023

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♡.

Minhas mãos cruzaram-se no meu colo quando me sentei no banco do passageiro.  Harry colocou os dedos em volta do volante. Já faz um tempo desde que eu o vi essa posição. Ele -- como antes -- estava com a mão esquerda no volante e a outra repousava sobre a marcha. Os ossos de sua mandíbula se apertaram com força. Seus pálidos olhos verdes olhavam à frente na estrada. 

Olhei para fora da janela. As vistas eram lindas. Tudo em Florianópolis é tão perfeito. Inspirei profundamente e me virei para Harry para dizer: — Isso é tão bonito.

Harry acenou com a cabeça lentamente. — Eu suponho. — ele nunca se incomodou em desviar os olhos da estrada.

Um pouco de escárnio escapou dos meus lábios, os cantos se curvando em um sorriso. — Esta é a parte em que você diz como você é.

Ele começou a girar o volante, revirando os olhos e balançando a cabeça desta vez. — Fique quieto.

Chegamos a algum lugar na rua e ele estacionou o carro atrás de uma pequena loja. Saí do carro exatamente como ele fez. Como esperado, eu o segui pela calçada com meus olhos vagando pelas ruas. Tentei não ficar para trás, como fazia no passado. 

Todo mundo espiava ou olhava descaradamente onde Harry e eu passávamos. Eu me senti desconfortável, movi meus ombros e me apressei no ritmo. Harry andou pelas calçadas como se não fosse nada, com um brilho no rosto. Se era da luz do sol ardente ou de sua raiva, eu nunca saberia. Talvez ambos. 

Dois homens estavam sentados entre duas lojas. Eles estavam sentados e conversando alto, jogando um jogo de cartas. O grupo era composto por cinco homens, todos gritando e jogando dinheiro. Um cigarro estava na boca de um homem com cabelos pretos escuros e pele escura, seus olhos olhando para mim.

Eu estava andando atrás de Harry quando o homem parou o jogo de cartas e sorriu maliciosamente para si mesmo. Uma respiração ficou presa na minha garganta e eu tentei passar por eles com Harry bem na minha frente quando o homem se levantou e me agarrou. 

Ao toque dele, eu gritei e o ouvi falar. Sua voz era rouca, mas como eu não falava português, eu não fazia ideia do que ele estava dizendo. 

Ey, menino bonito, vamos nos divertir um pouco? — gargalhou severamente, meus olhos se arregalando com um exame mais atento de seu rosto. Uma cicatriz desceu da sobrancelha esquerda até a boca, o olho esquerdo caído por causa disso. 

Torci minha mão em seu aperto, estremecendo antes de ouvir a voz de Harry. 

Deixe ele ir agora ou eu vou atirar no meio dos seus olhos.

Eu engasguei com choque e terror. A frase de Harry deve ter sido uma piada para o homem, porque ele riu, e seus amigos riram atrás dele, divertidos. Mas então, os homens deram uma olhada em Harry e toda a diversão cessou em suas feições faciais. 

Os olhos escuros do homem se arregalaram em horror absoluto. — A tatuagem de cobra! Você tem a tatuagem de cobra! Aqui, toma o garoto, você é um homem horrível!

Harry apertou sua mandíbula e agarrou meu pulso com sua mão. Ele me levou com ele mais adiante na rua. Meus lábios se separaram e eu ofeguei de espanto. 

— O que ele disse que o deixou tão assustado? — perguntei-lhe apressadamente, agarrando seu pulso e tentando me soltar. — O que você disse a ele?

Ele continuou andando, a raiva visível em seu rosto. — Ele sabe para quem eu trabalho, é tudo.

— Como?

dust bones ➳ larry {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora