Nos dois anos seguintes, Zack, Ryan, Dorian e Justin se tornaram meus amigos, já que agora me escoltavam constantemente do instituto à UMR e de volta. Zack era o mais engraçado, convencido e irônico deles. Acabei considerando-o um amigo mais próximo do que os demais, era o que mais falava comigo, me provocava, apanhava de mim... Enfim, adorava estar com ele.
O todo poderoso mal-humorado, me convocou várias vezes para ver Aria, para quem levei (de contrabando), sabonetes, cremes dentais, escovas de dentes, roupas de doação que pedi às pacientes, sapatilhas médicas do número dela e uma toalha que eu trocava a cada visita.
Na segunda visita, vi uma passagem e investiguei, descobrindo que era um banheiro tosco. Havia um buraco no chão para as necessidades fisiológicas e uma pequena queda d'água em uma parede próxima para ela usar de chuveiro.
Eu já estava cansada de tanto conversar com a garota. Ela permaneceu no mesmo lugar por dois anos inteiros!
— Como você aguenta ficar aqui sem fugir? – Me indignei na última visita.
— Não é tão ruim. Eles me trazem comida, o homem das sombras abre uma passagem para luz solar por quase uma hora inteira todos os dias e fez nascer aquelas pequenas árvores ali. – Ela apontou algumas árvores frutíferas, carregadas de frutas suculentas no canto sombrio da grande cela em que ela ficava sozinha – Ele também traz livros de vez em quando, então não fico ociosa o tempo todo.
— Mas está confinada na mesma caverna por dois anos! – Rebati – Eu já teria dado um jeito de fugir daqui há muito tempo.
— Você não tem problema em usar armas, Íria, eu tenho. – Ela se retraiu.
— Aria. – Exalei – Não percebe que é você que tem que sair daqui sozinha? Não pensou que quando se desenvolver fisicamente seus captores vão tentar abusar de você? Não sei se o homem das sombras pode...
— Não pode. – Ela me interrompeu – Ele já me disse as mesmas coisas – Ela chorou – Você e ele sempre me dizem as mesmas coisas! Os dois vivem me falando para fugir, para matar, para me defender. Ele me ataca com a espada de madeira e grita comigo para me defender, para aprender a lutar... Mas nenhum de vocês tem ideia do que sinto! Do que é paralisar de medo! Não conseguir reagir!
— Calma! – A abracei, suspirando – Tudo bem. Tudo bem. – Esfreguei a mão direita em suas costas acalmando-a – Vou ver o que posso fazer, tá legal?
— Vai convencê-lo a me ajudar? – Ela me olhou esperançosa.
— Não contaria com isso, no seu lugar. Ele me ouve ainda menos que você. – Fui sincera.
— Então o que vai fazer?
— Bem, ele nos chama de híbridas, no meu caso sei a razão. Descobri algumas coisas sobre nós e acho que posso ter uma ideia.
— Vai pedir que me ajudem?
— Pelo que entendi da sua situação até agora, não acredito que adiantaria. Não, Aria, vou apenas pedir para que não me atrapalhem, vou tirá-la daqui.
— Mas...
— Não se iluda, não sei se não vão me prender também e provavelmente não vai ser antes do nosso desenvolvimento físico. Mas estarei pronta até lá.
— E se me desenvolver antes de você?
— De acordo com o que estudei, só acontece depois do nosso aniversário de dezoito anos e o meu é antes do seu. Então é pouco provável, além de viver pelas regras de idade humana, então de qualquer forma serei considerada adulta, mesmo não tendo crescido. Não fará diferença para vir te buscar.
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Valquíria Mares
De Todo**** OBRA CONCLUÍDA **** Agora vocês perguntam: Quem é você? E eu respondo: sinceramente também gostaria de saber. Fui criada apenas sabendo meu primeiro nome: Valquíria. Minha mãe, só me permitia chamá-la de "mãe", então não sabia seu nome. Meu pai...