meio da comunidade — Ele aponta para uma rua estreita, ao alto.

Olho para o relógio em meu pulso e vejo a hora. São quase sete e meia. Abro a clínica às 8. Tenho um cliente marcado para às 9 horas. Acho que dá tempo fazer o que estou pensando.

— Pode me levar até lá?

Ele me olha admirado por alguns segundos, como se fosse algo absurdo o que eu estivesse pedindo, até balançar a cabeça que sim.

— Só preciso avisar para minha avó! Espera só um minuto, tia Ágatha — ele fala e sai correndo para dentro da ONG.

Parece loucura o que vou fazer, mas não posso deixar as crianças da comunidade sem aula. Nunca subir até lá. Meu limite sempre foi até a Organização. Minutos se passam até Thomaz surgir ao lado da dona Zuleica, sua avó, cozinheira da ONG.

— Thomaz me disse que vai até a escola dele — ela diz, assim que para em minha frente. Fico surpresa ao vê-la se dirigir a palavra a mim, já que é uma pessoa tão introvertida, calada.

 Assinto com um discreto maneio de cabeça, no mesmo instante que lhe ofereço um leve sorriso. 

— Melhor que não vá até lá. Pode ser perigoso para você, senhorita Ághata — as palavras dela saem baixas.

Quebrando Regras (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora