54. - Sufocando.

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Algo está me esmagando, impedindo-me de respirar, de ficar de pé, de raciocinar, de sentir. E não é o ataque de pânico. Apenas sinto minha vida me destroçando, e não posso fazer nada além de assistir, ver o rumo que dá e talvez, talvez lutar contra isso. Não sei o que posso fazer, não posso fugir, e não sei se as pessoas do qual confio realmente posso contar. O que aconteceu com o Kenneth? Foi a minha culpa? Ele está bem? Eu não sei, Aaron também não sabe. As paredes estão se fechando ao meu redor, e não consigo sair.

Aaron tentou me ajudar, mas foi em vão. Tinha que fazer isso sozinha, concentrar-se na minha respiração, contar até dez, como Jason ensinou. Queria que ele estivesse aqui, neste momento, por mais que não devesse —, me sinto tão egoísta, só quero alguém para me aparar, e me abraçar quando o mundo está caindo em minhas costas. Que estúpido. Respirei com força, e retirei a franja do meu rosto, me acalmando sozinha, eu não tenho outra escolha a não ser enfrentar isso dessa forma. Após um tempo tivemos que voltar para casa. Não vi os Kimball na saída, eles simplesmente saíram rapidamente, deixando-me para trás, nas mãos de um homem que agora não me passa confiança. Gostaria que o caminho para casa tivesse sido silencioso, porém apesar do turbilhão que se passava em minha cabeça, assim como eu, Aaron parecia preocupado com alguma coisa. Fitei-o de cenho franzido, ponderativo, não queria conversar com o mesmo, porém sua feição me instiga de fato a saber o que se passa em sua cabeça.

— Algo te preocupa, Aaron? — Sussurrei em sua direção, ainda com a cabeça apoiada contra a janela.

O mesmo subiu o olhar lentamente para mim, suspirando cansadamente.

— Só intrigado. Não entendo porque os seus avós fizeram isso. — Revelou ele, não retirando a feição contrariada do seu rosto. Engoli a seco, curiosa. Não sabe? Como não sabe?

— A Serena só disse aquilo?

— Sim. — Concordou. — Porém não se preocupe, saberemos o que aconteceu com ele em breve, está bem? Não deve ser nada grave.

— Se não fosse, por qual outro motivo ela desistiria da minha guarda? — Indaguei rapidamente, não pensando direito sobre isso. Entortando o lábio em minha direção, Aaron inclinou o queixo, fitando-me sombriamente, e sacudiu a cabeça em reprovação.

— Eu realmente não sei. — Estreitei meus olhos em sua direção, concordando, e deixei por isso mesmo. Não vou descobrir uma resposta agora mesmo.

O silêncio que pairou não perpetuou muito, uma vez que Aaron suspirou, lembrando-se de algo, e a partir daí sua boca não parou mais.

— O que está acontecendo entre você e o Justin? — Desvie meu olhar para a janela, pensativa.

— Nada. — Respondi e ele me olhou ceticamente, inconformado.

Fugindo de suas perguntas como um rato de um gato, chegamos à mansão Bieber, calmamente. Tentei não pensar muito sobre isso, mas estou nas mãos de Aaron agora, sair daqui era uma realidade que me acostumei, e agora escapou entre meus dedos, sem que eu possa fazer nada. O que vou fazer?

Senti a gravidade me puxando para baixo assim que subi os primeiros degraus e andei calmamente através do hall, adentrando o corredor, um pouco mais devagar Aaron fazia o mesmo, por hoje, a noite dele já acabou. Caminhei em direção as escadas, pronta para ver minha cama, porém parei ao notar uma mochila jogada aos pés dela. Normalmente eu não repararia numa coisa assim, os meninos Bieber tem mania de deixar as coisas jogadas pela casa e esperar que os empregados guardem no lugar, contudo a mochila verde surrada me chama a atenção, além de um chaveiro de cogumelo do Mario. Dou meia-volta, indo de encontro a essa mochila. Faço uma careta, agachando-me no chão e pegando o chaveiro, vejo uma sigla abaixo dela. Quando levanto novamente, Aaron aparece.

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