66. - A promessa inquebrável (Season Finale).

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Supostamente quando estamos prestes a morrer, toda nossa vida não passa diante dos nossos olhos? Ou pelo menos, deveria ser assim?

Fitei Jason no canto, encolhido, de costas a mim, fitando um buraco a frente de uma grossa árvore alta. O ouvi fungando e mandei a bola de volta para Justin, que a derrubou no chão.

— Por que ele está chorando? — Questionei a Justin, que jogou de volta a bola para mim, abrindo a boca.

— Joga a bola para mim também! — Jansen resmungou, e eu estreitei os meus olhos em sua direção, indagando-me como ele estava enxergando com essa franja enorme no rosto.

Joguei a bola em sua direção, e Jason fungou mais alto dessa vez, e eu girei para o Justin, inquisitiva.

— Ei, Justin, por que? — O garoto a minha frente me fez uma careta e eu joguei a bola um pouco longe, fazendo Jansen correr através do quintal.

— O senhor Edmonds morreu, e ele está bem triste. — Arregalei os meus olhos, levando as mãos a cintura.

Então por que estou me lembrando disso agora? Exatamente isso? Esse momento... Essa lembrança?

Posso sentir o sol quente sobre minha cabeça — mesmo com a sombra da árvore sobre nós. Posso ouvir o barulho do mar, e é tudo tão vívido, como se eu estivesse novamente ali, com eles, aproveitando uma tarde ensolarada de verão.

— O peixe? — Jus assentiu. — Mas vocês têm tantos outros...

— Todos eles são especiais, ok?!— Lhe fiz uma careta e fui contra o Jason, ficando ao seu lado.

— Jas, eu sinto muito por sua perda, mas supera logo e vamos jogar queimada, porque o Jus é péssimo. — O mesmo esbugalhou os seus olhos verdes e seu rosto avermelhou-se, irritado.

Me sinto tão fria, a água contra os meus dedos está tão gelada, e o vento contra o meu rosto é tão cortante. Um zumbido ressoa sobre os meus ouvidos, sem parar, e algo comprimi minha garganta, sinto algo escorrendo pelo o pescoço, e tusso sangue para fora, estou sufocando. É quente, espesso, sufocador. Me sinto virada do avesso. Não consigo me mexer, dói para respirar, e é como se algo ferozmente queimasse dentro de mim, deixando-me ciente de toda dor. Arde, dói, machuca. Não sinto o meu braço esquerdo, na realidade, não consigo mexê-lo. Meu coração bate em batidas dolorosas, e não consigo respirar. Estou sufocando com o meu próprio sangue. Estou à beira da morte. Estou realmente morrendo. E é assim que a morte é? Fria, agoniante e sufocadora? Ainda estou agonizando, eu simplesmente estou sendo drenada pouco a pouco até o meu coração parar. Isso não é como nos filmes, isso não acaba de uma vez, não se você tiver azar como eu.

— Você é tão insensível! Eu estou sofrendo aqui, ok? Respeita o meu luto. — Rolei os olhos.

— Você nem sabe o que luto significa.

— Não sei, mas minha mãe disse que eu podia ficar, então está tudo bem. — Concordei, fitando a terra recém-tirada do local.

— Vocês enterraram o senhor Edmonds aqui? — Ele assentiu. — Mas por que simplesmente não o jogaram na privada?

O mesmo olhou-me rudemente chocado.

— Você queria que eu jogasse o meu amigo na privada? Que tipo de monstro você acha que eu sou?

Fiz uma careta.

— Éér... E de volta ao mar? Não pensou?

— Ao mar que obtém outros peixes? Iriam comê-lo! — Assenti, embora saiba que os bichinhos da terra vão comê-lo de qualquer maneira, porém não o corrijo, pois a mamãe diz que é feio corrigir as pessoas.

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