62. - A vingança é um prato que se come frio.

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Se fosse para mim adivinhar, eu não conseguiria, não sou como ele, não consigo planejar três passos à frente sem saber pelo menos o primeiro passo, e mesmo sabendo que algo errado ocorre, não consigo adivinhar, não consigo explicar, muito menos recuar. Não sei o que isso significa, se quis evidenciar o seu poder, eu já o vi, mas agora se quis dizer outra coisa, algo além disso... Eu não sei. Só fico rolando e rolando a tela do notebook, olhando as fotos como um ato compulsório.

Quando o primeiro sinal da aula bateu, eu fechei o notebook com violência, observando a sala de aula se encher. As pessoas vivem suas vidas, o tempo passa, coisas acontecem, e eu continuo aqui, nesse redemoinho.

Na hora do almoço, descobri na porta da cantina que meus amigos tinham outros planos, o que me fez dar meia-volta, porque de forma alguma ficarei na cantina sozinha. Aproximando-se da saída, esbarrei com Jason, que grudou o braço ao redor do meu pescoço, me arrastando de volta.

— Aonde vai? — Suspirei, fincando meus pés nos chãos para que ele não me puxasse mais.

— Almoçar.

— E por que não na nossa cantina maravilhosa? Soube que hoje tem tacos! — Eu sorri.

— Você odeia a comida da escola, então pare de fingir entusiasmo. E para responder, meus amigos resolveram comer outras coisas agora, portanto estou sozinha. — Ele sorriu por um momento, e depois cruzou o cenho, entendendo o que eu disse.

— Ah... — Riu. — Não seja por isso, eu me sento com você.

— Em todo tempo que nos conhecemos você nunca se sentou comigo a mesa, Elliott. — Ele me olhou dramático.

— Tem razão, eu não posso mudar isso agora, você vai acabar com a minha reputação! — Rolei os olhos, e ele voltou a colocar o braço sobre os meus ombros, me virando. — Estou brincando, vamos lá, eu vou almoçar hoje com você.

Ergui uma sobrancelha, vendo alguns de seus amigos encostados aos armários.

— Tem certeza? Eu posso ir sozinha, eu realmente não vejo problema. — O mesmo deu de ombros, e suspirou.

— Hadley, não tem nada melhor no mundo para mim do que sua doce companhia.

Eu ri. Realmente queria acreditar nisso.

Saímos da escola e andamos mais duas quadras até chegar em um restaurante mexicano do qual eu e Teryn viemos uma vez. Eles têm uma comida muito boa e diferenciada, e desde que experimentei várias comidas em Orlando, peguei gosto a coisa. Almoçamos até que bem rápidos, e depois compramos um sorvete, logo voltando a escola.

As aulas voaram durante a tarde, e a volta para casa finalmente chegou. É hoje que iremos escolher as novas cozinheiras, o que não me anima nem um pouco. Na próxima semana as provas acontecem, e, pelo visto, minha rotina também terá que mudar. De toda forma, a vida continua como se nada tivesse ocorrendo.

Assim que cheguei à mansão Bieber já fui direto para a cozinha principal, e no meio do caminho, enquanto eu ia, fiquei me indagando como iremos escolher as cozinheiras, através do currículo? Eu realmente não me importo com as credenciais se ela saber cozinhar e não tentar me envenenar. Porém, descobri logo que o teste seria através de comidas feitas pelas próprias antes de chegarmos lá.

Havia uma mesa do lado de fora, e em um corredor depois da cozinha se encontrava duas das nossas futuras cozinheiras. Uma garota do qual não sei o nome, mas baixa que eu, vestida com um terninho preto me pediu para me sentar ao lado de Jansen, que já havia chegado — mais rápido do que eu, a propósito —, e logo em seguida colocou uma comida que eu não sabia o que era, e nem tive vontade de comer a minha frente. Já não gostei dessa.

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