CAPÍTULO - VINTE

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Entro na boate, olhando em volta

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Entro na boate, olhando em volta. Eu já havia estudado todos que trabalhavam ali e frequentavam o lugar constantemente. O traidor da Máfia teria que estar por aqui.

— Preciso de acesso livre à boate. — Falo, olhando para Eric que logo me entregou um cartão dourado.

— Abre qualquer porta. Fique à vontade. — Ditou, seguindo para o bar. E não demorou para eu ver ele com um bebê nos braços, conversando com uma mulher. Automaticamente eu sorri, observando aquela cena tão linda e tão surreal.

Desde o começo, achei que ele fosse um indeciso, um homem que estava confuso e não sabia o que queria. Afinal, ficava entre Débora e Amora, parecia querer brincar com as duas. Mas não era nada disso. Ele só queria poder amar e ter um filho. Esse era o objetivo dele. Construir uma família.

Suspiro, chateado. Eu não podia me dá o luxo de pensar isso. Eu não podia nem ter namorado, quem dirá uma família completa. Os homens da Máfia são todos iguais, heteros, e se não são, fingem ser. E namorar alguém de fora do meio não é possível. Só nós sabemos e atuamos na máfia. Então, já aceitei que esse luxo eu não posso ter.

Agora eu entendo Eric. Ele quer construir uma família. Vivendo no mundo podre em que vivemos, um filho é uma luz de salvação, uma chama de felicidade.

Respiro fundo, balançando a cabeça, espantando esses pensamentos. Eric continuava brincando com o bebê, e parecia ter jeito. Mas fiquei pensando em quem era a maluca que trazia uma criança para uma boate como essa. Enfim, cada qual com sua educação. Eu definitivamente não sirvo para ser pai, não tenho a menor paciência com crianças.

Resolvo focar no trabalho, olhando em volta e por um acaso vendo o homem com quem Débora estava se envolvendo. Ele estava sozinho e olhava em volta, parecendo não querer nenhuma testemunha, e logo seguiu para o corredor da ala presidencial.

Não demoro e logo o sigo, vendo ele tentar abrir a porta da sala presidencial com um cartão dourado, igual ao que Eric me entregou, mas não conseguiu de nenhuma forma. E logo ele saiu, irritado. Viro as costas, disfarçando e fingindo conversar no celular, vendo ele passar por mim e ir embora.

Caminho até a sala presidencial, passando o cartão e vendo a porta abrir. Não havia ninguém na sala. Fecho a porta novamente. Talvez fosse um cartão que Débora havia recebido e ela achava que ainda servia. Mas Eric fez questão de bloquear tudo que ela recebeu. Não descarto a possibilidade dela estar envolvida nisso também.

Volto para a boate, procurando Eric, que estava no bar, ainda com aquele bebê nos braços. Sigo até ele, me sentando ao seu lado.

— De quem é esse bebê? — Eric sorriu, balançando a perna com a criança no colo, o que fazia o bebê ri como se não houvesse o amanhã.

— De uma funcionária que trabalha na boate. Não tem com quem deixar a criança e trouxe ela para cá. — Explicou, e eu apenas assenti.

— Vê se não sequestra o bebê. — Provoco, vendo ele ri, revirando os olhos.

— Já disse que quero um filho com o meu sangue. É um desejo besta, mas eu quero. — Falou, dando de ombros.

— Não é besta. — Falo e ele me olha. — É seu sonho e você pode realizá-lo de inúmeras formas. Alguns... não podem nem escolher. — Falo, com certa chateação.

— Todos podem. Basta querer. — Rebateu, me olhando fixamente.

— É... tenho novidades. Acho que vai se interessar em saber. — Falo, tentando mudar o assunto. Família era uma palavra que eu não gostava muito de tocar.

— Já? Sobre? — Questionou, rindo ao ter o bebê puxando seus cabelos, e rindo horrores com isso.

— Jura que isso é o seu sonho? Ter uma bolinha de carne como essa? — Falo, cutucando de leve o bebê, que agarrou meu dedo, rindo. — Ei, sua coisinha miúda! — Resmungo, puxando meu dedo, fazendo ele me soltar. O bebê só sabia ri, e consequentemente, fazia Eric ri também.

— Sim, Jake. Este é o meu sonho. Se eu puder ter um filho, de qualquer jeito, não peço mais nada da vida. — Ditou, o que me fez sorri.

— Ok. Já que está tão entretido com essa bolinha de carne com cara de joelho, eu vou voltar para o meu apartamento. — Falo, já me levantando.

— O quê...? Ei! Me espera aí! — Eric exclamou, entregando o bebê a uma mulher e vindo rapidamente até mim, o que me fez ri.

— Ótimo. Já sei como chamar sua atenção. — Brinco, vendo ele revirar os olhos.

— Você é um idiota! O que descobriu? — Questionou, enquanto saíamos da boate.

— O amante da tua ex. Estava tentando abrir a sua sala. — Falo e ele rapidamente me olha.

— Como é?! E você não fez nada?!

— Não. Será ele que vai nos levar até o nosso traidor. E se quebra, vamos descobrir todos os envolvidos por trás disso, e o que estão querendo com tudo isso.

— E como pretende fazer isso? — Sorri, o olhando com presunção.

Do meu jeito, claro.

SERVINDO AO DIABO - Livro II (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora