Capítulo 41

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— Saul, isso é um SUV, cabeçudo! – Observei, enquanto ele colocava minha mala no porta-malas do carro.

— E um veículo que atinge trezentos e oitenta quilômetros por hora em terra, além de submergir e se guiar por velocidade ainda maior no mar. – Samir respondeu por ele – Agora se já parou de enrolar, não temos tempo, baixinha.

— Tá! Que seja, vamos. – Decidi entrando pela porta que Samir mantinha aberta para mim.

Entrei no banco de trás, com Oxley nos braços e só então me lembrei do gato. Saul assumiu o volante e voltei a falar.

— Como exatamente isso vai funcionar? – Ergui a sobrancelha para eles – Por que isso aqui – levantei Oxley – é um gato. E eles não se dão muito bem com água. Já é um inferno apenas dar banho nele.

Os dois gargalharam, enquanto Saul dava partida do carro e saia rumo à estrada leste.

— Meer não é totalmente submersa, pouca sombra. – Saul revelou – A parte onde moramos é na superfície. Não se preocupe, seu gato não vai morrer afogado. É até que bem seco lá.

— Obrigada aos dois por sempre se lembrarem de me contar as coisas. – Reclamei e eles riram de mim.

Saul aumentava a velocidade a cada poucos metros e eu já estava agarrada no banco e no gato, enquanto Samir se alternava entre rir e me olhar assustada no banco de trás. Ele seguiu a estrada até outra cidade, que se me lembrava bem da matéria de geografia era Marselha, se dirigiu para uma parte da praia desabitada, onde simplesmente foi em direção ao mar.

Evitei comentar, mas apertei Oxley nos braços quando o carro afundou na água, porém em seguida entendi a expressão de Samir, ansioso esperando minha reação.

O carro simplesmente submergiu suavemente e continuou como uma nave subaquática. O interior ainda permanecia completamente seco e com ar circulando por um sistema silencioso.

Ox pulou do meu colo na janela para dar uma patada em um peixe que passou do outro lado do vidro e ri.

— O que achou? – Saul se virou para mim perguntando com um sorriso no rosto.

— Adorei, é claro! – Ri, vendo Oxley pular por cima da cabeça de Samir para tentar bater a pata em outro peixe, agora através do para-brisas.

— Ei carinha, se controla! – Samir riu, segurando o gato quando corria pelo painel perseguindo um cardume que passava do lado de fora do carro.

— Acho que Oxley e veículo subaquático não combinam muito bem. – Opinei rindo de Samir que tentava segurar o gato alucinado, querendo caçar os peixes em todas as janelas.

— Acho que vou ter que concordar. – Saul gargalhou quando Ox arranhou a mão de Samir para soltá-lo e pulou no para-brisas de novo.

Oxley demorou um pouco, mas finalmente perdeu o interesse nos peixes, que não conseguia pegar por mais que tentasse, e acabou dormindo no banco ao meu lado.

A viagem foi fantástica, Samir e Saul foram o caminho todo me contando histórias dos lugares por onde passávamos.

— Saul, se uma parte de Meer não é submersa, por que antes da minha revelação se preocupou quando eu disse que queria vir? – Me lembrei de perguntar.

— Porque sabia que ia querer ter a experiência física de passear pela cidade toda de Meer e sem poder respirar submersa seria um pouco desconfortável, não apreciaria totalmente. Te conheço o bastante para saber que não ia ficar satisfeita, digamos que a parte submersa de Meer à primeira vista é impactante.

Valquíria MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora