Capítulo 15

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Depois disso ele concordou em me levar para conhecer o resto da casa. Saímos do quarto, com ele me apoiando pela mão, e pude ver outra porta de frente, que ele apresentou como seu escritório, passamos por mais uma porta do mesmo lado do meu quarto e ele disse que era o quarto dele. Seguimos por um curto corredor, com apenas mais uma porta do lado do escritório, onde ficava o lavabo, e entramos em um espaço amplo e lindo.

Uma cozinha em plano aberto estava a nosso lado esquerdo e do lado direito o cômodo continuava com uma mesa de jantar e depois dela uma aconchegante sala com lareira, grandes e confortáveis sofás pretos dispostos de costas para enormes janelas que mostravam uma visão privilegiada da praia.

— Aqui é realmente lindo. – Elogiei, enquanto ele me levava até o sofá e me sentava.

— Também gosto, a decoração deixei a cargo da minha cunhada... Na verdade não tive muita escolha. Ela simplesmente se meteu no projeto e quando vi, já estava tudo pronto. – Ele riu.

— Ela fez um ótimo trabalho.

— Realmente. Não posso dizer que não gostei do resultado.

Conversamos por algum tempo, depois ele preparou um prato que eu salivava só de sentir o aroma, mas esperei pacientemente, sentada no banco alto da ilha da cozinha, enquanto o via se movimentar entre a pia, fogão, geladeira etc.

Senti um arrepio familiar na nuca e me virei para olhar pela janela da sala. Longe, já na água, o vi. Meu pai. Em pé, de braços cruzados no peito e olhando diretamente para mim. Olhei para o homem lama, mas ele estava de costas, ocupado com a comida. Olhei de novo para o meu pai e acenei para ele que estava tudo bem, ainda mandei um beijo para ele no ar. Ele assentiu e voltou a entrar na água.

— ...O importante é marinar adequadamente antes de trazer ao fogo. – O homem lama continuava uma explicação que não ouvi o início.

— Até parece que tenho tempo para isso. – Tentei dar continuidade ao assunto – Quando não estou trabalhando, estudando ou treinando tudo que consigo fazer é dormir.

Ele riu. Sem perceber o que ocorrera às suas costas momentos antes. Serviu os pratos que comemos na ilha, depois me ofereceu suco de uva e olhei com a sobrancelha erguida para sua taça de vinho.

— Não sei se está bem o bastante para bebidas alcóolicas. – Ele interpretou meu olhar.

— Que seja! – Exalei.

Ainda conversamos mais um pouco, mas logo eu voltava para a cama.

O dia seguinte transcorreu bem. Não precisava mais de ajuda para me locomover e a tontura só aparecia quando mudava de posição muito rápido. Avaliando clinicamente, ainda teria alguns dias de recuperação dos últimos resquícios da minha desventura, mas já estava bem o bastante para voltar ao trabalho.

Só no final do dia ele me levou até a UMR, onde me deixou escoltada por Zack.

— No que exatamente se meteu desta vez? – Zack me provocou.

— Ah, você sabe... Psicopatas, tentativas de estupro e assassinato... O de sempre. – Brinquei.

— Você realmente é interessante. – Ele sorriu para mim.

— Claro que sei disso. – Rebati e nós dois rimos.

Passei na sala de Rosa para me despedir, antes de pegar a nave que chegaria em dez minutos, segundo ele. Agora vestia minhas próprias calças, lavadas, e minhas botas. A camiseta era nova, vez que Denis rasgou a minha no ataque. Mas estava me sentindo mais eu mesma.

Rosa estava desesperada. Me abraçou, beijou meu rosto, me pedia desculpas sem parar. Até que lembrei a ela de que não fora sua culpa. Eu mesma convivera com Denis em todos os eventos e trabalhos por tantos anos e não notei sua perversão, como ela poderia ter adivinhado?

Valquíria MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora