O começo e o fim

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Slade

Não conseguia parar de encarar minha filha, o quanto ela deve ter sofrido...eu iria contar a verdade pra ela...antes de ser atacado quando estávamos em Madri.

- Eu sou uma cientista, e meu sonho...meu sonho é desvendar o limite da mente humana, até aonde nosso cérebro aguenta? Eu apresentei minha tese e adivinha?-Helena sorri orgulhosa quebrando meu contato visual com Adriele que permanecia inexpressiva.
- Não faço ideia!-falo sarcástico olhando para a mulher a minha frente.
- Fui rejeitada! Então porque não tentar achar alguém que em desse uma chance? O que um homem não faz por uma mulher na cama? Foi fácil conseguir investidores, tão insanos como eu. Assim como conseguir cobaias...mais nenhum conseguia passar pela dor física e psicológica e os que conseguiam simplesmente enlouqueciam. Então, eu tive a brilhante idéia de fabricar minhas próprias cobaias, foram várias tentativas, vários caras diferentes mais nenhum conseguia me dar o que eu queria até você chegar, o temido assassino de aluguel, o mercenário famoso, além de gostoso é claro, te dopei é claro para você poder me dar o que eu queria. Quando eu descobri que estava grávida, tive que tomar cuidado redobrado. Adriele nasceu no meu apartamento, tive que aguentar essa pirralha até os 5 anos quando o cérebro já está praticamente pronto de acordo com meus estudos, a levei até o laboratório, e começamos os testes, primeiro a fiz pensar que você era o monstro que me largou...que eu apanhava... você tinha que ver a cara dela chorando por mim...ela estava cada vez mais perto de ser a cobaia perfeita, a dor psicológica dela era me ver chorar, então tudo pela ciência até apanhar eu apanhei...a dor física ela chamava por mim com medo e amaldiçoava o pai que a abandonou que abandonou a mãe dela, teve horas que ela chamava por você...fingir a minha morte foi necessário, estavam prestes a descobrir o que eu andava fazendo. Ra's e eu nós conhecíamos pois ele era um dos investidores, ele cuidaria da Adriele até eu retornar. E eu a observei durante todo esse tempo, desde a adolescência, juventude, a primeira morte que ela causou, o romance com o Oliver Queen, e os remédios que você chama de droga foram criados por mim...ela achava que diminuía a dor...mais isso era só pra reprimir o verdadeiro poder dela, e eu posso te garantir que não é nada igual ao que já vimos. E claro facilita ela a me obedecer. - Helena diz se servindo de mais bebidas.
Olho para  Adriele e deixo minhas lágrimas caírem.
A culpa era minha. Minha filha sofreu por minha causa. Se eu tivesse voltado.
-Por que está chorando?-Ra's se abaixa até mim e puxa meu cabelo - Isso foi só o começo! Olha pra ela...-ele aponta para Adriele que permanecia impassível - Depois de anos ela finalmente aceitou o que era...um monstro! Nos obedece em tudo.
-Ela não é um monstro, seu imbecil!-Falo irritado.
Eles não sabiam nada sobre a minha filha. Ela era uma heroína não uma assassina ou um monstro.
-

Cansei de você! - Ra's diz me soltando.
Eu me levanto passando as mãos em meus punhos e soltando meus pés, que doíam.
- Sempre quis ver uma luta entre pai e filha! Será que ela é melhor que você?-Helena pergunta.
- Não vou fazer isso!-Falo irritado.
- E vai fazer o que?-Ra's pergunta - Fugir como um covarde? Olha pra ela Slade. Olha pra sua filha. - ele pega meu rosto e me força a olhar para Adriele - Não sabe tudo o que ela passou? Tivemos que abrir a cabeça dela e torturar ela tanto que ela gritava por Deus, gritava por ajuda! Você tem parte nisso, hoje ela está assim por sua causa e hoje você vai morrer por causa dela, por ela, pelas mãos dela. E quando um dia ela recuperar a memória vai estar com as mãos manchadas pelo sangue do próprio pai. E tudo isso será por sua causa.- Ra's termina de falar e  me larga indo até, Helena sorrindo e depois olha para Adriele.
- Posso me divertir?-ouço pela primeira vez minha a voz da minha filha desde que cheguei aqui.
- Faça nosso convidado querida, ter uma morte bem lenta e satisfatória! - ele diz antes de sair com Helena e alguns dos capangas que estavam com ele.
Adriele olha pra mim por longos segundos.
- Eu não quero fazer isso!-falo.
Ela sorri retirando uma espada de suas costas e jogando ao meu lado.
- Um de nós tem que morrer!-ela sorri sarcástica.
- Não vou fazer isso, não vou matar minha filha!-falo esperando que ele caísse em si.
- Como se  me impedisse de te matar, laços não são nada além de algemas, estarei te libertando hoje. Bom,como se isso fizesse algum sentido a você, o cara que me abandonou! - ela ri após falar isso.
Ela avança em mim mais eu me desvio, pego a espada e fico em posição de defesa,ela vem pra cima de mim, e eu sempre tento me defender e não atacar, dou um chute nela a fazendo cambalear.
- Eu não quero te machucar!-falo irritado.
- Eu também não, só quero te matar!-ela diz me acertando um chute fazendo a espada voar longe.
Eu corro pra cima dela, tomando a espada da mesma apontando pra ela e lhe dando um soco, ela cambaleia caindo de joelhos.
- Cansei de ser bonzinho!-falo irritado - Você vai vir comigo agora!
Ela começa a rir, sua risada me causava arrepios, ela se levanta e limpa o sangue.
- Por que papai? Se é só o começo!- ela diz e seus olhos estão roxos em um tom assustador - Eu vou amar entrar na sua mente e vasculhar o seu passado, e sentir o seu medo.
Ela vem pra cima de mim, e eu me defendo a mantendo longe.
- Você não é assim, você é uma heroína Adriele, lembra? Dama das sombras, namorada do Oliver, o arqueiro. A garota que sempre...- desvio de um soco dela - A garota que sempre quer ser a dona da razão - seguro o pé dela que me daria um chute e a jogo na parede - A garota que me fez ser um cara melhor. - ela me acerta um soco na cara me fazendo cambalear.
- Quanto mais fala mais ódio me dá! Aquela garota era fraca e inútil!-ela diz me dando outro soco - Um lixo! - outro soco - Alguém digna de pena! Negava suas origens assassinas.  - outro soco.
Meu rosto doía e eu sentia o sangue escorrer da minha boca.
Ela me segura pela gola, e seus olhos se conectam nos meus.
Eu sabia o que viria, ela entraria na minha mente.
- Essa garota...-tento falar mais ela começa a me enforcar - Era tudo o que eu tinha, é tudo o que eu tinha!
- CALA A SUA BOCA!-ela diz apertando mais meu pescoço,depois me solta no chão.
Caio sentado escorado na parede.
Enquanto ela se afasta de mim, dando alguns passos pra trás colocando as mãos na cabeça, sua expressão é de dor, meu coração se aperta ao pensar em tudo que a minha filha deve ter passado.
Ela respira fundo e então me olha.
- Do que você, têm medo?-ela pergunta chegando perto de mim se ajoelhando a minha frente.
Ela olha no fundo dos meus olhos e eu sinto meu corpo todo doer, um grito escapa dos meus lábios.
Ela cai sentada no chão e algumas lágrimas escorrem dos seu rosto.
- O seu...o seu medo...o seu...medo ele...ele...-ela tentava dizer assustada.
Eu a olho por mas que,quase não conseguia enxergar pelos socos que eu recebi, sorrio pra ela enquanto agarro a adaga que havia pegado enquanto lutamos.
Ela parecia assustada, seus olhos procuram os meus.
- O seu...seu medo...-ela diz me olhando.
- O meu medo... é que a minha filha, nunca me perdoe. - falo sentindo algumas lágrimas caírem por meu rosto.
- Faz parar...faz parar!-ela diz colocando as mãos na cabeça - Eu tenho que matar, pra dor parar. Eu tenho que matar pra dor parar! - ela fica repetindo.
Eu me arrasto até ela.
- Desculpa o papai não ter estado aqui, pra fazer parar! Me desculpa ter sido tão covarde!-falo acariciando seu rosto.
Ela me olha ainda com as mãos na cabeça, suas lágrimas rolavam por seu rosto,e eu sentia as minhas também.
- Escuta...vai ficar tudo bem!-falo.
Ela olha pra mim e parece se acalmar.
- Pela primeira vez, o papai vai fazer isso parar. Fecha os olhos filha, fecha os olhos e não olha pra mim!
Ela relutante tira as mãos da cabeça, abraça os joelhos e deita a cabeça nos mesmos fechando os olhos.
- Me perdoa filha! Me perdoa por não ser um pai pra você. Você não é um monstro, Adriele...Eu amo você!
Ouço os passos e a voz do Ra's nos corredores, pego a adaga reunindo toda a minha coragem, a  enfiando em meu coração, sinto a dor me inundar e aos poucos meu coração ir parando.
- Fica com os... olhos... fechados... papai... está...a...aqui...
No final houve redenção para a minha alma.

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