Capítulo 27

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Descemos da nave e um séquito de mulheres vinha em nossa direção. Reconheci a primeira da fila imediatamente.

— Que merda! Só pode ser piada. – Praguejei baixo.

— O quê? – Tânis cochichou me olhando. Apenas neguei com a cabeça, pois elas se aproximavam.

Me mantive quieta, então ouvi Tânis ao meu lado falar com o séquito.

— Rainha Verena. – Ele se curvou.

— Rei Tânis. – A mulher assentiu para ele e olhou para mim.

— Oi mãe. – Cruzei os braços sem me curvar.

— Mãe?! – Tânis rapidamente desfez sua mesura para olhar surpreso para mim e depois para a rainha.

— Valquíria. – Ela disse simplesmente, nem um pouco satisfeita em me ver – O que a faz pensar que tem o direito de estar aqui?

— Não penso. Não viria por vontade própria, mas não tive escolha. Não se preocupe, tenho um aviso importante e só. Depois nunca mais vai me ver, prometo.

— Majestade, isso é completamente irregular. – Outra mulher se manifestou ao lado dela – Ela não tem direito de falar com a senhora ou com o conselho sem ser provada.

Eu ri e meneei a cabeça.

— Desdenha de nossos costumes criança? – A mulher se voltou para mim.

— Não preciso falar com nenhuma de vocês, senhora. O rei Tânis quem precisa. O protetor natural de vocês é ele e não eu. Mas não vou atrapalhar. – Então me dirigi a ele – Quer que aguarde na nave?

— Valquíria! Você não vai chegar em minha casa, ser desrespeitosa e simplesmente se virar e ir embora. – Minha mãe falou autoritária.

— E o que quer que eu faça? São suas regras que dizem que não posso falar com você. Linguagem de sinais? – Ergui a sobrancelha e senti Tânis apertar meu braço.

— Íria, por favor. – Ele pediu baixo. Mas é claro que minha mãe ouviu.

— Íria? O rei dos predadores chama a minha filha de Íria. – Ela se indignou e comecei a vê-la ficando vermelha.

— Por quê? Não usam apelidos neste lugar? – Ergui a sobrancelha – Bem, no reino dele eu tenho vários, acredite, esse é o mais normal.

— O que você se tornou, Valquíria? – Ela estreitou os olhos para mim.

— Bem, se dependesse do lugar onde me deixou seria escrava ou prostituta, mas escolhi medicina, é mais limpo. Então se quiser formalidades, Doutora Mares, por favor.

— E desde quando seu sobrenome é Mares, Valquíria? – Ela ergueu a sobrancelha para mim.

— Desde que o meu pai me deu ele. – Rebati desafiadora.

Essa foi a primeira vez que vi minha mãe realmente surpresa e de olhos arregalados. Sua vermelhidão de nervoso até sumiu.

— Quando viu Tristan? – Ela exalou, mais calma e notei algo em sua expressão que não sabia definir, mas de alguma forma aquilo me desarmou um pouco e deixei o sarcasmo de lado.

— Cinco anos atrás. Ele me encontrou, como sempre. Desde então, nos vemos de vez em quando em Brice. – Contei calma.

— Você vai passar pela provação e então temos muito que conversar – Ela suspirou e olhou para o mar, bem ao lado do pátio.

— Senhora, ela não tem idade... Olhe para ela! Não tem nem tamanho para isso. – Uma das outras mulheres do séquito se manifestou.

— O que eu te disse? É automático. – Comentei olhando para Tânis e ele sufocou uma risada.

Valquíria MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora