Cap 61

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Christopher

Amanheceu tão rápido, eu nem sei dizer se realmente dormi. Cochilava e acordava toda hora. Eu me virei na cama a noite toda. Será que foram só as preocupações ou aquilo também tinha a ver com Dulce?

Ve-la e poder conversar foi tão estranho. Eu tenho sim, magoa, medo e uma certa frustração com ela. Mas aquela conversa foi calorosa pra mim, e eu tinha que repeti-la.

Antes que me arrependesse eu levantei. Escovei os dentes, troquei de roupa e sai de casa. Em pouco tempo seria o horário de visitas no hospital e eu tinha que ver como meu amigo estava.

Eu sai de casa em busca de Dulce. Eu sabia que através de Poncho e Anahi eu poderia encontrá-la. Mas eu preferí não dizer nada a eles. Todos iriam enxergar essa situação de outra forma e não é o que eu quero. Afinal nem sei se ela namora, ou é casada hoje. E não quero nem pensar nisso, ainda me abala.

Entrei no carro e fui procurando pelo velho Café Berlim que eu ainda não sabia que existia, e para minha surpresa, sim, o local era o mesmo. A faixada ja não é a mesma, afinal já se passaram 4 anos. Mas ainda era bem parecida.

Entrei com a esperança de vê-la logo de cara, mas não encontrei. Havia atendentes diferentes e o único rosto conhecido era o de Angel. Ela pareceu me reconhecer e eu me sentei já a solicitando até mim. Ela veio e se posicionou logo a minha frente.

(...)

— Bom dia Sr.. Acho que eu te conheço, você não é o...

— Christopher.. sou.. — rio — E, bom dia.

— Sabia que eu o conhecia... como está? — ela sorri amigavelmente

— bem e você?

— bem... — fica um silêncio e eu acabo o quebrando — pode me trazer um café?

— claro.. devo adoçar?

— não. Obrigado...

— Certo. Mais alguma coisa?

— Não... quer dizer... sim. — ela me encara — A Dulce por acaso ainda trabalha aqui?

— Ah.. — ela ri — Foi para isso que você veio não né?

— Não.. é que eu me lembro bem daqui, e dela... — eu jamais ia dar a entender que quero vê-la.

— Sei... — ela ri outra vez. — Ela saiu já tem mais de ano. Começou a trabalhar na área que formou.

— Ah.. claro... — aquilo me frustrou mais ao mesmo tempo me deu um certo orgulho, de ver que ela conseguiu lutar pelo que queria...

— Quer o telefone do escritório dela? Eu imagino que queria conversar, nunca mais te vimos, até achei que nunca fosse voltar... — ela diz arregalando os olhos.

— Ah.. bom obrigado. Eu vou querer sim. — confesso que não gostei da forma como ela disse. Acho que para as pessoas eu era esse tipo de cara pop star intocável. E não era bem assim.

— Eu vou buscar seu café e já trago o cartão , tá bem?

— Está bem... — sorrio.

Enquanto ela não voltava, eu comecei a pensar em tudo que me levou a ter a vida que tenho nesses últimos anos.

Pra começo de conversa eu consegui sim crescer no meio artístico. Mas desde sempre eu não tive uma boa base psicológica. Depois que Dulce rompeu comigo, eu sofri e não foi pouco. Mal tinha forças pra sair e cantar.

Meu sorriso sobre os palcos não era 100% verdadeiro. Eu estava feliz pela música, enquanto meu coração estava quebrado pela sua ausência. Eu tentei, juro que tentei amar outra vez. Mas foi impossível.

Ela nunca saiu dos meus pensamentos, mesmo eu fazendo de tudo.

Angelique voltou e eu tomei meu café ainda mais pensativo. Olhei seu número e estava pensando se a procurava ou não. O que ela poderia pensar ou de repente querer de mim?

Paguei o café e dirigi até o hospital. Antes de resolver se eu iria vê-la ou não eu tinha que encontrar meu amigo e saber do doutor como seriam as coisas. Alguns exames ficariam prontos hoje e acho que eu estava mais ansioso pelo resultado do que ele mesmo.

(...)

— Então Dr. o que me diz dos exames dele?

— Bom, Christopher ele teve uma melhora significativa, pouca, mas isso já ajuda. — eu suspiro agradecendo a Deus — mas ainda se encontra em uma situação bem complicada. As duas pernas foram muito afetadas e ele precisará de muito tempo de repouso e fisioterapias como já havíamos conversado...

— Mas.. então ele vai voltar a andar normalmente?

— Ainda não sabemos. Mas tudo leva a crer que sim, mesmo que demore. Você precisará de alguém para ajudá-lo com ele, essa recuperação é bem delicada, lhe recomendo que trabalhe muito a sua mente. Como amigo dele você precisará ser duro quando ele pensar em desistir, pois isso sempre passa pela cabeça dos pacientes...

— Eu imagino, não deve ser nada fácil entender que não se pode ou não se deve fazer algo tão simples e o óbvio como andar ou se mexer...

— É.. mas de resto ele se encontra bem, agora que já conversamos você pode vê-lo um pouco, certo?

— Está bem Dr... muito obrigado. Qualquer dúvida eu o procuro.

— Estou a disposição... — ele se afasta e eu entro na sala para visita-lo.

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SENHORITA | Vondy Onde histórias criam vida. Descubra agora