Eric e eu permanecíamos em silêncio, observando pela varanda do seu quarto os soldados limpando o jardim e retirando o corpo de Daniel.
— Aquele poderia ser eu... — Murmuro, ainda em choque. Eric permaneceu calado, imóvel, o que já estava me deixando preocupado. — Eric? — Chamo, vendo ele fechar os olhos e respirar fundo. Parecia estar em uma luta consigo mesmo, que já estava me deixando aflito.
— Vem cá... — Eric me chamou, pegando minha mão e me guiando até sua cama, me fazendo sentar, e ele logo se sentou à minha frente, passando alguns segundos em silêncio. — Eu fui inconsequente. Estou colocando você e a vida dos nossos filhos em risco.
— O que quer dizer, Eric? — Questiono, já querendo chorar, pois eu não estava gostando do rumo daquela conversa.
— Eu... acho melhor você voltar para o Brasil. — Ditou, me fazendo levantar rapidamente.
— O quê?!
— Jake, só por esse período de gestação. Quando tiver nossos filhos, eu vou buscar vocês. Mas por agora... É melhor garantir sua segurança.
— Eric... eu não vou saber lidar com isso sozinho. Eu surto todos os dias ao imaginar que vou ter dois filhos e... quem vai atender aos meus desejos de madrugada? — Minha voz saiu por um fio, já deixando as lágrimas caírem. Eric também chorava, e ele logo me abraçou com força.
— Eu queria poder estar ao seu lado 24 horas, todo santo dia, te ajudando com o que precisasse, mas... eu não vou arriscar sua vida por um orgulho meu. Eu me importo demais para ser tão egoísta dessa forma, Jake. O melhor, é você passar essa gravidez em paz. Você anda se estressando muito, assustado com o que pode acontecer. Por favor... é o melhor a se fazer. — Nego, me afastando dele.
— Isso é algum tipo de piada?! Resolveu me mandar embora?! Isso não é a solução. Você mesmo disse que fugir não era a resolução dos nossos problemas! — Exclamo, alterado.
— O QUE VOCÊ QUER QUE EU FAÇA?!! — Gritou, chorando. — Você viu o que aconteceu lá fora! E eu não quero que você seja o próximo! Você vai embora e acabou! Para o seu bem... — Balanço a cabeça, desacreditado.
— Eu devia saber que uma hora ou outra isso iria acontecer. Você iria desistir... — Eric agarrou meus braços, negando.
— Eu não desisti, Jake! Estou tentando arrumar uma solução para que não saia morto! — Me livro do seu aperto, saindo do seu quarto e o ouvindo vir atrás de mim, logo me alcançando e puxando meu braço. — Jake, você sabe que ter filhos é o meu sonho, jamais abandonaria vocês...
— Está abandonando agora. Quer saber? Não vou ficar aqui implorando nada para você. Estou cansado dessa merda toda! Melhor eu ir embora mesmo.
— Jake...
— Adeus, Eric! — Exclamo, saindo da mansão, batendo a porta.
Não tinha mais o que fazer, agora era iniciar uma nova vida... Sozinho.
. . . . .
— Como assim ir embora?! — Amora questionou, enquanto eu arrumava minhas malas.
— Tem outra alternativa?! Porque o único caminho que me vejo é esquartejado em alguma lata de lixo! — Exclamo, jogando minhas roupas em uma mochila. Mia chorava, ela já havia cansado de tanto me pedir para ficar. Mas depois de discutir com Eric, eu é que não queria mais ficar aqui.
— E os seus filhos?! Eric disse que iria protegê-los! — Amora argumentou, o que me fez ri sem humor.
— Ele foi o primeiro a me mandar ir embora! Que se foda ele, estou farto de encher minha cabeça com isso. Você tinha razão, Amora. O único que se fodeu nessa merda toda foi eu! No fim, Eric sempre acaba sendo um covarde! — Exclamo, fechando minha mala e jogando a mochila em minhas costas, saindo do apartamento e as duas vindo atrás de mim. Amora chorava, e logo me abraçou fortemente.
— Eu não quero que você vá embora. Somos inseparáveis, Jake! Somos uma equipe, lembra? — Implorou, chorando.
— Eu nunca vou me esquecer de vocês. Foram as únicas que nunca me abandonaram. — Falo, e elas me abraçam fortemente, chorando e me fazendo chorar junto.
— Me deixe conversar com Yan. Eu sei que ele vai te ajudar. — Amora pediu.
— Amora... cortaram a cabeça do Daniel apenas por ele dizer que amava Eric. Imagine o que fariam comigo se soubessem que estou esperando dois filhos de Eric. Não há para onde fugir. É seu marido não é diferente deles.
— O Yan jamais te machucaria. Ele sabe do quanto você significa para mim. — Sorri, descrente.
— Espera ele saber da minha gravidez e do meu envolvimento com o irmão dele, então. — Falo, parando um táxi na rua. — Eu ligo para vocês quando chegar lá... Adeus, meninas...
— Jake... por favor, não vai... — Mia pediu, aos prantos.
— Se cuida, Mia. Eu não vou está aqui para te colocar juízo. — Falo, é ela chora mais ainda, abraçando Amora. Respiro fundo, entrando no carro, passando o endereço do aeroporto, tentando inutilmente secar minhas lágrimas, mas elas não paravam de cair.
Eu teria que lidar com isso sozinho...
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SERVINDO AO DIABO - Livro II (Romance Gay)
RomancePor um acaso do destino, tivemos que nos unirmos. Mas isso não significa te amar.