Black Sea

28. - Não é só você que sabe brincar.

Sabe aquela sensação quando você está dormindo e pensa que está caindo? Aquele desespero iminente, porém momentâneo que leva uma onda de choque por todo seu corpo antes de você se mexer.

Mas nesse caso, eu me sinto paralisada. E um momento parece muito. A água fria da noite congelou cada célula do meu ser e rapidamente eu afundei, levando ao um desespero quando a água entrava. Uma escolha poderia ter mudado tanta coisa essa noite...

Minha garganta queima de imediato e eu sinto a água entrando pelo meu nariz. Não importava o quanto eu me movesse, sabia que estava afundando. Abro meus olhos sobre a água agora escura, não conseguindo ver nada além do casco do iate. A única coisa que ouvia com clareza era a água entrando, enchendo-me. Então, de repente, a sensação de queimação passou, dando lugar a tosse engasgada, cuspindo para a fora. Havia voltado a superfície.

Justin enrosca um braço em volta do meu pescoço, me puxando. Podia ouvir o barulho das suas braçadas contra a água e os gritos que vinham do iate, entretanto parecíamos ficar mais longe dele a cada instante, para meu pequeno alívio.

A sensação de estar sendo arrastada não era boa, mas acreditava que o trabalho era mais difícil para quem estava me puxando. Ele estava cansado, pela sua respiração densa, dava para notar. Bato meus pés contra a água, sentindo Justin afrouxar o braço.

— Hadley, vamos parar, estou ficando cansado. — O mesmo anuncia, dando algumas braçadas antes de chegarmos a uma boia gigante, do qual ele me apoia, puxando-me para cima, antes de subir. Passo as mãos sobre o meu rosto, puxando meus fios de cabelo e observo Justin fazer o mesmo, retirando os seus. Engulo a bile que sobe a garganta, ouvindo sua respiração descompassada.

— Foi por pouco. — O mesmo diz em uma risada seca, balançando a cabeça com força. O encaro incrédula.

— O quê? Que morremos?! — Rosno, e ele ri novamente, retirando a água do seu ouvido.

— Não é pra tanto. Eles não iriam nos matar. — Sua voz soa sombria, me fazendo morder minha boca. Sacudo-me sobre meu eixo, embalando-me em meus braços, não queria nem imaginar o que eles queriam fazer conosco.

— Eu não acredito que você me empurrou na água! — Grito em choque, lembrando-me. Justin puxa o ar, indiferente.

— Bem, não é como se eu tivesse deixado você se afogar, não é? — O fito com ódio.

— Ah é, seu idiota? O que teria acontecido se você não tivesse me encontrado, huh?

Ele ri, com obviedade.

— Bom, você teria morrido.

Devolvo a risada com irritação.

— É, possivelmente, seu babaca. Foi sorte! Pura sorte! Você foi completamente irresponsável! Eu poderia ter morrido, sabia?! Aaargh!

Justin suspira com exaustão, passando a mão sobre o rosto.

— Mas não morreu, não é? Então para. Só para. Um minuto.

Eu engulo a tensão, a raiva, o medo fodido que envolve em meus ossos, porque por um lado Justin não parecia totalmente frio com a situação, apesar da sua feição. Eu tento respirar fundo, colocar minhas ideias em ordem, contudo meu corpo parecia petrificado, com o choque entrando. É então de repente, que minha cabeça acende e pergunto rapidamente:

— Espera, eles deram um tiro. Acertou você? — Disparo imediatamente, procurando com os olhos. Ele estava nadando e respirando, então podia concluir que o mesmo estava bem, porém perguntar não vai me matar. Justin dá um sorriso frio pra mim, respondendo: