Cap 63

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Dulce

Desde o momento em que cheguei no restaurante, eu notei que havia algo diferente no ar. E avistei Christopher sentado já me observando, e deve ser por isso que eu me sentia tão incomodada, ou estranha.

Fizemos o pedido e eu já notei seu flerte. Parecia que não havia acontecido nada entre nós, não havia mágoas, passado. Tudo sumiu.

A comida chegou e continuamos conversando. Eu estava curiosa pra saber porque ele queria me ver e tudo mais. Enrolei até começar a perguntar.

(...)

— Eu fico feliz que você esteja bem hoje, de verdade. — ele dizia.

— Pois é. Eu não digo que tenho a vida perfeita, pois pra isso ainda faltam algumas coisas... — eu olho para baixo.

— O que falta Dulce? — ele aproxima seu tronco da mesa e me encara firmemente.

— Ah.. não sei... — sorrio sem graça e reviro os olhos — ainda faltam algumas coisas.

— Eu me espanto por saber que você não tenha ninguém hoje, realmente você tem tudo pra ter um bom homem contigo Dulce...

— Desculpa, eu não queria falar sobre isso... — fico envergonhada e incomodada com aquele assunto. Será que era só isso que importava pra ele?

— Está bem, desculpe. Você sabe que eu sempre digo o que me vem na cabeça...

— É... — desvio o olhar e depois volto a encara-lo — Christopher, quero que me diga o que exatamente fez você me procurar, depois de ontem.

— Eu... precisava conversar. Não me senti bem com tantos problemas. E minha última lembrança de uma boa conversa era com você... — me olha com sentimento e meu coração gela. — você sabe que voltei ainda pouco, minha vida não foi construída aqui nos últimos anos, eu realmente preciso de amigos e pessoas que eu goste perto de mim. E mesmo sabendo que um dia não terminamos tão bem, eu sabia que poderia ter você ao meu lado, como uma.. amiga... sabe... — eu engulo seco

— Bom... eu agradeço e fico feliz de saber que você ainda se sinta bem comigo. Mas não pode esquecer que foi doloroso e ainda é estranho, tudo isso...

— Sim... eu não estou pedindo pra voltar com você nem nada disso, até porque mesmo você solteira não significa que esteja só. — eu engulo seco outra vez, só falta ele saber da existência de Bruno...

— Tudo bem, eu entendi. Mas... e voce, porque não quis mais outros relacionamentos? — eu pergunto.

— Eu não tinha tempo, nem coragem, sabe? Depois que fiz você ficar magoada eu temi causar isso em outras pessoas, e fora que eu também fiquei muito abalado com sua ausência. — ele me diz olhando nos olhos, sinto até um arrepio. — enfim, eu vou precisar de apoio nesse momento com Luiz, e a única pessoa que eu consigo pensar.

— Quer que eu te ajude com ele?

— É... na verdade eu não quero pensar que não tenho com quem contar. Eu já atolei meu primo demais em toda vida, sinto que ele tem mágoa de mim.

— O Poncho? Acho que não... — digo franzindo a testa.

— Ele pode até não dizer, mas eu sei, eu sinto...

— Bom, é o que você diz. Mas eu estou disposta a te ajudar. Não cheguei a conhecer seu amigo de fato, mas como eu sempre adorei esse universo da saúde, vou te ajudar com a enfermeira e com os cuidados necessários...

— Faria isso? — seus olhos brilharam.

— porque não faria? Você está precisando, e quando um amigo precisa, eu ajudo. — chamá-lo de amigo era estranho, mas eu não tinha a menor condição de misturar as coisas, já sofri demais.

— Muito obrigada mesmo, Dulce. Eu nunca tive dúvidas de como você era linda por dentro e por fora. Eu juro que não saberia nem por onde começar... — ele sorri e pega na minha mão, me causando ondas de arrepios pelo corpo, sua mão ainda era macia e em contato com a minha eu até pulei na cadeira.

— Entao.. ficamos combinados assim, até semana que vem já teremos alguém encaminhado para ajudá-lo. — eu digo me ajeitando. — foi muito bom conversar, mas eu realmente preciso ir...

— mas... está cedo, não quer nem a sobremesa? — ele diz meio triste.

— Eu tenho que ir, mesmo... — digo.

— então eu lhe acompanho até a saída, vou também. — ele insistiu muito e acabou pagando a conta, eu fui em direção ao estacionamento no restaurante e ele veio logo atrás.

— Foi bom te ver. — digo lhe olhando.

— digo o mesmo. E obrigado, mais uma vez... — ele se aproxima.

— por nada... — eu sorrio me afastando e ele percebe. — então até mais...

— Até, boa noite Dul..

— Boa noite. — Eu aceno e entro no carro. Estava tremendo e com medo do que estava por vir.

Christopher estava ainda de pé me olhando, não consegui nem olhar para o lado. Só dei partida acenei outra vez. Meu medo era que ele voltasse a despertar em mim todos os sentimentos que eu já senti um dia. Mesmo achando que ainda estou com ele aqui dentro do peito.

Segui para meu apartamento, sem pressa,
Eu ainda estava nervosa depois de sua aproximação e daquele jantar. Ele realmente queria minha ajuda e precisava de mim. Algo me dizia que não era só isso.

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SENHORITA | Vondy Onde histórias criam vida. Descubra agora