15. - Morgan Morehead.

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Escrevo sobre a folha, desviando meu olhar para a perna inquieta de Jason que balança sem parar, poderia dizer que ele estava drogado, ou talvez só muito ansioso pelo o que aconteceu. Travo meus olhos novamente no exercício do professor Nicholson, tentando me concentrar nas fórmulas, apesar da música heavy metal que Jason escutava ser capaz de nos deixar surdo, a única coisa que tirava minha atenção era sua inquietação.

— Será que dá pra você parar? — Grito sobre a música, acertando uma caneta nele. O mesmo traz seus olhos do teto até mim, me encarando de sobrancelhas juntas. Argh.

— Desculpe, estou te desconcentrando? — Ele questionou e eu arqueio uma sobrancelha ao procurar pelo controle do home theater.

— Sim, está, e se você quiser que eu termine o nosso dever, é melhor me deixar.

Ele revira os olhos pra mim, largando o cubo mágico agora completamente feito sobre a mobília. Levantando-se do seu lugar, o mesmo desliga o som, jogando-se na minha cama.

— Estou entediado.

— Isso não é problema meu. — Resmunguei.

— É claro que é problema seu! Você que está me mantendo em cárcere privado. — Encaro-o pelo canto de olho, rabiscando as fórmulas no caderno com uma mão.

— Eu não estou te prendendo, se quer sair saía, mas se eu receber algum telefonema de você drogado, brigando com algum traficante em algum lugar de Rosemary Beach, se considere um gêmeo unilateral.

Ele arfa.

— Affe. Eu não tinha pretensão alguma de ir me drogar, gosto do meu rosto sem nenhum hematoma. — Lembra ele, apontando para o olho roxo em seu rosto do qual eu ocasionei. Ele realmente deveria pensar duas vezes antes de me irritar.

— Como disse, não me ligue. — Digo, voltando a calcular. Ele balbucia atrás de mim, resmungando. Eu suspiro, Jason consegue ser a pessoa mais chata existente quando não consegue o que quer.

— Justin eu quero sair, ver pessoas, transar.

— Saí no quintal Jason, veja pessoas na escola, ou transe com elas na escola, eu não me importo, só some da minha vista e pare de me encher!

Ele suspira irritado, encarando o teto.

— Já estou cansado das garotas da escola. Eu quero carne fresca.

— Vai ao açougue.

Ele sorri.

— Por que eu faria isso se tenho carne fresca bem aqui? — questionou ele, malicioso. Paro por um segundo, encarando-o. — Sabe o que é? Eu deveria ir transar com a Hadley. Ela está bem aqui do outro lado do corredor prontinha pra mim, nem preciso ir longe.

Virei-me de costas pra ele.

— Vá em frente, quando pegar herpes ou AIDS, não venha chorando para mim.

— Ficou sabendo não? Inventaram uma coisa mágica que previne doenças e crianças, chamada camisinha.

Rolo meus olhos pra isso.

— Como disse, vá em frente.

— Eu vou mesmo, ela deve saber um monte de coisas, anos fazendo stripper... Ela sabe como enlouquecer um cara. — Jason ri e eu engulo o seco, suspirando fundo. — Aliás, o que você fez com o cabelo que eu arranquei da Hadley?

Dou uma risada seca em sua direção. Quando pedi para Jason ir fazer algo de útil da vida dele, sugerir que o mesmo fosse até a Hadley e arrancasse um fio de seu cabelo para eu poder comparar com o de Aaron em um exame de DNA, o mesmo me perguntou como ele faria isso e eu lhe contei sobre a briga de ontem mais cedo com ela. E não é que o idiota fez exatamente o que pedi.

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