48. - Caos.

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Eu abro e fecho minha mão a fim aliviar a dor em meus músculos — e cada articulada meus ossos estralam. Suspiro fundo, entre os dentes, levando minha mão ao pescoço, ainda sentindo o suor frio percorrer sobre ele. Fito abaixo vendo a garrafa gelada de água suar sobre o chão, só consegui dar dois goles, apenas dois goles apesar da minha boca estar seca. Quando subo meu olhar sinto os olhos de James sobre mim, vejo que ele me encara, como na última hora e vinte e dois minutos desde que coloquei meus pés para fora do carro — ou melhor, joguei-me dele. Por sorte, a pessoa do qual bati o carro era alguém que eu conheço, bem, conheço não é a palavra correta, eu o reconheci, o doutor Darrell Remer — que tirou o meu sangue no hospital quando fui com Aaron —, e ele por sua vez não estava sozinho, no carro também tinha Almeda Moore, a ginecologista, cidadezinha pequena essa.

Eu estreito meus olhos através das três pessoas, vendo que o doutor Darrell ainda conversava com a polícia. A rua inevitavelmente virou uma bagunça com o acidente, mas por sorte ninguém se machucou. Meu carro estava prestes a ser guinchado, mas não antes de James e um mecânico dar uma olhada sobre o capô levantando; ambos permaneceram vinte minutos avaliando a situação antes de chegarem a um veredito, e quando isso ocorreu, o guincho foi feito. Observei o Maserati adentrando o pequeno caminhão. Sua lataria estava arregaçada e a roda do lado esquerdo torta, um buraco tomava forma aonde o carro bateu, e para tudo que ocorreu, o dano foi no mínimo pequeno, quero dizer, sobre o carro. Ainda me lembro das exatas palavras do doutor Darrell quando ele se aproximou de mim: "Ela está tendo um ataque de pânico", disse ele, olhando para Almeda Moore "Me ajude aqui, Alme. Ela precisa se acalmar." Ele estava tão firme sobre isso e só me viu uma vez, como ele poderia afirmar este tipo de coisa? Principalmente sendo um doutor? Eu não faço ideia, mas a única coisa que sei é que Almeda veio ao meu resgaste, me obrigando a respirar com calma, e após uns longos minutos, isso veio a acontecer. Mas assim que parei, James me olhou torto, como se eu fosse explodir a qualquer momento, e pelo modo que me sentirá agora pouco, não duvidava do fato.

Mas ataque de pânico ficou em minha cabeça. Justin já disse isso a mim, um ataque de pânico, por que eu teria um ataque de pânico? Doutor Darrell perguntou e James afirmou convictamente que iríamos descobrir uma vez que minha visita com a psicóloga seria na terça. Estou tão animada, de forma geral. A polícia foi uma formalidade, tínhamos que fazer uma ocorrência e pagar o estrago que fizemos no carro do doutor Darrell, o segundo não era um problema, mas o primeiro desistimos assim que vimos a hora. Justin ligava insistentemente em nossos celulares, e sabia o porquê, as horas voam.

Ao meu ver, James resolveu tudo, falou com os polícias — disse que era ele que estava dirigindo, uma vez que eu não deveria estar fazendo isso, não sem os procedimentos padrões para minha carteira temporária e com um maior de vinte e um. —, Mas, tudo ocorreu bem, eles acreditaram e ninguém desmentiu, ele falou também com os doutores, com o mecânico e o cara do guincho, ligou para Leonard pra vim nos buscar, e assegurou que tudo seria pago, e o doutor Darrell concordou calmamente, até porque não tem como um Bieber fugir, todos sabem aonde eles moram. De todo modo, eu já estava tempo demais petrificada contra o chão, tentando entender o porquê do meu corpo ter entrado em colapso, a sensação angustiante que algo ruim estava prestes a cair na minha cabeça e me esmagar. Não gostei da sensação, tenho que resolver esse problema. Problema. É o que a doutora Almeda Moore acha que tenho quando se aproxima de mim.

— Tente achar a causa do seu problema, Hadley, e assim que isso acontecer, ficará tudo bem. — Ela me deu um sorriso gentil, apertando o meu braço e eu concordei, forçando um sorriso.

— Obrigada, doutora Moore.

— Não há de que. Fique bem, ok? — Eu concordo, vendo o táxi que o doutor Darrell pediu se aproximar, seu carro também iria para o guincho, ficou pior do que o meu. O mesmo acenou de longe, e eu retribui com um aceno de cabeça, vendo James se aproximar de mim assim que o policial o liberou.

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