— Eric... — Ouço Jake balbuciar, com certo desespero. Mas eu simplesmente não conseguia falar. Eu não conseguia me mexer. Meu coração batia tão rápido que eu podia acreditar que ele iria pular para fora a qualquer momento.
Eu passei anos desejando e querendo um filho. Busquei ter um relacionamento sério e até planejei me casar, mesmo sem amor. Se eu tivesse um filho, eu o amaria com todo o meu ser, não importa de quem fosse.
Mas eu nunca, em hipótese alguma, cheguei a imaginar que quem iria realizar meu sonho seria Jake, um homem. Me dando de cara dois filhos.
Eu estava em um misto de sentimentos que estavam me impossibilitando de mover um músculo sequer do meu corpo. Era assustador.
Eu me sentia agradecido, feliz, em pânico, em desespero e principalmente preocupado. Muito preocupado. Talvez medo era a palavra mais correta.
Jake era homem, o que tínhamos era extremamente proibido e com motivo suficiente para sermos mortos. Mas isso estava resolvido se mantermos nas escondidas. Mas como vamos esconder que Jake está grávido de duas crianças?! Como se explica isso?!
Meu corpo tremia. Eu nunca me senti assim em toda a minha vida. Eu não sabia como agir, e nem posso imaginar como Jake esteja se sentindo. Ele nunca comentou sobre querer uma família e ele tem uma personalidade impulsiva. Tenho medo de que ele acabe fazendo uma besteira.
— Eu estou morto... — Ouço Jake murmurar, e isso me faz despertar do meu choque, o olhando. Ele estava encostado na maca, com o olhar perdido. — Estou morto... — ele balbuciava, com certo desespero.
Crio forças de onde não tenho para me levantar, indo em sua direção e o puxando fortemente para um abraço apertado. E pela primeira vez, eu vi Jake desabar em um choro compulsivo. Ele me abraçava com força, apertando meu paletó com força em suas mãos. Pude sentir seu corpo trêmulo. Ele também estava assustado.
— Não posso ter essas crianças. Estaríamos mortos, Eric! Mortos! Vão me matar e vão matar essas crianças! — Jake exclamou, desperado. Fecho os olhos, respirando fundo e o abraçando com mais força.
— Ninguém vai machucar vocês. Entendeu?! Ninguém! — Exclamo, e Jake me olha. Ele chorava copiosamente, parecendo ter sido atingido pela notícia e pelas consequências somente agora. Vê-lo daquela forma estava me matando aos poucos.
— Você não pode impedir. Vão me matar na primeira oportunidade! — Exclamou, me abraçando com força. — Eu não posso ter essas crianças... — balbuciou, e rapidamente seguro seu rosto entre minhas mãos, o olhando fixamente.
— Nunca mais repita isso, entendeu?!
— Eric...
— Eu vou te proteger, Jake. — Falo, convicto, vendo ele suspirar, descrente.
— Você não pode me proteger... — Balbuciou, com a cabeça baixa. — Estou ferrado... completamente ferrado... — Murmurou, chorando.
O abraço novamente, o envolvendo em meus braços, tentando acalmá-lo.
Ainda tínhamos muito o que conversar...
. . . .
Após conversarmos com o médico e entender a nossa situação, seguimos para o apartamento de Jake, onde eu me ofereci para fazer um chá para ele, que estava quase tendo um surto com essa gravidez.
Ele estava no quarto, deitado na cama e passou boa parte chorando, dizendo que não queria ter filhos, que iria morrer nas mãos da Máfia. Ele estava em pânico com a notícia.
Eu também estava com medo, mas também estava feliz por finalmente meu desejo de ter um ilho ter sido realizado, e o melhor, em dobro. Isso é um sinal, certo? Eu não sou um santo, mas Deus não seria tão cruel de me presentear da maneira mais estranha com dois filhos para me tirá-los de novo, seria? Não. Seria crueldade demais.
— Jake? — Entro no quarto, vendo ele deitado na cama, abraçado ao travesseiro e parecendo estar mais calmo. Me aproximo, lhe oferendo o chá, na qual ele aceitou, em completo silêncio, se sentando na cama para poder beber. — Se sente melhor? — Questiono e ele nega.
— Me sinto horrível. Meu mundo acabou de vez. Como eu ia adivinhar que posso... Aghr! — Falou, não conseguindo terminar de falar. Pego sua mão, enlaçando nossos dedos.
— Jake... você sabe do meu sonho de ser pai. Isso... não pode ter sido em vão. Por favor, não me tire isso. — Peço e ele me olha, suspirando profundamente.
— O único que está correndo risco aqui sou eu, Eric. Ninguém sabe que foi você com quem andei me envolvendo.
— Eu não vou me esconder. Quando descobrirem, eu vou assumir essas crianças. É o que eu mais quero na vida, e se eu tiver que enfrentar uma máfia inteira para ter essas crianças, eu vou enfrentar. — Jake suspirou, fechando os olhos e segurando minha mão com mais força.
— Vem cá... — O puxo para um abraço, tentando acalmá-lo. Jake estava nervoso demais, assustado com a notícia da gravidez e as consequências que ela poderia nos trazer. Mas eu realmente não me importo. Eu vou protegê-los, nem que eu tenha que passar por cima da Máfia e da minha própria família.
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SERVINDO AO DIABO - Livro II (Romance Gay)
RomancePor um acaso do destino, tivemos que nos unirmos. Mas isso não significa te amar.