dust bones ➳ larry {finalizada}

004

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Nenhuma palavra poderia explicar melhor o silêncio contínuo. Era simplesmente quieto, vazio, oco e, de alguma forma, entristecente. Eu queria tomar banho. Me sentia pegajoso pelo suor do pânico e medo de algumas horas atrás. Eu precisava de comida no meu sistema. Harry não poderia se importar menos com minhas necessidades, enquanto continuava a evitar a socialização. Começou a me deprimir a forma como as coisas estavam agora.

Mesmo quando eu estiver no Texas, não estaria salvo. É claro que, quem quer que esteja atrás de mim, não pararia. Harry é a minha única proteção. Mas do jeito em que as coisas estão indo, eu iria morrer de fome sob seus cuidados.

Ainda havia estradas desertas ao nosso redor. À nossa frente, entretanto, havia um pequeno prédio que começava a se erguer à medida em que o carro avançava. Deixei meus olhos vagarem, me erguendo com curiosidade e com a esperança de ser o que eu estava pensando. Para meu prazer, a grande placa do "Motel" -- ainda que estivesse fraca devido a luz do sol -- era visível aos meus olhos.

— Vamos fazer um desvio. Tenho que fazer algumas ligações. — Harry explicou. Olhei fixo para ele, vendo sua usual expressão entediada estampada no rosto. Sempre sério, nunca rindo ou sorrindo. Se não estava entediado, zangado ou irritado, ele estava com um sorriso cruel na boca.

Eu estava firme desde a última vez que ele gritou comigo, a poucas horas, usando um tom calmo no momento. — Como você vai fazer uma ligação? Estamos no meio do deserto. — Afirmei calmamente. 

O carro fez uma curva à direita, entrando em um estacionamento. Ao meu redor havia várias portas vermelhas, duas escadas que levavam ao andar superior onde tinham os quartos. Era um pesadelo. Eu não seria esnobe sobre essas coisas se não tivesse sido criado em luxo, mas fui criado bem demais para reclamar.  Mas, esse lugar era tão devastador de se olhar, nem "merda" era uma palavra suficiente para descrever esse lugar.

Harry parou o carro, tirando as chaves com rapidez. — Saia do carro. Vou arrumar um quarto para que você possa tomar um banho, comer alguma coisa, e depois de exatamente quatro horas, quando o relógio chegar às seis da tarde, partiremos.

Eu acenei a minha cabeça, seguindo suas instruções e saindo do carro. Enrolei meus braços em volta de mim mesmo, e olhei ao nosso redor. Meus lábios se separaram lentamente, enquanto seguia Harry com meu tênis de plataforma que eu ainda usava.

Acelerei os passos para poder ficar mais próximo dele, sentindo que em todos os lugares que eu estava, havia pessoas me observando. Seguimos até uma pequena janela onde um homem estava de costas para nós. Harry já estava tirando a carteira no bolso de trás, a arma ainda estava no outro.

— Com licença? — Harry perguntou.  Em vez de parecer educado, ele parecia agressivo.

O homem atrás do balcão se virou, seu rosto era tatuado e seus profundos olhos negros nos encaravam. Seu lábio era rasgado ao lado, provavelmente colocado no lugar em uma cirurgia para sua boca poder funcionar corretamente. A grande cicatriz marcava seu rosto permanentemente.

Meus olhos se arregalaram em choque, minha respiração engatou quando eu estremeci e, acidentalmente colidi meu corpo com o de Harry. Para minha surpresa, Harry nem se mexeu por causa do toque repentino. Por sorte, o homem atrás do balcão não pareceu notar minha reação, já que estava olhando para o Harry. 

Quando seus olhos se encontraram com os meus, engoli em seco . O jeito que ele estava olhando, me assustou um pouco. Eu sabia que ninguém é confiável quando dizem que alguém está sendo procurado. É difícil ver o bem em uma pessoa que te olha como se tivesse vontade de te devorar e com o rosto cheio de marcas. Eu quase consigo sentir a dor no meu rosto por vê-las no dele.