Destino Infeliz

Prólogo

Finalmente chegou o grande dia.

Estou suando frio, meu corpo treme a cada segundo que se passa e acredito que eu esteja parecendo um fantasma de tão branco. Camareiras passam por todos os lados da casa, tecidos brancos, flores dos mais variados tipos, um banquete delicioso está sendo preparado na cozinha e eu. Tão absorto e agitado com tudo ao mesmo tempo, não sei se ajudo, se sento ou se rezo.

Eu não lembro nem a porcaria do meu nome agora.

- Killian, meu filho! - meu pai se aproxima com um sorriso enorme no rosto e braços abertos - Que alegria, meu garoto. Quem diria, não? Você se casando!

- Se fosse há dois anos eu estaria arranjando um jeito de fugir daqui. - rimos juntos e ele me dá um abraço apertado.

- Fico feliz que tenha me ouvido, filho. Acredite em mim, essa é a melhor escolha da sua vida.

- Não tenho dúvidas disso. - ficamos observando toda a agitação da casa e, depois de alguns segundos, resolvo ser franco - Estou nervoso. - rio de leve.

- Fique tranquilo, Killian. Está tudo certo, será uma grande festa! E você poderá aproveitar sua noiva mais tarde. - ele gargalha e me dá uma piscadinha, enquanto eu abaixo a cabeça e fico vermelho.

Minha noiva.

A mulher mais linda que já vi em toda vida.

Só de pensar nela meu corpo estremece. Tão bela, gentil, engraçada, esbelta, cheia de curvas e mistérios que estou pronto para descobrir. Seu sorriso é claro e brilhante como a luz do luar, dentes perfeitos e lábios rosados, nem tão grossos e nem tão finos. Cabelos sedosos, longos cheirosos e coberto de cachos. Ah, eu perderia a vida penteando aqueles cabelos. Exatamente o que pedi como esposa, perfeita demais pra ser verdade. Acho que nunca estive tão feliz, não seria uma obrigação casar-me com ela, faria com enorme prazer no peito.

Antigamente eu não pensaria assim, estaria xingando mentalmente meu pai e toda sua linhagem, desejando ser um simples camponês ou criado, nada mais. Bateria o pé no chão e me recusaria a olhar no rosto de qualquer pretendente, mas depois que a conheci, mudei completamente de ideia. Sua humildade me conquistou, juntamente com aqueles olhos que mais parecem ser a porta do paraíso na Terra e, assim, concordei em passar o resto da minha vida com a mulher que amo. Não preciso que nenhuma cartomante ou mago me digam, eu sei que foi o destino que nos juntou, pois fomos feitos um pro outro.

- Senhor. - um criado chega perto de mim fazendo uma reverência - Prepare-se. O casório vai começar. - assinto e o suor volta a me perturbar.

Meu pai não fez questão que o casamento fosse na igreja, tanto a minha família quanto a dela são mais tranquilas em relação a isso, mas claro que teremos um padre cuidando da cerimônia e abençoando nossa união.

Caminho para as portas do salão principal onde o altar está montado e todos estão sentados, esperando ansiosos com seus vestidos gigantes e ombreiras douradas. O padre me olha e faz um gesto com a cabeça, anunciando minha chegada ao convidados. Eu, sinceramente, não sei como consegui manter a postura, jurava que meu joelho me trairia e me faria cair no meio de toda essa gente. Subo no altar e vejo meu pai, que sorri abertamente pra mim, me dando forças. Queria que mamãe estivesse aqui. Corro os olhos por todo o salão e vejo minha família quase chorando de felicidade mesmo antes da noiva chegar, reprimo um riso que tentou escapar meus lábios, sempre soube que vivia entre poetas e sentimentais. Diferentemente do lado esquerdo da sala, a família da minha futura esposa não parece muito animada, como se não fizesse diferença estar ou não ali. Respiro fundo e agradeço aos céus por ela ser totalmente o contrário deles: extremamente alegre e doce.