Capítulo 36

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Acordei com Valéria me sacudindo.

— Sério que está tão desmaiada assim? – Valéria reclamava – Levante-se, temos que ir para o templo das águas, Maitê que vai ensinar o que precisa saber sobre si mesma.

— Tá, estou indo! – Bocejei.

Me levantei, percebendo que dormi demais porque meu foco estava desligado. Claro que sabia quem fez isso. Fui para o banheiro tomar um banho rápido para tirar o absorvente e verificar a ação da pomada.

— Para alguém tão envergonhada é uma surpresa que durma apenas de calcinha. – Valéria comentou me seguindo.

Então viu o absorvente através da calcinha transparente.

— Miniatura, amazonas e híbridas não usam absorventes. – Ela ergueu a sobrancelha para mim.

— Talvez as que acabaram de perder a virgindade devessem usar. – Rebati, tirando a calcinha para verificar e quase gargalhei do rosto dela me olhando com os olhos arregalados.

— Me conta tudo! – Ela mandou.

— Até parece. – Descartei.

— Não vou te dar paz até me contar. Vamos, pode desembuchar. Vou infernizar e sou capaz até de me enfiar na nave de Tânis com vocês para Zarov. – Ela ameaçou.

Revirei os olhos e entrei no banho. Durante o banho, enquanto examinava a região, grata pela ação rápida da pomada, contei sobre minha visita noturna, claro que não dividiria os deliciosos detalhes, mas pelo menos ela não me atormentaria mais.

Terminei meu banho e Valéria foi comigo ao closet para escolher um vestido para mim.

— A tradição de vocês não era específica? – Ergui a sobrancelhas para ela quando me passou um vestido que não era transparente.

— Bem, ninguém nunca perdeu a virgindade com um imortal, amazona portátil. Não acho que seu amante, gostaria que a fizéssemos desfilar por Sandrya com o corpo à mostra. O matriarcado e as sacerdotisas decidiram que mesmo sem realizar seu rito de passagem deveria deixar de usar a transparência para não o provocar.

— Estou cada vez mais feliz por ter sido sua escolhida. – Ri.

— Mamãe me contou do anel. Não sei se ficaria tão feliz no seu lugar.

— Certamente porque não esteve na cama com ele.

— Talvez. – Ela finalizou sem muita certeza.

Valéria me levou ao salão de refeições onde pudemos tomar café da manhã e seguimos para o templo.

Maitê estava preocupada, mas não me falou nada. Apenas se concentrou em me falar sobre minha condição.

— Então existem dons diferentes de domínio da água? – Me surpreendi.

— Sim. Para descobrir todos os seus tem que ser capaz de passar pelos templos elementais. Já sabemos que respira submersa e que comanda a água, porém, para outros dons deve ser aprovada pelos deuses.

— E minha ligação com o submundo? Ainda não entendi o que determinou isso.

— O guardião imortal é empático. Sente e manipula as emoções das pessoas. Não sentimentos duradouros, como amor por seus pais, por exemplo, mas o que está sentindo no momento. Ele pode potencializar ou bloquear. Sua afinidade com ele é essa, não pode manipular as emoções diretamente como ele, mas pode sentir as pessoas à sua volta e manipulá-las através dos argumentos certos, levando-as a fazer o que quer.

— Ele sente também?

— Sim, querida. Esse é seu principal poder.

— Merda! – Enrubesci.

Valquíria MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora