51. - Vulnerável.

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— Eu realmente não tenho nada contra você, é sério, mas você teve o azar de nascer na família errada. E agora, consequentemente, você vai sofrer as consequências disso, mas entenda, não é pessoal, é só uma fatalidade premeditada do destino.

Isso não faz sentido.

Quando abro meus olhos a voz que zumbia em meus ouvidos não estava mais lá. Poderia ser um sonho? Poderia, ainda me sinto pesada e lenta por causa da sedação. Depois da última, a enfermeira pediu que eu permanecesse calma, assim que veio retirar meu oxigênio, caso contrário seria difícil eles me deixarem acordada. Não retruquei isso, apenas concordei, não faço a mínima ideia do que fiz, mas pelo visto foi o suficiente para que me derrubasse de novo. Ouço o barulho do eletrocardiograma ecoando e sinto meu braço esquerdo pesado, ao ponto de não conseguir levantá-lo. Abro novamente os meus olhos, mas os mesmos lutam para permanecerem abertos.

Não sei que horas são, mas é tarde, pois um silêncio reina sobre todo local, embalando-me novamente a dormir.

No momento que acordo novamente, noto que estou sozinha, e por pura inépcia, invento de me sentar, sinto que estou deitada há dias, minha lombar dói. Gemi, espreguiçando-me, vendo os fios que circundam os meus braços virem juntos. Suspirei, levando a mão até o meu peito, da última coisa que me lembro estava indo ao chão depois de uma forte dor nele.

— Você deveria permanecer deitada, Hadley.

Meus olhos levam a atenção até a voz que atravessa a porta. Franzi meu cenho em direção ao doutor Remer que tem uma prancheta em mãos e arrasta um negatoscópio aos pés da minha cama.

— Como você se sente? — Ele indagou, olhando a prancheta em suas mãos. Ergui uma sobrancelha de forma irônica e não respondi tal pergunta.

— O que estou fazendo aqui? — Questionei imediatamente, observando o mesmo ligar a tela de raio-X. Ouço o doutor Remer suspirar, e olhar para mim, calmamente.

— Você teve uma parada cardiorrespiratória Hadley. Veio ao hospital por causa disso, e por sorte os primeiros-socorros foram rápidos e eficientes, o que foi muita sorte. — O mesmo proclamou, dando uma pequena pausa antes de continuar. — Fizemos uma bateria de exames e descobrimos um edema pulmonar, como pode ver por aqui.

O mesmo aponta em direção a tela, amostrando o exame, mas não é só um raio-X de um pulmão com líquidos que vejo.

— Ele foi tratado e os líquidos retirados, mas obtivemos outro problema, uma concentração exorbitante de cianeto em seu sangue. Tratamos dele imediatamente.

Cianeto. Eu semicerro meus olhos em sua direção, apertando o meu braço com força.

— Cianeto é... — Ele começa a explicar, mas eu o corto.

— Eu sei o que cianeto é. Só quero saber porque está em meu organismo. — O doutor me fita, expressando sua calma.

— Ainda não sabemos como. Você por acaso ingeriu sem querer? Propositalmente? — Soltei uma risada falha, cruzando os meus braços. — Inalou fumaça de incêndio por acaso?

— É claro que não! Aonde eu encontraria cianeto? E por que ingeriria propositalmente? — Retruquei, confusa e ele permanece por um momento apenas me encarando. Noto o que disse, e nego com a cabeça. — Eu não tentei me matar e não inalei fumaça alguma!

O doutor anota alguma coisa em sua prancheta, balançando sua cabeça.

— Eu acredito em você, Hadley. — O mesmo anunciou, inclinando sua cabeça em direção ao raio-X. — Mas a polícia precisa acreditar nisso também. O fato é que obtinha cianeto em seu corpo e, que, de alguma forma, foi parar lá, e como era muito, a polícia precisou ser chamada e agora mesmo está averiguando a situação. Todas as possibilidades estão sendo cogitas, suicídio, consumo acidental e tentativa de homicídio.

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