Capítulo 3

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- Não sabia que era alcoólatra. - Clara falou se sentando no lado do amigo que tinha uma lata de cerveja na mão - Eu sinto muito por sua mãe. - ela entrelaçou os braço com o dele e deitou a cabeça no ombro dele.

- Como me achou aqui? - Sullivan perguntou escorando a cabeça na dela. - Veio sozinha?

- Vim de táxi. - ela disse. - Me conta o que aconteceu,a Talula me mandou uma mensagem se eu sabia de você,imaginei que estaria aqui.

- Minha mãe...- ele começou a chorar. - Como vou viver sem ela. - ele ia beber mais da cerveja e Clara impediu ele.

- Não. - ela tirou a garrafa da mão dele jogando morro abaixo. - Minha mãe sempre diz que álcool e direção não combinam. - Sullivan revirou os olhos.

- Vai me contar o que aconteceu no velório? - ela perguntou acariciando o braço do amigo.

- O que aconteceu é que meu pai é um canalha. - Sullivan falou limpando as lágrimas. - Ele permitiu que a noiva dele fosse no velório da minha mãe...minha mãe Clara. - ele cerrou os dentes de raiva.

- Você não gosta dela? - Clara perguntou.

- Eu odeio ela. - Sullivan falou com raiva. - Odeio tanto que sou capaz de matar ela. - Clara se assustou com as palavras do amigo. - Eles diz que já não estavam mais casados quando conheceu a Rose,mas eu sei que é mentira.

- Faz tempo que eles estavam separados? - Clara perguntou abrindo a bolsa e retirando um chiclete de dentro,ela viu a luz do visor do celular acesa,sabia que era a mãe - Quer?- ela alcançou um para Sully.

- A primeira vez que se separaram eu era muito pequeno,minha vó me contou que eu tinha meses. - Sully começou a falar mascando o chiclete. - Mas acho que ele e a minha mãe ainda ficavam juntos,pois ela engravidou da T ( apelido de Talula),e então eles reataram o casamento.

- Mas eles se separaram de novo né? - Clara perguntou,ela sentia o celular vibrar dentro da bolsa. - Pois você disse que eles estavam separados.

- Sim,quando a T tinha uns quatro anos eles se separaram de novo,eu fiquei morando com minha mãe e a T com minha vó e meu pai,ela sempre foi mais apegada a ele. - Sully disse pegando um graveto do chão e rabiscando num pequeno espaço de areia. - Minha vó sempre falou que meu pai nunca superou um antigo amor,diz que era uma médica que ele havia se envolvido num hospital que ele trabalhava.

- Nossa que triste tudo isso.

- E você? - Sully perguntou fazendo um coração na areia. - Você tem pai,nunca falamos disso.

- Acho que devo ter,né? - ela riu,o sorriso típico de Meredith Grey. - Minha mãe fala que era um médico veterinário,mas fala muito pouco,se é eu não sei,mas eu nunca conheci ele.

- Você sente falta de ter um pai?

- Tipo,eu sinto que minha mãe faz de tudo para preencher esse vazio,de não ter um pai,ela é uma mãe maravilhosa,mas eu sinto falta de ter um pai. - ela disse triste.

- Eu também vou sentir falta da minha mãe. - ele falou com a voz trêmula.

- Você deveria se acertar com seu pai,a T sempre falou bem dele. - Clara disse pegando o graveto da mão dele.

- Não sei, é complicado,se aquela Rose não existisse nada vida dele,parece que tudo seria mais fácil.

- Mas ele é seu pai,eu faria de tudo para conhecer meu pai. - Clara falou desenhando a letra C dentro do coração e embaixo a letra S.

- O que você está desenhando?! - Sully perguntou olhando os rabiscos.

- A...Clara e Sofia,minha melhor amiga. - ela mentiu.

- A Sofia tem namorado?

- Porque?! - Clara perguntou apagando o desenho com os pés.

- Por nada. - Sully falou se levantando. - Vamos vou te levar para casa. - ele estendeu a mão ajudando ela se levantar.

- Vamos,trouxe outro capacete?

- Eu sempre tenho um de reserva no baú da moto. - ele abriu o baú, alcançando o capacete para ela.

- Você vai para casa? - Clara perguntou colocando o capacete.

- Não sei,acho que vou para minha tia Amy. - ele disse ajudando ela a fechar a tira de proteção.

- A que vai ser professora na escola?

- Ela vai fazer uma entrevista,se sua mãe contratar,ela será professora. - Sully colocou o capacete. - Ela é uma boa professora,teve problemas com álcool,mas já se recuperou,ainda frequenta o AA. - ele se sentou na moto ligando a mesma,Clara subiu e se agarrou a ele.

- Já andou de moto?

- Sim,minha dinda Cristina tem uma,mas minha mãe não gosta que eu ande,tem muito medo.

- Então se segura firme para não voar. - Sully falou dando partida,Clara se agarrou na cintura dele.

Clara se sentia segura com Sullivan,ela gostava muito dele,estava confusa com seus sentimentos.
Ela foi guiando o amigo até chegar em frente ao seu prédio.

- Uau,acho que vou começar a juntar minha mesada para comprar uma moto. - ela disse descendo da moto.

- É bom né. - Sullivan tirou o capacete. - Adrenalina pura,está com o nariz vermelhinho. - ele apertou o nariz dela de leve.

- Sim,está frio. - ela tirou o capacete e entregou para ele. - Me promete que vai se acertar com seu pai...

- Clara... é complicado. - ela baixou os olhos. - Nem vem com essa carinha de cachorrinho abandonado. - os dois riram.

- Promete. - ela fez um bico para ele.

- Aff,tá eu prometo que vou tentar. - ele disse se rendendo. - Até mais.

Os dois se abraçaram apertado.
Ela ficou olhando Sullivan dar partida se perdendo entre os automóveis,entrou no prédio e subiu,ela e a mãe moravam na cobertura.

Clara abriu a porta devagar,enfiou a cabeça para dentro,agradeceu que estava tudo escuro,pegou o celular na bolsa para clarear o caminho até seu quarto.

- Quem foi que te trouxe. - a luz se acendeu e Clara deu de cara com Meredith que olhava furiosa para a filha.

continua...

Consequências do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora