§Capítulo 35§

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Lylian

Estou prendendo Valkin de costas para cima contra o chão. Pedi que as sombras drenassem sua energia para que ele não fugisse em forma de raio. E assim que terminaram de drenar tudo, Valkin nem percebeu por estar tão concentrado no irmão que assistia tudo atrás de um muro mais a frente.

Começo a chorar pelo oque vou fazer. Eu não tenho mais tempo, não posso mais esperar, tenho que acabar com isso aqui e agora... Só não queria que fosse na frente de Vítme.

-Me desculpe Vítme, não queria que você visse isso. - sussurro para ele que parece ter entendito oque eu falei.

Invoco a mesma faca que usei com meu pai que se materializa de obsidiana com a lâmina de prata.

-Me desculpe Vítme. - Valkin sussurra com voz de choro e aquilo acaba comigo.

"As asas dele, não precisa matá-lo. Apenas corte as asas dele". Aquela voz masculina reaparece e respiro fundo.

-Valkin... Me desculpa... - a lâmina da faca fica completamente negra assim como os meus olhos.

Com a faca, rasgo a blusa de Valkin, deixando suas costas a vista. Arrasto levemente os dois dentes da faca sobre as costas de Valkin, que começa a gritar com a dor.

Uma linha negra aparece onde eu passei os dentes da faca e feixes negros saltam da linha.

Valkin começa a gritar como um louco e suas asas são obrigadas a sair.

-LYLIAN, POR FAVOR NÃO! POR FAVOR! - grita sem parar. Minha vontade era deixá-lo ali, mas não podia, não posso ser fraca agora.

Seguro os braços de Valkin com os joelhos e fico em cima de uma das asas, segurando a outra com minha mão esquerda e preparando o golpe da faca com a direita.

Apoio a lâmina curva no osso da asa laranja, preparando para o golpe e cerro sua asa.

O grito dele é agonisante e ensurdecedor, chamas laranjas começam a sair do osso partido. Jogo a asa cortada na frente de nós dois, ela começa a se debater e uma por uma, suas penas se tornavam plasmas laranjas lentamente.

Apoio a lâmina da faca no osso da outra asa e a arranco, a jogando em cima da outra e as duas se debatem .

Os gritos de Valkin se tornam maiores, de repente, uma luz laranja toma conta de seu corpo e se intensifica junto com as asas que se debatiam a nossa frente.

A luz se torna cegante fazendo eu e Vítme, que ainda estava atrás do muro a poucos metros de nós e das asas, fecharmos os olhos com força. Vítme se esconde atrás do muro e coloco os braços crusados em cima dos olhos, ainda segurando a faca, e viro o rosto para o lado segundos antes de tudo se tornar um clarão.

(...)
Quando a luz se cessa, os gritos de Valkin cessam juntos com ela. Tiro os braços de cima dos olhos devagar e Vítme emerge do muro com a mesma velocidade.

Quando minha visão volta aos poucos, vejo que ainda estou em cima de Valkin, que agora se encontrava desacordado. Suas costas não tinham nenhum vestígio das asas ou da linha negra que estava ali, estavam completamente intactas.

Ergo o olhar e vejo uma esfera de plasma laranja na minha frente cheia de raios se contorcendo dentro dela.

Me levanto e Valkin solta um gemido, Vítme se aproxima correndo vendo que o irmão ainda estava vivo.

-Vítme?... Onde a gente está?... Não estava de dia agora pouco?... - pergunta parecendo meio tonto. Vítme olha para mim confuso com as perguntas, mas eu entendo oque significavam.

-Ele não se lembra de nada desde aquele dia. - falo com os olhos marejados. - Ele não se lembra de nada do que aconteceu nos últimos três anos. Prefiro que continue assim. Ele é humano agora. - sorrio em meio as lágrimas. - Ele pode finalmente voltar para casa. - lágrimas surgem nos olhos de Vítme que também começa a sorrir incrédulo.

-Do que vocês estão falando? Quem é ela? Cadê a mãe e o pai? Oque raios aconteceu comigo? E que bola é essa? - pergunta enquanto tenta levantar, mas acaba cambaleando e precisando da ajuda de Vítme. Encaro os olhos de Valkin, e eles não são mais azuis, são castanhos profundos, o cabelo não tinha mais luzes, era apenas loiro agora.

-Queria que tivesse outra saída Valkin. Queria mesmo. Mas... - fungo e olho para a esfera de plasma laranja que tinha raios dançando dentro dela.

-Obrigado Lylian... Obrigado por devolver meu irmão... - Vítme sussurra e assinto com a cabeça.

Acompanho Vítme e Valkin até a casa deles e comprimento seus pais. Depois que Vítme garantiu que Valkin estava dormindo, ele me acompanha para fora da casa e fica encostado contra a base da porta observando eu abrir as asas completamente negras.

-Melhor eu ir embora. Cuida dele tá. - falo me virando para voar.

-Espera! Mas vocês não são namorados? - suspiro com a pergunta e explico tudo oque Valkin fez contra meus amigos, a mim, aos Guardiões e a Tarin.

-Valkin fez mesmo tudo isso? - sussurra quase que para si mesmo.

-Infeslismente sim. Queria que fosse mentira mas não é, se cuida tá? E cuida do seu irmão também. Ele merece um futuro bom.

-Obrigado Lylian. Ele realmente não se lembra de nada?

-Não... - encaro a esfera laranja na minha mão. - Acho que é isso que acontece quando um Herdeiro perde os poderes. Adeus Vítme, se Maia seus pais, ou até mesmo Valkin, perguntarem sobre mim, fala que eu tive um imprevisto e tive que voltar para Nova York.

-Tudo bem. Vou poder te ver novamente?

-Temo que não... E acho que assim será melhor, para você e para o resto de sua família. Você e Maia tem um futuro promissor.

-Como sabe disso? - pergunta corando e sorrio achando graça.

-Um de meus poderes é o de ver o futuro. - sorrio ao ver os olhos do jovem brilharem. - Adeus Vítme! - grito assim que alço vôo indo em bora.

-Adeus Lylian! - grita de volta acenando e eu devolvo o aceno sumindo de sua vista e invoco minha armadura de couro, é muito ruim voar de vestido, quanto mais um indiano!

Chegando na praia, que estava vazia, pouso na areia e me sento cansada da distância que percorri com a velocidade máxima das asas.

-Kalil... - sussurro e meus olhos ficam roxos.

§Guardiões da Terra 2: Treinando o Herdeiro do Ar§ [SENDO REESCRITO]Onde histórias criam vida. Descubra agora