CAPÍTULO - QUATORZE

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Suspiro, contornando a boca do copo com o polegar, olhando fixamente para o líquido dourado, já pela metade

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Suspiro, contornando a boca do copo com o polegar, olhando fixamente para o líquido dourado, já pela metade. Eu conseguia imaginar um turbilhão de coisas e ao mesmo tempo nada. Era frustrante.

Desde do tal acordo com a máfia brasileira, do casamento com Amora, tudo que eu queria era ter alguém ao meu lado, me apoiando e... acima de tudo, que pudesse me dá um filho. Eu já tenho tudo: poder, dinheiro... mas não tenho um motivo para voltar para casa. É sempre a mesma merda. Solidão, ou alguém querendo sexo, no caso, esse alguém era Débora. Mas achei que ela poderia ser a mãe do meu filho.

Ela lutou tanto para ficarmos juntos, brigou até com a Amora, de uma forma que causou uma confusão ainda maior e ela foi embora com meu irmão.

Bem... no fim das contas... Débora era uma ótima atriz.

Ainda havia Jake. Eu também a trai, mas... eu realmente não sei explicar meu lance com ele. É incerto e confuso, simplesmente acontece e eu não consigo raciocinar.

Mas Débora parecia realmente certa do que estava fazendo. Não é como se eu fosse pagar um jantar romântico para Jake e levar flores para ele, o que seria bem estranho, porque conhecendo ele, ele me faria engolir as flores na mesma hora.

Mas Débora fez isso. E com alguém que eu mais desprezo em toda a minha vida...

Fecho os olhos, respirando fundo, não sabendo ao certo o que fazer. No fundo eu queria matá-la, torturá-la, mas isso me parecia tão insuficiente, que resolvi fugir do mundo por algumas horas, tentar pôr as ideias no lugar. Tentar decidir o que vou fazer porque isso não vai ficar assim.

Mas eu preciso de um tempo. Um tempo para mim.

— Finalmente eu te encontrei! — Jake exclamou, aparecendo do meu lado, parecendo ofegante.

Ele também sabia disso tudo e não me contou. Mas... pensando bem... mesmo se ele me contasse, eu não sei se acreditaria. Eu certamente iria achar que ele estava fazendo isso por interesse próprio. Então não adiantaria.

— Eric, você me assustou, achei que faria alguma besteira. — Jake murmurou, parecendo realmente preocupado.

Continuo calado, pensativo, girando o copo devagar em minha mão tediosamente.

— Bebe comigo? — Questiono, notando meu tom sair em um sussurro, oferecendo meu copo a ele, que me olhou confuso.

— O quê? Bom... tudo bem. — Murmurou, pegando o copo da minha mão e tomando uma generosa quantidade, não desviando seu olhar do meu.

Foi aqui que tudo começou. Nesse bar, nesse mesmo banco e com a mesma bebida... Parece até mentira.

Observo Jake atentamente, enquanto ele bebia e me entregava o copo de volta, sorrindo um tanto quanto sem jeito, talvez pelo fato de que eu o olhava há bastante tempo.

— Como você está? — Jake questionou, cortando nosso silêncio. Como eu estava? Difícil responder...

— Confuso. — Balbucio, voltando meu olhar para a bebida, nem sentindo mais o gosto.

— Eu... não sou bom em conselhos... — Jake confessou, o que pela primeira vez nesse dia de merda me arrancou uma curta risada. Ele parecia realmente chateado por não saber aconselhar alguém.

— Não preciso de conselhos. — Declaro, suspirando.

— Então do que você precisa? Hoje... é seu passe-livre. — Ditou, chamando minha atenção.

— Meu passe-livre? — Ele assentiu.

— Você... pode me pedir o que quiser. Não vou reclamar, nem questionar. Não vou tirar satisfações e nem te impedir. Peça o que quiser, desde que isso faça você sorri um pouco e esquecer esse dia ruim... É minha única condição. — Sorri, com certo encanto. Ele estava realmente empenhado em me tirar dessa fossa que acabei caindo.

Penso à respeito. A ideia de fazer o que quiser com ele me parecia muito boa. Posso imaginar Jake algemado em minha cama e surtando pelo fato de estar em uma posição submissa. Isso me fez sorri, achando engraçado até.

— Eu já sei o que eu quero... — Declaro, o olhando.

— O quê? — Questionou, nervoso. Bebo o restante da bebida, deixando o copo e algumas notas sob o balcão, me levantando em seguida.

— Não pode ser aqui. — Falo, notando ele engolir em seco, assentindo, um tanto quanto nervoso, o que me fez ri internamente.

Saímos do bar. Jake estava de moto, e em encarou, esperando talvez um endereço ou coisa parecida.

— Posso dirigir? — Peço, já estendendo a mão. Ele me encarou, hesitante.

— Não vai bater minha moto não, né? — Questionou, preocupado.

— É meu passe-livre, lembra? — Ele fez um muxoxo, me entregando as chaves a contragosto. Subo na moto, e Jake logo sobe atrás, pousando suas mãos em minha cintura.

O lugar que iríamos não era tão longe, e certamente não haveria pessoas numa hora dessas. A brisa da noite estava gélida e muito gostosa. Sinto Jake me segurar mais firme, bocejando. Sei que ele dorme durante o dia para poder trabalhar de noite. Mas desde cedo ele estava na minha porta, e passando por toda essa situação comigo. Devia estar se forçando a ficar de pé, e tudo por minha causa.

Logo chegamos aonde eu queria. Jake desceu da moto, me olhando confuso.

— Praia? — Questionou, confuso. Assenti, lhe entregando as chaves da moto e caminhando pela areia, tirando a camisa e a calça, não esperando nada para mergulhar na água. Ah, isso era realmente bom...

— Entra! — Falo, vendo Jake me olhar hesitante, mas não questionou, tirando a roupa e entregando no mar. — Isso não é bom? — Questiono, risonho. Jake sorriu, me olhando.

— Sim, quando está calor, o que não é o caso agora. — Brincou.

— Praia é sempre bom, não importa a hora, nem o tempo. Isso me ajuda a pôr a mente no lugar. — Falo e ele me olha atentamente, com a água o cobrindo do peito para baixo.

— E em quê está pensando agora? — Questionou, com um tom calmo.

— Que estou me preocupando à-toa. — Falo, vendo ele me olhar confuso.

— Com o quê?

— Com tudo. Especialmente com você.

— Comigo? — Assenti, me aproximando, pousando minhas mãos em sua cintura. Ele não havia molhado o cabelo ainda, o que estava um verdadeiro emaranhado, demonstrando que ele havia saído de casa sem nem se preocupar com a aparência. Mas isso... só o deixava mais lindo ainda.

— Eu queria casar... para ter um filho. Não me importa com quem. Eu fiz o acordo com Amora e não deu certo, tentei com Débora, que tinha tudo para ser a escolha certa, e novamente deu errado. Em que parte eu estou errando, Jake? — Ele suspirou, me fitando.

— Hm... talvez não tenha encontrada a pessoa certa. — Murmurou, e eu assenti, mesmo não concordando totalmente.

— É... talvez.

SERVINDO AO DIABO - Livro II (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora