57. - Quer um conselho?

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Decididamente — ou nem tanto assim —, marchei contra o quarto de Aaron, pois para eu ter o livre arbítrio de sair, terei que passar por ele. Virei cada corredor com um embrulho no estômago, finalmente chegando até a porta francesa preta que dá ao seu quarto. Nunca vim aqui, mas pelo o que bem me lembro, foi aqui que Nelwin Bieber pois fim a sua própria vida. Suspirei, e andei através do pequeno corredor, batendo contra a porta. Um, dois, três, na quarta batida, o mesmo apareceu, sem seu típico termo caro, e sim numa roupa despojada, provavelmente um pijama.

— Eu posso te ajudar, Hadley? — Indagou ele, seus olhos azuis opacos. Ele parece cansado. Atrás dele noto uma mesa de escritório e sobre ela muitos e muitos papéis, tantos que fazem pilhas altas sobre a mesa.

— Teremos que entrar num acordo, Aaron. — Disse calmamente a ele, vendo sua testa franzir, e logo um suspiro exausto escapar dos seus lábios. Seus fios castanhos molhados e uma toalha branca está no seu pescoço, indicando que provavelmente ele acabou de sair do banho.

— Eu concordo, Hadley, mas podemos conversar sobre isso outra hora? Porque eu...

— Tem que ser agora. — Anunciei, suspirando. — Você tem que confiar em mim, assim como reciprocamente eu tenho que fazer com você, no entanto, eu não me sinto à vontade para fazer isso, até porque, o que está fazendo não é justo, e sabe disso.

Novamente ele suspirou.

— Mas não vim aqui para discutir, e sim fazer um acordo de confiança mútua, o que acha? — O mesmo ponderou por um instante, e por fim concordou.

— O que você obtém em mente?

— Eu quero que retire seus detetives do meu encalço, de uma vez por todas. Realmente me sinto vigiada com eles atrás de mim, e se você confia de fato em mim, vai fazer isso. Não sou como nenhum dos seus filhos, Aaron, não preciso que saiba o que estou fazendo vinte e quatro horas por fia, contudo, é de certo que não tenho nada a esconder, mas sua superproteção me dá uma ideia errada sobre suas intenções. — Ele semicerrou os olhos, e me fitou em silêncio, consentindo com a cabeça.

— E o que eu ganho em troca disso? Porque como ambos sabemos, você não está na posição de me pedir nada. — Dou de ombros.

— É, tem razão, eu menti, escondi, e omiti, assim como você. Nenhum dos dois está em posição alguma, e obviamente, você é o adulto aqui, então você decide. Mas como eu disse, é um acordo mútuo. Eu te dou transparência sobre o que faço se você confiar em mim.

O silêncio se propagou sobre nós, e com um lento e tortuoso temor, eu encarei os seus olhos.

— O que vai ser? — Prorrompi entre dentes, esperando.

— Tudo bem, Hadley, mas espero que esteja sendo sincera sobre sua transparência.

— Eu serei. Mas quero que corte o contato imediatamente. — Pedi. — Eu preciso ir até o meu amigo Dec pegar umas anotações para minha aula de história, você se importa?

Ele nega, franzindo o cenho.

— Quem é Dec?

— Declan Walsh, conhece?

— Walsh? Os Walsh? — Eu sorrio.

— Sim, esses Walsh. Estou indo.

— Não volte tarde. E espero que realmente esteja indo pegar anotações. — Soltei uma risada em sua direção, piscando.

Virei as costas e andei pelo pequeno corredor, sentindo meu sorriso murchar no mesmo momento que saí da sua vista.

No meu quarto, troquei meu pijama por uma roupa confortável de frio, e em seguida apanhei minha mochila, colocando-a sobre as costas, depois fui até o quarto de Justin, vendo-o amarrando suas botas.

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