61. - Em todos os lugares.

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Parei por um momento, voltei, ecoando a voz em minha cabeça. É uma mulher, a voz parece, mas tem um sotaque enrolado, além disso, minha mãe está morta.

Ri da minha própria fala assim que me toquei, e segurei o celular com mais força, conferindo o número.

— Quem é que está falando? — Indaguei, curiosa. À primeira vista é uma mulher que fala, e ela sabe o meu nome, e ainda por cima me pede para fugir; então a primeira coisa que me veio à mente foi isso: minha mãe, mas minha mãe está morta, eu a vi morta, eu segurei sua mão, eu joguei as suas cinzas fora, e pensar que tudo isso foi um golpe de estratégia é ridículo. Minha mãe não me usaria como isca, porque minha mãe foi a própria isca, a isca para comprovar que Nelwin a traiu, mesmo ao custo da sua própria vida.

— Hadley, você precisa fugir. — Neguei com a boca, e me afastei da porta, indo para o meio do banheiro. Um fato é, ela me conhece.

— Fugir? Fugir do que? — Repliquei, curiosa até onde essa conversa irá dar. Se a pessoa me conhece a fundo; sabe o que está acontecendo, mas se não o fizer?

Do outro lado da linha escutei um som estrangulado; quase como uma negação.

— Você sabe — não sei se é uma pergunta ou resposta, por isso, suspirei.

— Eu sei? — Tentei novamente, olhando meu reflexo no espelho. — Quem é você? E eu vou te dar só uma oportunidade de dizer.

— Só sou alguém que está querendo lhe ajudar. Responda-me, você sabe?

Fiquei em silêncio, porque de forma alguma confirmarei isso por telefone.

— Então precisa fugir. — Ela diz quando não respondo. — Não sei o que estão tramando, mas Rosemary não é mais seguro. Precisa sair da cidade, eu posso ajudá-la com isso.

— Não posso — respondi, franzindo o meu cenho. Quem está falando? — Fugir não é a resposta.

— E qual é a resposta? — Sua voz transparece ansiedade.

— Descobrir a verdade, e acabar com isso. — Ela riu, incrédula.

— Você por acaso tem ideia da verdade? E acha realmente que pode acabar com isso?

— Eu não acho nada, eu preciso fazer. E para ser honesta tem um meio para saber toda verdade e estou atrás disso.

— Um meio? Que tipo de meio? — Ergui a sobrancelha e não respondi.

— Qual é o seu nome?

— Hadley, preste atenção, isso é muito maior que você.

— Eu sei, e é por isso que eu tenho que acabar com isso. Eu não sou o fim.

Disse, ponderativa, e realmente não sou. Seth está seguro agora, mas até quando? Ele é um Haighet mais não quer ter nada a ver com isso, mas agora o Troy? Ele é diferente, ele não se importa, ele não acredita, é cético e anseia por algo, e honestamente não sei até quando ele continuará velado. Enquanto eu estiver viva, eles estão seguros, mas se eu fugir, se eu morrer... o que acontece?

— Não é o fim? — A mesma soa confusa, e eu aguço os meus ouvidos, ouvindo algo ao fundo, talvez seja um mar... Ela está aqui em Rosemary Beach? — Escute-me, fuja, fuja! É a melhor escolha.

— E depois o que? Me escondo para sempre? Ou espero que ele venha até mim? Escute você, não sei o quanto sabe, mas o fato é esse: alguém precisa acabar com isso.

Um silêncio reinou por um momento, e sua voz ressoou novamente.

— E o que garante que será você?

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