52. - Última chance.

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Sinto que estou me afogando, não tem ar, não tem barulho, e nada vejo além do meu corpo afundando lentamente enquanto não posso fazer nada. A sensação é ininterrupta e se espalha. Não parece ter um fim, porque nada que eu faça parece surgir efeito, só continuo afundando, e afundando, sem parar. É sufocante, e está me engolindo, é paralisante, porque não consigo me mover. Eu quero que pare, mas não consigo fazer parar. E é isso que um ataque de pânico é.

Adentrei a mansão Bieber rapidamente, mas a meio passo disso, o ar me faltou, a visão turvando a cada piscada, e a sensação sufocadora que algo está prestes a cair sobre minha cabeça me atingiu. Não consigo controlar minha respiração, não consigo permanecer em linha reta, e meu coração bate alto em meus ouvidos, turvando os meus sentidos. Sinto que vou explodir a qualquer momento, sinto que vou sufocar. As lágrimas quentes escorrem pelo meu rosto e as paredes ao meu redor parecem se comprimir ao meu redor, minhas pernas fraquejam e tento me apoiar na parede, contudo, o chão parece bambo sobre os meus pés, mas sei que ainda estou no hall, mal saí dele. Droga. Eu só quero que isso pare, só quero que pare.

Levo minhas mãos a minha cabeça, puxando meus fios de cabelo com força, só quero que pare, eu preciso parar. Respire, respire, respire. Eu não consigo. Não consigo respirar. Por favor, por favor, por favor, eu preciso que pare. Hadley! Eu ouço sua voz, eu sinto suas mãos sobre mim, segurando os meus pulsos.

— O que foi? — Sua voz, ela soa, mas é só um sussurro em meio a desespero. — É o ataque de pânico?

Eu subo meus olhos em sua direção, mas abaixo-os, tremendo, não consigo respirar.

— Não consigo... Não consigo... Res... Pirar. — Seus olhos apertam em minha direção, e ele segura o meu pescoço, assim como meu queixo, obrigando-me a olhá-lo.

— Se concentre em sua respiração, Hadley. — Ele pediu, segurando-me com força. — Concentra-se na sua respiração.

Ele repete, persistente.

— Conte até dez. Vamos lá, repete comigo, 1... — Ele começou, e eu rangi meus dentes sobre a boca, incapaz de me concentrar. — Por favor, conte comigo.

Eu tento, mesmo que minha boca não se mexa no processo.

— 2... — Ele continuou, e pediu que eu repetisse. — 3... 4. Se concentre na sua respiração.

Eu vejo o movimento da sua boca, repetindo mentalmente o que ele pediu, obrigando minha boca a se mover.

— 5... — O mesmo apertou o meu ombro, incentivando-me. — 6... Está tudo bem, respire.

Tento focar meus olhos neles, inspirando e expirando devagar.

— Vamos lá.

— 7... 8... 9.... — Digo devagar, e ele balança a cabeça, seu rosto focando-se a minha frente.

— 10. Isso! — Ele repetiu comigo, e como uma mão que me puxa de volta do mar, me sinto calma novamente. O ar entrando, inundando os meus pulmões, e os batimentos cardíacos se acalmando de modo que não são mais um barulho para meus ouvidos.

Respirei com força, vendo o cenho franzido de Jason a minha frente, seus olhos me fitam preocupados.

— Hadley, o que aconteceu? — Sua voz calma adentra meus ouvidos, contudo minha boca não se mexe para responder. Levo minha mão ao rosto, sufocando um soluço que quer sair, meus olhos marejam imediatamente e eu engulo a boca que forma-se em minha garganta de forma desesperada. Jason só olha para mim, e, antes que pudesse perceber, seus braços estão ao meu redor, me apertando com força. Ainda me sinto sufocando. E permanecemos assim o que parece um longo tempo, meus joelhos contra o piso de mármore, enquanto ele me embala com força sobre seus braços, meu rosto contra o seu peito, apenas esperando-me se acalmar, e isso ocorre, lentamente. — Diga-me o que aconteceu.

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