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"E eu me pergunto por que, me pergunto para quê,
Por que continuamos voltando para mais.
São apenas nossos corpos?
Nós dois estamos perdendo a cabeça?
É a única razão
pela qual você está me abraçando  hoje à noite,
Porque estamos com medo de ficar sozinhos?"

• Dua lipa, scared to be lonely.

✨✨✨✨✨✨✨✨✨
~ Lisa

Saio do consultório perdida em pensamentos. Era isso que Jhon fazia. Ele me fazia ver através daquilo que eu jamais seria capaz.

Eu não estava bem e assumia aquilo. O que eu não conseguia aceitar de maneira alguma era aquela maldita caixinha lutando para abrir. Não existe essa possibilidade. Quanto mais espaço a gente dá para as pessoas na nossa vida, mais temos a perder e eu não tenho mais sanidade mental para perder ninguém.

Pego meu carro e dirijo sem rumo. Não queria ir pra casa, não queria ir para a empresa, não tinha pra onde ir. Droga, sinto falta das conversas com minha mãe, de discutir com ela pela mísera besteira que fosse.

Abraçá-la, sorrir verdadeiramente, até ir às compras chatas que ela insistia em fazer sempre que eu vinha de férias. Droga! Eu queria apenas respirar, achar o ar que venho perdendo há dias.

Eu tinha a Kate, mas estava cansada de enche-la com meus problemas. Estava tão perdida nos meus que mal sabia nada que acontecia na vida da minha amiga. Que espécie de amiga eu era? Tinha que corrigir isso.

Dirijo e dirijo sem rumo, pensando em mil formas de voltar ao meu normal. Jonas estava chegando e tínhamos mil coisas pra resolver. Kate estava sobrecarregada porque não fui trabalhar desde a sexta a tarde. Eu tinha que organizar minha vida e tinha que fazer isso logo.

Quando dou por mim, já estou no Brooklyn. Mas especificamente na Brighton Beach. Isso mesmo, eu estava numa praia pública. Mesmo evitando à mídia a vida toda, lá estava eu. Precisava de ar fresco, de pessoas se divertindo como se suas vidas fossem perfeitas. Zero problemas.

Pego a pequena mala que sempre deixo no carro para casos de emergência e procuro pelas peças necessárias. Me troco no banco de trás e saio vestida apenas  na saída de praia e no biquíni. Os nadadores, conhecidos popularmente como pé de pato, na mão. Era disso que eu precisava, nadar e deixar que todas as incógnitas se esvaíssem.

Caminho sentindo o frio da areia na sola dos pés descalços. Deixo a saída de praia no caminho e paro na beira da água. As ondas batendo levemente nas pontas dos meus dedos e me fazendo suspirar. Que saudade da praia, do cheiro salgado do mar. Eu não fazia há anos.

Definitivamente era disso que eu precisava. Água, praia, ondas. Qualquer coisa que me tirasse daquele merda que se encontrava minha vida. Eu iria voltar à rotina. Amanhã! Hoje eu queria apenas paz e uma mente sã.

O som calmo das ondas do mar,  com pequenos ruídos das pessoas fofocando no fundo. Elas que se fodam. Esse momento é meu. Ajoelho na beira da água e suspiro profundamente. Cheiro de maresia inundando minhas narinas. PAZ.

Sinto meu corpo inteiramente mais leve. Por um instante me esqueço de onde estou. Coloco os nadadores e sigo em direção ao equilíbrio que meu corpo precisa. A Adrenalina rodeando meus poros. Eu queria isso.

Eu precisava ser uma pessoa normal por alguns minutos. Somente alguns minutos, nada mais. Depois eu pensava nas consequências. O que era um peido em quem já estava cagado né? Sorrio fraco com a piada que vovô usava sempre quando eu aprontava.

Quando sinto que a água está alta o suficiente para que eu nade, mergulho. Os pés batendo em sincronia com a frequência das ondas que começa a acalmar todos os meus sentidos. Dessa vez, nenhum pensamento, nenhuma lembrança. Apenas eu.

Por um longo período fico naquela dança ritimada com o mar. Vejo algumas pessoas mergulhando com o celular ao redor. Pergunto-me se elas estariam fazendo isso se eu não estivesse aqui. Seriam jornalistas de jornais de fofocas? Homens desesperados para me ter? Quem sabe..

Saio da minha sessão de paz e volto para o carro. Vejo através das laterais dos olhos algumas pessoas tirando foto. Hipócritas. Só querem dinheiro com a foto. E lá estava ela, a pior cobra dentre todos que viviam da vida alheia, Nina Simons.
Provavelmente aquela maldita iria me detonar na sua próxima revista, mas não me importo. Finjo não vê-la, pego minha saída de praia e entro no carro fazendo o caminho de volta pra casa. Agora sim eu estava pronta para a batalha.

############# CONTINUA

Doce TorturaOnde histórias criam vida. Descubra agora