𝐇𝐀𝐓𝐄 𝐌𝐄 || payton moormeier

𝑎𝑞𝑢𝑒𝑙𝑒 𝑑𝑜 𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑎𝑚𝑖𝑔𝑜𝑠

Faltam dois dias.

É a primeira coisa que passa na minha mente quando abro meus olhos nessa manhã.

Eu não queria ficar sentida com isso, afinal, no início do ano eu fiz a mesma viagem pra França.

Mas agora é diferente.

Algo não quer me deixar ir à nenhum custo, mas eu não posso deixar minha mãe na mão.

- Bom dia amor. - Payton fala passando a mão no rosto.

Não ver esse rostinho todo dia vai ser tão doloroso.

- Bom dia flor do dia. - Respondo levantando da cama.

- Conversou com a sua mãe? - Ele pergunta e eu paro no meio do caminho.

Eu devia ter contado minha decisão ontem depois de conversar com Addison... Merda.

- Ainda não. - Respondo. - Vou ligar pra ela hoje.

- Ok... Ela vai ficar bem viu?! - Assinto sorrindo. - Vou lá no banheiro. - O mesmo levanta da cama e sai pelo corredor.

Entro no banheiro do meu quarto e apoio minhas mãos na pia.

O meu coração não parava de doer, como eu ia conseguir me despedir dele?

Como eu vou deixar meus melhores amigos pra trás, depois de tudo que passamos esse ano... Não vai ser fácil.

Mas hoje era o dia de finalmente conversar com a minha mãe.

Ia ser um peso a menos nas minhas costas, ouvir a voz doce e calma dela pelo telefone, me faz querer ter ela perto de mim cada vez mais.

(ligação on)

- Oi mãe. - Suspiro pesado quando ela atende.

- Oi April! Como vai aí? - Ela pergunta tentando se animar, e talvez esconder sua tristeza.

- Mãe, não precisa fingir que tá tudo bem... - Ela permanece em silêncio. - A Monique ligou.

- Ela ligou?! - Antes que respondesse ela continua. - Eu estou bem filha, prometo que eu vou ficar bem... O tratamento nem é tão caro, e eu sou forte.

- Mãe...

- Sim?

- Eu te amo. - Falo e escuto o choro baixo dela do outro lado da linha.

- Eu também te amo minha filha. - Responde e sinto os olhos lacrimejarem.

- Eu vou pra aí, daqui dois dias. - Falo e ela suspira aliviada.

- Tem certeza filha?! - Ela parecia preocupada.

- Claro mãe, eu vou cuidar de você melhor do que ninguém. - Respondo e ela ri fraco me arrancando um sorriso.

- Queria ficar mais filha, mas tenho uma consulta agora... Tenho que ir, beijos te amo.

- Beijo mãe, também te amo.

(ligação off)

Me sentia um pouco mais leve. Pelo menos eu tive uma conversa com a minha mãe antes de voltar pra Paris.

Eu amo Paris, eu diria ser minha segunda casa, mas dessa vez é diferente.

Não é como se fosse uma viagem de férias ou um intercâmbio... Eu estou indo cuidar da minha mãe.

De certa forma me confortava, sentir o abraço aconchegante dela novamente era um anseio do meu coração já há um bom tempo.

Virar essa página da minha vida não ia ser fácil, mas não era impossível.